2024 vem sendo um ótimo ano para os investidores que possuem ouro na carteira. A commodity rompeu máximas históricas no primeiro semestre e está operando na casa dos US$ 2,3 mil dólares (cerca de R$ R$ 12,3 mil) por onça-troy (28,35 gramas).
Em meio ao avanço dos preços da commodity, o Goldman Sachs revisou suas projeções para a cotação do ouro neste ano. De acordo com a instituição financeira, o valor por onça-troy pode chegar a US$ 2,7 mil até o final de 2024, ante uma estimativa anterior de US$ 2,3 mil.
Segundo a casa, o cenário geopolítico, as projeções de política monetária do Federal Reserve (Fed) e o ambiente fiscal global são alguns dos fatores que solidificam a perspectiva positiva.
Por que a cotação do ouro está em alta?
Conflitos geopolíticos, incertezas econômicas, desvalorização de moedas fiduciárias e pressão inflacionária são algumas das questões que estão no radar dos mercados ao redor do mundo neste ano.
Dentro deste cenário, o ouro aparece como uma alternativa interessante não somente para os investidores pessoa física, mas também para os países e bancos centrais, o que contribui para a tendência de alta.
“A gente espera que os juros não voltem ao patamar de zero em geral, nem na Europa, nem nos Estados Unidos, provavelmente nem na China, inclusive no Japão também não mais. Então, são todos esses fatores que indicam que a gente vai conviver em um mundo onde a dívida vai ser maior e onde a desvalorização das moedas fiduciárias deve seguir ocorrendo”, explica Thomas Monteiro, estrategista-chefe do Investing.com.
“Nesse sentido, obviamente o ouro oferece uma enorme proteção e a gente está falando de investidores, sim, mas a gente está falando principalmente dos países. Qual que é o motivo principal dessa subida? Agora são os bancos centrais, buscando melhorar as suas reservas financeiras em geral, quer dizer, a qualidade das suas reservas financeiras”, completa ele.
Apesar do movimento de alta estar chamando atenção dos investidores, a variação positiva da commodity não é um movimento inesperado para os analistas do mercado.
“Sempre que as moedas desvalorizarem, mas, principalmente, o dólar, ou sempre que a gente tiver um processo inflacionário, o ouro tende a registrar uma correção, às vezes não imediata, ou seja, ele não flutua na mesma velocidade, mas ele sempre corre atrás de uma eventual defasagem que tenha sofrido e isso vai sempre fazer com que o ouro bata máximas históricas de tempos em tempos conforme o ciclo econômico“, diz Bruno Corano, economista e investidor da Corano capital.
Como investir em ouro?
Muito além do ouro físico, a bolsa de valores brasileira também oferece diversas opções para quem quer ter uma posição do portfólio em ouro.
1. Contratos futuros
A primeira opção levantada pelos especialistas para quem quer investir em ouro são os contratos futuros de ouro, que podem ser negociados na bolsa brasileira. Ao contrário das bolsas estrangeiras, onde os contratos são negociados em relação a onça-troy, a B3 negocia ouro em reais por grama.
“O contrato futuro de ouro é diferente das demais commodities. É um contrato que pode ser rolado automaticamente. Ou seja, você não precisa pegar o ouro no final do seu contrato, você pode simplesmente comprar o próximo contrato”, explica o analista-chefe do Investing.com.
2. Fundos atrelados ao ouro e ETFs
Outra alternativa interessante para os investidores que querem diversificar o capital são os fundos de ouro, que consistem em fundos de investimentos que aplicam em ativos atrelados à commodity. Essa pode ser uma opção interessante para investidores menos experientes, visto que a gestão do fundo é feita por meio de gestores profissionais.
Além dos fundos de ouro, existem ainda opções de ETFs (fundos de índice) no Brasil e no exterior para quem quer investir em ouro. Nestes casos, os fundos possuem como objetivo espelhar a performance de indicadores atrelados à cotação da commodity ou ao desempenho de mineradoras, por exemplo.
3. Ações de mineradoras
Por fim, uma outra opção para os investidores que querem expor parte do portfólio ao ouro são as companhias listadas na bolsa de valores que exercem atividades relacionadas à commodity. Esse tipo de investimento pode ser realizado por meio da compra direta das ações destas empresas ou por meio dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts), que consistem em certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países.
Vale a pena comprar ouro físico?
Apesar de ser considerada por muitas pessoas como uma alternativa “ainda mais segura” para manter o patrimônio protegido, comprar ouro físico pode não ser uma boa opção, de acordo com os especialistas. Além da baixa liquidez, o armazenamento da commodity de forma segura também pode trazer custos elevados para o investidor.
“Primeiro tem o custo da custódia. Se você tiver uma pequena barrinha é uma coisa, mas se você tiver uma grande quantidade, não basta você colocar embaixo da cama, você vai ter que ter um local seguro. Você vai ter que desenvolver algo muito seguro para conseguir guardar isso. Então, eu acho que tem um risco associado, um custo de custódia, que é desnecessário nos dias de hoje”, explica Corano.
Por que investir em ouro?
Muito além dos recordes de cotação e das projeções de alta, investir na commodity pode ser uma alternativa interessante para diversificar o portfólio e torná-lo mais sólido em cenários econômicos menos favoráveis.
“A gente não investe em ouro buscando tirar lucro muito alto no ouro em si, mas a gente investe em ouro buscando criar uma base. Porque se você tiver cenário que seja muito ruim para as ações, muito provavelmente não seja tão ruim para o ouro”, conclui o analista-chefe da Investir.com.
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