Pão de Açúcar (PCAR3): banco rebaixa recomendação, após cisão com Éxito; ações lideram quedas no Ibovespa
O BTG Pactual rebaixou a recomendação do Pão de Açúcar, o GPA (PCAR3), de compra para neutro, após a cisão com o Éxito. Os analistas do BTG citam os baixos resultados recentes como um dos fatores para justificar o rebaixamento. Hoje, as ações do Grupo despencaram e lideraram quedas no Ibovespa.
“Embora reconheçamos os esforços da administração para reverter as operações e reformar as lojas (impulsionando a produtividade), os resultados recentes continuam mostrando uma tendência fraca em suas operações no Brasil, principalmente em termos de lucratividade, que esperamos que continue nos próximos trimestres”, afirma o BTG.
Segundo analistas, o cenário é desafiador para a empresa expandir a receita do Pão de Açúcar e as margens. Além disso, a alavancagem do Pão de Açúcar representa um risco adicional diante da perspectiva das atuais taxas de juros.
Com isso, o BTG atualizou suas expectativas. Para a receita líquida e o Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) o banco espera uma redução nos próximos quatro anos em média de 2% e 7%, respectivamente.
Neste contexto, o banco mantém recomendação neutra para as ações do Pão de Açúcar, com preço-alvo de R$ 7. Para essa cotação, os analistas levaram em consideração as operações do GPA no Brasil em R$ 4 e a participação de 13% no Éxito em R$ 3 por ação.
Pão de Açúcar: grupo veem adotando iniciativas para impulsionar lucratividade, dizem analistas
A equipe do BTG indica que cinco iniciativas estratégicas merecem destaque no processo de recuperação do Pão de Açúcar. Entre elas:
- Foco em produtos perecíveis, com retorno para preço mais premium
- Maior oferta digital
- Expansão em relação a base de lojas
- Lucratividade com margens comerciais mais elevadas
As renegociações com fornecedores, assim como iniciativas para melhorar quebras de estoque e reduzir despesas corporativas, fazem com que a empresa tenha a perspectiva de atingir uma margem de Ebitda de 8 a 9% até 2024, estima o BTG.
De acordo com analistas, a previsão é de 50 aberturas de lojas entre 2024 e 2027, resultando em uma CAGR (taxa de crescimento anual composto) de área de vendas de 3% durante o mesmo período.
Além disso, a receita líquida deve crescer 7,7% ao ano de 2023 a 2027, com uma expansão de SSS (Vendas nas mesmas lojas) de 5,7%.
Setor de alimentos continua desafiador no Brasil, diz BTG
Dados do BTG indicam que o setor de varejo de alimentos cresceu constantemente nos últimos anos, com um CAGR de 10,2% desde 2000 e 8,5% desde 2014.
No entanto, o varejo de alimentos sempre foi um setor desafiador no Brasil, com um grande número de fornecedores, muitos dos quais possuem forte reputação de marca e poder de negociação”, aponta o BTG.
Outros pontos citados são a logística, gestão de estoques complexos e os diferentes sistemas de tributação nacional.
Diante disso, os analistas projetam que a estrutura de Cash & Carry continue ganhando espaços e se consolide, substituindo os hipermercados e grandes supermercados.
Pão de Açúcar: ações despencam após cisão com Éxito
Na terça-feira (22), as ações do Pão de Açúcar despencaram mais de 19% durante o pregão.
A operação da cisão com o Éxito já era conhecida pelo mercado, mas foi concretizada somente nesta semana, ocasionando então a retração dos papéis PCAR3.
Há uma movimentação da base acionária da companhia, já que os detentores de ações do Pão de Açúcar até o fim do pregão de segunda (22) receberam um BDR do Éxito – negociado sob o ticker EXCO32.
O GPA entregará aos seus acionistas 1.080.556.276 ações do Éxito na proporção de 4 ações de emissão para cada ação PCAR3, na forma de:
- BDR´s (Brazilian Depositary Receipts) patrocinados Nível II, cada um representando 4 ações ordinárias de emissão do Éxito, para os detentores de ações ordinárias de emissão do GPA
- ADR´s (American Depositary Receipts) Nível II, cada um representando 8 ações ordinárias de emissão do Éxito, para os detentores de ADR´s do GPA
XP mantém cautela com PCAR3
Os analistas da XP mantêm recomendação neutra para as ações do GPA, com preço-alvo de R$ 20 ante uma cotação atual de R$ 6,85.
“Apesar de termos uma visão positiva em relação às iniciativas do GPA e seu plano de expansão, vemos riscos de execução para a abertura acelerada das 300 lojas e entrega do nível de rentabilidade de 8-9% até o fim de 2024, além de termos uma visão um pouco mais cética frente ao plano de desinvestimentos da empresa até o fim de 2023 (negócios imobiliários, postos de gasolina, participação remanescente no Éxito pós Spin-Off e participação na C-Nova)”, diz a casa sobre PCAR3.
Cotação
No fechamento, as ações do Pão de Açúcar registraram queda de 7,23%, cotadas a R$ 5,90.
Cotação PCAR3