Em relatório divulgado na última sexta-feira (25), o Goldman Sachs (GSGI34) manteve recomendação neutra para as ações do Pão de Açúcar (PCAR3), com preço-alvo a R$ 7,40, após a cisão com o Grupo Éxito. A operação já era conhecida pelo mercado, mas foi concretizada somente na semana passada.
Em relatório, o banco destacou que, após a cisão, o Grupo Pão de Açúcar está focado principalmente no varejo no Brasil, atuando nos segmentos premium (45% das vendas), mercado de massa (32% das vendas) e conveniência (14% das vendas), com os 9% restantes das vendas provenientes de postos de gasolina.
Ainda no texto, o Goldman Sachs afirmou que a companhia está passando por um processo de turnaround focado em ajustar a proposta de valor de cada bandeira na tentativa de extrair maior rentabilidade, sendo a margem bruta a alavanca mais relevante na visão do banco.
Nos níveis atuais, o banco apontou que o Grupo Pão de Açúcar tem um múltiplo de 5,4 vezes o EV/Ebitda (valor da empresa/lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) esperado para 2024, em linha com seus pares, apesar de um perfil de crescimento relativamente mais baixo.
“Embora o Grupo Pão de Açúcar permaneça altamente alavancado e seus ativos principais estejam em uma recuperação que acarreta riscos de execução, também vemos riscos positivos, como a venda potencial de ativos não essenciais com um prêmio em relação aos valores atuais de mercado, incluindo a participação restante de 13% que o Grupo Pão de Açúcar mantém no Éxito”, avaliou o Goldman.
Pão de Açúcar: BTG rebaixa recomendação, após cisão com Éxito
Também em relatório, o BTG Pactual rebaixou a recomendação para as ações do Pão de Açúcar de compra para neutro após a cisão com o Éxito. Os analistas do banco citam os baixos resultados recentes como um dos fatores para justificar o rebaixamento.
“Embora reconheçamos os esforços da administração para reverter as operações e reformar as lojas (impulsionando a produtividade), os resultados recentes continuam mostrando uma tendência fraca em suas operações no Brasil, principalmente em termos de lucratividade, que esperamos que continue nos próximos trimestres”, afirma o BTG.
Segundo analistas, o cenário é desafiador para a empresa expandir a receita do Pão de Açúcar e as margens. Além disso, a alavancagem do Pão de Açúcar representa um risco adicional diante da perspectiva das atuais taxas de juros.
Com isso, o BTG atualizou suas expectativas. Para a receita líquida e o Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) o banco espera uma redução nos próximos quatro anos em média de 2% e 7%, respectivamente.
Neste contexto, o banco mantém recomendação neutra para as ações do Pão de Açúcar, com preço-alvo de R$ 7. Para essa cotação, os analistas levaram em consideração as operações do GPA no Brasil em R$ 4 e a participação de 13% no Éxito em R$ 3 por ação.
Pão de Açúcar: grupo veem adotando iniciativas para impulsionar lucratividade, dizem analistas
A equipe do BTG indica que cinco iniciativas estratégicas merecem destaque no processo de recuperação do Pão de Açúcar. Entre elas:
- Foco em produtos perecíveis, com retorno para preço mais premium
- Maior oferta digital
- Expansão em relação a base de lojas
- Lucratividade com margens comerciais mais elevadas
As renegociações com fornecedores, assim como iniciativas para melhorar quebras de estoque e reduzir despesas corporativas, fazem com que a empresa tenha a perspectiva de atingir uma margem de Ebitda de 8 a 9% até 2024, estima o BTG.
De acordo com analistas, a previsão é de 50 aberturas de lojas entre 2024 e 2027, resultando em uma CAGR (taxa de crescimento anual composto) de área de vendas de 3% durante o mesmo período.
Além disso, a receita líquida deve crescer 7,7% ao ano de 2023 a 2027, com uma expansão de SSS (Vendas nas mesmas lojas) de 5,7%.
Setor de alimentos continua desafiador no Brasil, diz BTG
Dados do BTG indicam que o setor de varejo de alimentos cresceu constantemente nos últimos anos, com um CAGR de 10,2% desde 2000 e 8,5% desde 2014.
No entanto, o varejo de alimentos sempre foi um setor desafiador no Brasil, com um grande número de fornecedores, muitos dos quais possuem forte reputação de marca e poder de negociação”, aponta o BTG.
Outros pontos citados são a logística, gestão de estoques complexos e os diferentes sistemas de tributação nacional.
Diante disso, os analistas projetam que a estrutura de Cash & Carry continue ganhando espaços e se consolide, substituindo os hipermercados e grandes supermercados.
XP mantém cautela com PCAR3
Os analistas da XP mantêm recomendação neutra para as ações do GPA, com preço-alvo de R$ 20 ante uma cotação atual de R$ 6,85.
“Apesar de termos uma visão positiva em relação às iniciativas do GPA e seu plano de expansão, vemos riscos de execução para a abertura acelerada das 300 lojas e entrega do nível de rentabilidade de 8-9% até o fim de 2024, além de termos uma visão um pouco mais cética frente ao plano de desinvestimentos da empresa até o fim de 2023 (negócios imobiliários, postos de gasolina, participação remanescente no Éxito pós Spin-Off e participação na C-Nova)”, diz a casa sobre PCAR3.
Desempenho das ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3)
Cotação PCAR3