As organizações internacionais que influenciam o mercado financeiro
No início do século XX, sobretudo no momento entre guerras, os modelos políticos e econômicos de todo o mundo estavam em completo caos. Esse momento marcou o surgimento das organizações internacionais que passaram a interferir no mercado financeiro e nas economias.
Essas organizações internacionais tem por objetivo reger o cenário financeiro e econômico, criando um ambiente propício para as relações comerciais, para melhor desenvolvimento econômico, combate à pobreza e financiamento para o crescimento produtivo dos países.
A primeira delas, talvez a precursora nos moldes que são conhecidas atualmente, foi o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT, na sigla em inglês). Após a Segunda Guerra Mundial, em 1947, o GATT foi criado com o intuito de promover o comércio internacional, reduzir as tarifas, taxas e barreiras alfandegárias entre os países.
Criado inicialmente por 23 países, o GATT passou por quase todos os processos de globalização, sendo o embrião de uma das mais importantes organizações internacionais que atuam no gerenciamento do comportamento econômico mundial.
Confira quais são as organizações internacionais mais importantes para o mercado financeiro.
Organização Mundial do Comércio
Posteriormente ao GATT, com o intuito de reger as relações comerciais ao redor do planeta, foi criada a Organização Mundial do Comércio (OMC).
A OMC é uma organização que atua na regulamentação, fiscalização e arbitragem do comércio que ultrapassam as fronteiras. A instituição, além de estabelecer meios e costurar acordos para cenários conflituosos, gerencia o cumprimento das normas.
Além disso, um dos principais focos da OMC é fiscalizar o comportamento individual das nações que a compõem. Atitudes protecionistas, como o fornecimento de subsídios, imposição de tarifas alfandegárias e alterações fraudulentas na balança comercial não são toleradas.
Banco Mundial
Nomeado inicialmente como Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), o Banco Mundial (BM), criado nas convenções de Bretton Woods, em 1944, nos Estados Unidos, é uma instituição sem fins lucrativos que colabora com o desenvolvimento econômico de países que procuram um financiamento.
No entanto, nesse processo de disponibilização de recursos às nações, o Banco Mundial já foi duramente criticado pois cobrava juros inviáveis aos países subdesenvolvidos. Portanto, ao decorrer das últimas décadas, o BM aderiu um modelo de atuação mais sustentável, ressaltando projetos de impacto social.
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A organização é composta por 170 membros de todos os países participantes. Além disso, dentro do espectro do BM, existem outros grupos atuantes:
- Associação do Desenvolvimento Internacional (ADI)
- Sociedade Financeira Internacional
- Agência Unilateral de Garantia de Investimentos
- Centro Internacional de Arbitragem para Disputa sobre Investimentos
O banco possui um modelo que estabelece os próprios países com participações sociais. Os Estados Unidos, por ser o país que mais contribui financeiramente para a manutenção do funcionamento do BM, conta com mais de 15% de participação no banco.
Além disso, os norte-americanos detém o poder de veto sobre as decisões tomadas pela instituição. Seguindo essa tendência, o presidente(a) do Banco Mundial sempre é um norte-americano ou um europeu.
Fundo Monetário Internacional
Bretton Woods também foi o movimento precursor de outra organização internacional. O Fundo Monetário Internacional (FMI). Com o objetivo inicial de garantir os parâmetros do comércio internacional, do emprego e da estabilidade cambial, evitando que uma nova Grande Depressão assolasse o planeta, como em 1929.
Atualmente, 188 países fazem parte da convenção. Cada uma das nações colabora com o fundo através de um donativo em dinheiro, que varia conforme os indicadores econômicos de cada país. Analogamente, a nação que tem maiores indicadores econômicos, por consequência contribui com maior volume financeiro, fazendo com que seu peso nos votos durante as reuniões seja maior.
O FMI possui grande importância no empréstimo de dinheiro a países que estão em processo de recuperação ou com um alongamento extenso da dívida interna. No entanto, para isso, a organização propõe uma cartilha com um “manual” ao país que receber o montante financeiro.
O Brasil já utilizou os recursos do FMI anteriormente. Em 1959, o então presidente Juscelino Kibitschek rompeu as ligações com a organização durante a construção de Brasília, um momento onde o gasto público era excessivo. O último contato brasileiro com o FMI foi em 2002, quando o País captou o empréstimo de US$ 30 bilhões, quitando-o em 2005.
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Segundo o professor de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Demétrius Pereira, tanto FMI como Banco Mundial “controlam o sistema financeiro mundial, já que eles controlam os empréstimos, de curto prazo e longo prazo, do mundo inteiro”.
Da mesma forma que o Banco Mundial, a organização sempre é presidida por um europeu ou um norte-americano, de forma intercalada com o BM.
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é composta por 35 países. As nações envolvidas procuram um ambiente propício para alinhar e discutir estratégias econômicas com o intuito de beneficiarem a todas as partes. Seus encontros e grupos de trabalho promovem debates que acarretam em grandes trocas de experiências.
A OCDE busca promover o crescimento econômico dos países membros, criação de empregos locais, ampliar a qualidade de vida dos integrantes, a estabilidade financeira, colaboração com países emergentes, se necessário e ajudar no crescimento do comércio mundial.
De forma geral, a OCDE é outro organismo que está ao lado da vertente liberal econômica como um ambiente favorável a investimentos, sendo agradável ao mercado.
“Alguns chamam [a OCDE] de clube dos países mais ricos, que seguem as mesmas políticas de liberalismo econômico, o qual os países membros acreditam que são as melhores políticas econômicas a serem seguidas no mundo”, disse Pereira.
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O Brasil participa das reuniões da organização desde 1996, assinando um acordo de cooperação em 2015, o que fez com que a seriedade do Brasil em promover reformas estruturais em seus modelos econômicos fossem levados a sério pela comunidade internacional.
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