O ministro da Economia, Paulo Guedes, atuou como uma espécie de fiador de negócios suspeitos de fraude, segundo documentos de fundos de pensão analisados pelo Ministério Público Federal (MPF). As transações teriam sido feitas por uma de suas empresas com entidades de previdência patrocinadas por estatais. Segundo a Folha de S.Paulo, Guedes diz que não tinha protagonismo nos negócios.
De acordo com relatórios da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), a fundação previdenciária dos empregados da Caixa, a experiência de Paulo Guedes compensaria a falta de segurança e de garantia dos investimentos.
O ministro é descrito como pessoa-chave no controle da destinação dos recursos. Os documentos dizem que caberia a ele “participar ativamente das estratégias de investimento e desinvestimento”.
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A resposta de Paulo Guedes
A defesa do ministro afirmou à Folha “a legalidade e a correção de todos os investimentos dos fundos que, diga-se de passagem, têm sido lucrativos aos cotistas, incluindo os fundos de pensão”. Seus advogados informaram que foi apresentada ao Ministério Público Federal “vasta documentação e petição comprovando a diligência, a lisura e a lucratividade dos investimentos”. “O ministro, aliás, se colocou à disposição dos órgãos investigatórios”.
Investigações contra Paulo Guedes
O ministro de Jair Bolsonaro é alvo de três investigações, na Polícia Federal e na Procuradoria da República do Distrito Federal. Elas apuram indícios de gestão fraudulenta ou temerária ao captar a aplicar R$ 1 bilhão de sete fundos de pensão. Além da Funcef, estariam envolvidas a Previ (Banco do Brasil), a Petros (Petrobras) e a Postalis (Correios).
A suspeita é de que as transações geraram ganhos excessivos a Guedes, em detrimento das entidades que injetaram o dinheiro, responsáveis pela aposentadoria complementar de empregados das estatais. Para administrar os recursos, Paulo Guedes criou a BR Educacional Gestora de Ativos. Investigações indicaram que, apesar da alta cifra captada, essa empresa não tinha experiência para as atividades.
Além disso, pelas investigações em curso, a empresa recebeu R$ 62,5 milhões do FIP BR Educacional. Não havia patrimônio líquido, histórico de faturamento ou qualquer outra garantia. O roteiro de investimento, iniciado em 2009, terminou 2015 com prejuízo de R$ 22 milhões aos fundos de pensão, de acordo com a força-tarefa. Os valores foram atualizados pela Selic.