Paulo Guedes: BC irá “chuveirar dinheiro” caso haja depressão econômica
Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, o Banco Central (BC) irá “chuveirar dinheiro na economia inteira” se o Brasil entrar em uma depressão econômica devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A declaração foi realizada no último sábado (9) em uma live organizada pelo Itaú Unibanco (ITUB4).
Paulo Guedes disse que, em caso de depressão, a autoridade monetária central do País poderia fornecer liquidez para companhias e pequenas empresas. “Vamos chuveirar dinheiro na economia inteira se houver depressão, se houver uma demanda infinita por liquidez”, afirmou.
O ministro, no entanto, diz acreditar que a atividade econômica do País terá uma recuperação em “V”, isto é, uma retomada instantânea, já que os sinais vitais econômicos permanecem intactos.
Na última quinta-feira (7), o Congresso aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra, o que separa gastos extras e medidas emergenciais para ajudar no combate do coronavírus, abrindo a possibilidade do BC poder comprar ativos do setor público e setor privado.
Até o momento, porém, é mais provável que a economia do Brasil apresente uma recuperação rápida, impulsionada por taxas de juros mais baixas, segundo o ministro. Na última quarta-feira (6), o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa básica de juros da economia (Selic) mais uma vez.
O corte, de 0,75%, foi maior do que o mercado esperava, que era de 0,50%, trazendo a Selic para 3%, sua nova mínima na série histórica.
O chefe da pasta econômica salientou que, para impulsionar a economia no período pós-crise, o governo pode elevar os gastos públicos em infraestrutura, mas que isso depende do quanto será possível economizar em outras áreas.
Guedes, durante a entrevista, aproveitou para justificar as constantes críticas do presidente Jair Bolsonaro ao isolamento social para contenção do coronavírus, medida amplamente implementada por governadores e prefeitos. Bolsonaro preza pela volta da atividade econômica o quanto antes.
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“Não é hora para ter briga, não é hora, temos que estar unidos, somos brasileiros todos, quer dizer, agora é uma hora realmente para estarmos juntos para combater”, disse o ministro.
O chefe da pasta econômica acrescentou dizendo que “mesmo as brigas que acontecem eu interpreto muito mais como as lutas do desespero”. Se está todo mundo trancado em casa, o presidente [diz] ‘pelo amor de Deus, pensem na produção, se não daqui a pouco vai vir uma depressão e vai piorar muito'”, justificou.
“É muito mais um desespero do presidente com a situação que pode se desenvolver se nós não percebermos que precisamos das duas asas”, afirmou Paulo Guedes, referindo-se à saúde e à economia.