Pão de Açúcar (PCAR3) e Grupo Mateus (GMAT3): analistas revisam preço-alvo, com “empresas pressionadas”
O BB Investimentos reduziu o preço-alvo do Pão de Açúcar (PCAR3) após incorporar os resultados do segundo trimestre de 2023 (2T23). No caso do Grupo Mateus (GMAT3), os analistas da casa revisaram o preço para cima, mas mantiveram recomendação neutra, similar à do PCAR3.
A equipe do BB Investimentos destaca que as companhias de supermercado vêm amargando forte desvalorização de suas ações na bolsa em 2023, superior a 30%. A exceção é justamente o Grupo Mateus, que acumula queda de 3%.
“Ao nosso ver, esses desempenhos refletem a preocupação dos investidores com a capacidade de as companhias em entregar crescimento de vendas e rentabilidade, num cenário de deflação alimentar e taxa de juros pressionando o resultado operacional”, diz o BB Investimentos.
Em relação às projeções para o Pão de Açúcar, o BB-BI mantém posição neutra, mas ressalta que a companhia está no caminho certo para execução de um turnaround (reestruturação da empresa) bem-sucedido, com melhoria de caixa e rentabilidade. O preço-alvo é de R$ 5,60 (antes R$ 5,95), com a ação do Pão de Açúcar cotada a R$ 3,51, após a queda nesta quarta (19) de 4,88%.
“O risco ainda é grande e a evolução dos indicadores, incipiente, de forma que preferimos uma abordagem mais conservadora”, apontam os analistas.
Já sobre o Grupo Mateus, segundo o BB-BI, a manutenção da recomendação baseia-se nas incertezas quanto ao impacto das questões tributárias no preço justo da companhia. Existe uma apreensão do mercado acerca da MP 1.185/23 e os efeitos que pode gerar no resultado líquido, com o fim da exclusão dos benefícios do ICMS da base de cálculo do IRPJ e CSLL.
Outros pontos de alerta são a pressão que os estoques adquiridos em preços mais elevados ocasionarão nas margens de curto prazo em um contexto de maior deflação alimentar.
O BB Investimento mantém recomendação neutra ao GMAT3, com preço-alvo de R$ 8,00 (antes eram R$ 7,70).
Pão de Açúcar: analistas destacam que alavancagem deve diminuir
Recentemente, o GPA celebrou a venda de 13,1% do capital social do Éxito, o valor referente a essa participação foi de US$ 156 milhões, equivalente a R$ 790 milhões.
Associado a isso, o GPA registrou R$ 629 milhões de vendas de loja, terrenos e ativos não core no terceiro trimestre de 2023 (3T23). Para o BB-BI, os acontecimentos irão contribuir para que a companhia avance no seu plano de redução da alavancagem financeira.
Sobre a evolução do plano de turnaround, que tem como prioridades a retomada da geração de caixa, o crescimento de vendas acima da inflação e o retorno a um modelo de crescimento rentável, está avançando, informa os analistas.
“Pelo 2º trimestre consecutivo, a companhia reportou ao mercado avanços em relação às iniciativas que vêm sendo implementadas no âmbito do turnaround, em especial no que se refere a indicadores operacionais”, afirma a casa.
Dentre algumas medidas destacadas estão:
- Conclusão do processo de revisão de sortimento no Pão de Açúcar
- Redução de 10% no número de SKU’s,
- Abertura de 23 lojas no trimestre
- renovação do patamar histórico de redução de ruptura de estoque atingido no trimestre anterior
Todos esses avanços, diz o BB Investimentos permitiram uma melhoria contínua da margem bruta de 2,2 p.p. em relação ao 4T22, além da diluição das despesas com vendas, gerais e administrativas em 0,6 p.p na base anual.
BTG vê menos espaço para expansão de margens no Brasil
Em relatório, analistas do BTG Pactual lembraram que o Pão de Açúcar encerrou o segundo trimestre com uma alavancagem financeira de 7x a dívida líquida/Ebitda.
“Apesar da sua desalavancagem (gradual), vemos menos espaço para expandir a área de vendas e as margens no Brasil (abaixo dos níveis históricos), tornando-se uma decisão mais arriscada do que outros varejistas de alimentos que cobrimos”, disseram.
O BTG Pactual tem classificação “neutra” para as ações do Grupo Pão de Açúcar, com preço-alvo a R$ 7,00.
Cotação
Na tarde desta quarta-feira (18), as ações do Pão de Açúcar registraram forte queda de 4,8%, cotadas a R$ 3,51. Os papéis do Grupo Mateus (GMAT3) caíram 3,93%, a R$ 5,86.