A Suécia, a Suíça e a Dinamarca são alguns dos países europeus onde as taxas de juros dos títulos públicos – e as vezes até de títulos particulares – são negativas. Isso significa que, por exemplo, comprando títulos do tesouro direto desses países, no dia do vencimento se receberá menos dinheiro do quanto investido.
Esse andamento da economia não é uma novidade na Europa, especialmente em alguns países da Zona do Euro como a Alemanha, que oferecem títulos com rendimento negativo dos juros há quase cinco anos. E também o Banco Central Europeu (BCE), que desde 2014 cobra taxas negativas para seus depósitos.
Mas por que bancos centrais adotam os juros negativos em sua economia?
Segundo o analista de macroeconomia da Suno Research, João Arthur de Almeida, o país que aplica os juros negativos almeja incentivar o consumo por meio do estímulo ao investimento em empresas, fábricas, obras e construções.
“Desta forma, os juros negativos realizam estes incentivos a gastar ou a investir em renda variável, pois o investimento em títulos públicos não vale a pena para o investidor, por conta do baixo rendimento”, explicou de Almeida.
No caso do Brasil, o investimento em títulos públicos é realizado por meio do Tesouro Direto. E os juros básicos da economia, que têm por indicador oficial a taxa Selic, encontra-se a 6,5% ao ano.
A taxa Selic é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A última reunião ocorreu em 19 de junho, e deixou os juros no mesmo patamar pela 10ª vez consecutiva.
Com o baixo rendimento dos títulos públicos, a exemplo dos europeus, a economia se aquece para o consumo, que gera emprego.
Pois com os investidores sem apetite para aplicar nas emissões do governo, mais investimentos são feitos em empresas, fábricas, obras e construções.
“A Zona do Euro como um todo está crescendo muito pouco. Então os países estão colocando juros baixos para tentar incentivar o consumo e retomar um crescimento econômico mais acelerado”, explica Almeida.
Diferença entre taxa de juros real e nominal
Almeida também chama atenção para a diferença entre a taxa de juros real e a taxa de juros nominal. A taxa Selic, por exemplo, é a taxa de juros nominal. É esta a taxa geralmente definida pela política monetária dos bancos centrais dos países.
A taxa de juros real é, por sua vez, o resultado da subtração da inflação da taxa de juros nominal. Por exemplo, no Brasil, a taxa de juros nominal está a 6,5%, e a inflação caminha a uma média de 4%. Deste modo, a taxa de juros real é de cerca de 2,5% (6,5% – 4%).
A adoção dos juros nominais negativos foi especialmente aplicada pelos países após a crise do subprime em 2008. Por conta de uma bolha imobiliária iniciada nos EUA, países de todo o mundo entraram em recessão. A fim de restaurar o crescimento de suas economias, os juros negativos foram bastante utilizados.
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