Open banking tem um ano de vigor e segue com desafios à frente
Com a promessa de criar um “shopping financeiro” personalizado para cada cliente, o open banking, compartilhamento entre os bancos de informações dos clientes, completa um ano nesta terça, 1º, com a missão de conquistar o público.
Até o fim de janeiro, o Banco Central (BC) contabilizava 3,3 milhões de consentimentos para compartilhamento de dados por meio do open banking, passo essencial para os consumidores desfrutarem de melhores condições no relacionamento financeiro.
O número ainda é pequeno diante do total da população bancarizada no Brasil, superior a 180 milhões, segundo dados informados pelas instituições financeiras ao BC.
Desde agosto, a população já pode compartilhar seus dados bancários com outros bancos e fintechs, além daqueles com que têm relacionamento.
A ideia é aumentar o volume de informações no sistema financeiro, de modo que as instituições possam ofertar produtos e serviços personalizados para os clientes, com melhores taxas e menor risco.
Em tese, o open banking permitiria a um cliente receber uma oferta de um crédito mais barato de um banco X com o qual não tem relacionamento antes de ele entrar no cheque especial no banco Y.
Já o banco Y, ao perceber que o seu cliente vai pegar o crédito em outra instituição para fugir do cheque especial, poderia fazer uma contraoferta.
Em dezembro passado, o BC deu início à última fase da implantação do open banking, com a inclusão do compartilhamento de informações de investimento, seguros, previdência e câmbio.
A agenda de implementação é feita em etapas e só deve terminar em setembro próximo.
Falta de informação sobre o Open Banking
Pesquisa da consultoria americana Bain & Company divulgada em dezembro mostra que a adesão ao open banking ainda esbarra na falta de informação.
Conforme a sondagem, só 14% dos brasileiros sabiam o que era open banking entre julho e setembro, embora quase a metade dos cerca de 8.500 participantes já tinha ouvido falar sobre a medida.
Sócio da consultoria, Antonio Cerqueiro afirma que, para decidir compartilhar suas informações, os clientes precisam entender na prática o open banking. Para isso, é necessário que bancos, fintechs e empresas de tecnologia criem produtos e serviços para convencer a população.
Observando a experiência da Europa, onde o open banking já está mais maduro, Cerqueiro cita casos de uso de processos mais simples e rápidos para abertura de conta digital ou consolidação das informações financeiras em um único aplicativo, além de iniciação de pagamentos, para fechar uma compra em uma loja virtual, por exemplo, sem cartão ou a necessidade de entrar no aplicativo do banco.
Mesmo com baixo conhecimento da população até agora, a Bain & Company projeta que a evolução do sistema no Brasil será mais rápida do que na Europa, onde a legislação já vigora desde 2018.
Segundo dados de janeiro, o Brasil tem cerca de 90 milhões mensais de chamadas de API, as conexões para compartilhamento de dados pelas instituições, enquanto no Reino Unido, por exemplo, o número roda em torno de 800 milhões.
“O que demorou 36 meses na Inglaterra, o Brasil pode atingir em 12 a 18 meses”, diz Cerqueiro.
A familiaridade da população com o assunto e a confiança na segurança do sistema também são vistas como desafios para a evolução do open banking por Nic Marcondes, sócio da Quan.to, plataforma que facilita a conexão para a transmissão de dados de clientes para instituições financeiras.
Marcondes ressalta que o sistema tem várias camadas de proteção e é diferente do Pix, pois as informações só circulam entre as instituições financeiras, que têm de seguir diversas normas do BC, e não chegam à ponta.
A estimativa da FCamara, de desenvolvimento de soluções digitais, é de que o compartilhamento de dados pelo Open Banking alcance 5 milhões de pessoas em 2022.
Com informações do Estadão Conteúdo