A falta de espaço no Orçamento 2021 para realizar obras públicas reacendeu a pressão vinda de membros do próprio governo e de políticos do centrão pela troca do atual ministro da economia Paulo Guedes. As informações são da Folha de São Paulo.
De um lado, integrantes da articulação política do governo afirmam que o presidente Jair Bolsonaro precisa fazer acenos ao Congresso para minimizar riscos da abertura de um processo de impeachment por conta do gerenciamento da pandemia. Do outro, a equipe econômica afirma que o respeito às regras fiscais, como no caso do teto de gastos, é condição para que Paulo Guedes fique no cargo.
Na aprovação do Orçamento de 2021, deputados e senadores autorizaram R$ 48,8 bilhões em emendas parlamentares. Para viabilizar essa cifra, foram cortados R$ 26,5 bilhões em despesas obrigatórias, garantidas pela Constituição, que são gastos com, por exemplo, benefícios previdenciários e abonos salariais. O Ministério da Economia vem atuando para reverter a situação.
Guedes defende um corte de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões no gastos com emendas, para que seja possível recompor os recursos obrigatórios de forma a não estourar o teto de gastos. Até agora, porém, a discussão está travada, com o senador Marcio Bittar, relator da Lei do Orçamento 2021, aceitando abrir mão apenas de R$ 10 bilhões em emendas. Alguns membros da cúpula do Congresso indicaram ceder no máximo R$ 13 bilhões.
Guedes tem sido voto vencido em encontros
Desta vez, Guedes se encontra de lado oposto ao presidente da Câmara, Arthur Lira, líder do centrão. Os dois voltarão a se encontrar na próxima segunda-feira (5), mas os relatos são de que Guedes tem sido voto vencido em todos as reuniões.
Bolsonaro tem até o dia 22 para sancionar o Orçamento. A equipe econômica, enquanto isso, defende novos ajustes e o reenvio de uma nova proposta ao Congresso. Guedes já teria enviado a Bolsonaro a sinalização de uma nova debandada do Ministério da Economia no caso de os problemas do Orçamento não serem corrigidos.
Apesar de tudo, por enquanto, as apurações são de que o presidente da República não cogita trocar Guedes, apesar de estar sofrendo mais pressões. Integrantes do governo defendem que o atual ministro da Economia é ortodoxo demais e não entende que o aumento de investimentos é necessário para a reeleição do presidente. Para eles, o ideal seria colocar no cargo alguém com perfil mais desenvolvimentista, sendo o nome preferido o do atual presidente da Caixa Pedro Guimarães.