Pão de Açúcar (PCAR3): follow-on pode resolver estrutura de capital, dizem analistas
Em relatório após o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) lançar uma oferta primária de até 140 milhões de ações, podendo ser aumentada em mais 140 milhões, analistas acreditam que o movimento pode ajudar a companhia a resolver a sua estrutura de capital, ainda que não solucione totalmente a questão da alavancagem.
Considerando o valor da ação do GPA no fechamento da última segunda-feira (4), dia do anúncio da oferta, a operação poderá movimentar até R$ 1 bilhão e será direcionada somente a investidores profissionais, mas com direito de preferência dos acionistas do Pão de Açúcar.
A companhia disse que pretende utilizar os recursos líquidos captados para redução da sua alavancagem financeira, por meio do pré-pagamento de contratos mantidos com instituições financeiras, incluindo coordenadores da operação, cujas dívidas representam mais de 20% do valor total da oferta.
A operação da oferta do GPA, que será precificada no dia 13 de março, será coordenada pelo Banco Itaú BBA (líder) e pelo BTG Pactual, Bradesco BBI, JPMorgan e Santander. O encerramento está previsto para 21 de março.
“Acreditamos que o aumento de capital, em conjunto com o seu programa de venda de ativos, poderia ser suficiente para resolver a estrutura de capital do Grupo Pão de Açúcar e reduzir as suas despesas financeiras pesadas, às custas da diluição material das ações”, disseram os analistas do UBS-BB em relatório.
Também em relatório, a Genial Investimentos lembra que atualmente, o GPA mantém 270 milhões de papéis em circulação no mercado. “Isso significa dizer que uma oferta de 280 milhões deve trazer bastante volatilidade para o papel no curto prazo, principalmente após a fixação do preço de emissão”, avaliam os analistas Iago Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon.
A casa enxerga que, em termos fundamentais, o GPA tem traçado um turnaround interessante, recuperando market share e rentabilidade em meio a um cenário com ventos contrários ao setor (deflação alimentar). “Realizado o follow-on, a companhia endereça o ponto que mais tem preocupado o mercado nos últimos trimestres: alavancagem financeira“.
“Apesar de não resolver integralmente o problema, uma vez que a alavancagem ainda deve se manter em cerca de 4,0x neste ano, deve dar um alívio para que a gestão continue a executar a reestruturação e expansão com maior celeridade. Além de endereçar a estrutura de capital, a companhia também abre espaço para mudanças em governança corporativa. Dois por um!”, completam os analistas.
A Genial tem recomendação de ‘compra’ para as ações PCAR3, com preço-alvo a R$ 3,43.
GPA (PCAR3): analistas veem oferta de ações como positiva e projetam redução da alavancagem
Em relatório, o Safra considerou que atualmente, o GPA possui uma posição de dívida líquida de R$ 2,3 bilhões, ou uma relação dívida líquida/EBITDA de 7,6x (ex-IFRS). Considerando a oferta de R$ 1,0 bilhão, a dívida líquida ficaria em R$ 1,3 bilhão, com uma alavancagem de 4,4x.
“Além disso, se considerarmos os recursos já anunciados da venda da participação do GPA no Éxito e C-Nova, a dívida líquida cairia para R$ 451 milhões e a alavancagem para 1,5x”, projetam os analistas do Safra.
Considerando apenas a oferta base (504 milhões), a dívida líquida do GPA ficaria em R$ 1,8 bilhão, com uma alavancagem de 6,1x.
Ademais, o Casino anunciou sua intenção de se desfazer de seus ativos não essenciais. Consequentemente, o Safra projeta que o Casino não participará da oferta de ações, o que resultaria em diluição de sua participação atual de 40,9% para 26,9%, considerando a oferta base, ou 20,1%, considerando a oferta total.
“A notícia é positiva do ponto de vista do balanço patrimonial, pois reduz drasticamente o endividamento da empresa. No entanto, a diluição resultaria em uma redução em nosso preço-alvo, de R$ 4,5 por ação para R$ 4,2 por ação, considerando a oferta base, ou R$ 4,0 por ação, considerando a oferta total”, afirma o Safra.
Para o banco, o GPA continua com uma grande lacuna de ROIC (retorno sobre o capital) em comparação com seus pares (atualmente em 3% versus 16% do Assaí e 17% do Grupo Mateus), que é a principal razão para a classificação neutra.
Na mesma linha, Goldman Sachs também avalia como positiva a oferta de ações do GPA. De acordo com a casa, uma estrutura de capital mais equilibrada proporciona à administração mais flexibilidade para executar o plano de virada atual focado em aumentar a lucratividade e melhorar a dinâmica do capital de giro.
“Se assumirmos uma entrada de caixa de R$ 504 milhões a R$ 1,01 bilhão proveniente da oferta potencial, estimamos que a alavancagem seria reduzida para 4,6X a 4,2X ND/EBITDA”, projeta o Goldman, que tem recomendação neutra para os papéis do GPA, com preço-alvo de R$ 4,50.
Desempenho das ações do GPA
No fechamento da última terça-feira, as ações do Pão de Açúcar caíram 4,17%, cotadas a R$ 3,45, segundo o Status Invest.
Cotação PCAR3