O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta segunda-feira (10) que há um “vasto déficit global” entre os recursos necessários para combater a pandemia do novo coronavírus e o montante disponibilizado.
“Os próximos três meses serão uma janela de oportunidade crucial para intensificar o impacto global do Acelerador ACT [colaboração internacional para acelerar o desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus]”, declarou o chefe da organização, em entrevista coletiva em Genebra, se referindo à iniciativa “Acelerador de Acesso às Ferramentas Covid-19”.
“No entanto, para aproveitar esta janela, precisamos ampliar fundamentalmente a maneira como estamos financiando o Acelerador ACT e dar prioridade ao uso de novas ferramentas. Há um vasto déficit global entre nossas ambições para o Acelerador ACT e a quantidade de recursos comprometidos”, salientou Adhanom.
Segundo o chefe da OMS, a organização internacional possui somente 10% do financiamento de bilhões de dólares preciso. “Apenas para as vacinas, mais de 100 bilhões de dólares serão necessários”, destacou.
“Parece muito dinheiro e realmente é”, ponderou o diretor. “Mas é pouco em comparação com os 10 trilhões de dólares que já foram investidos por países do G20 em pacotes de estímulo fiscal para lidar com as consequências da pandemia até agora”.
OMS avalia que vê sinais de esperança para combater coronavírus
Apesar disso, o diretor-geral da OMS ainda enxerga sinais de esperança para enfrentar a crise da covid-19. “Nunca é tarde demais para dar uma reviravolta na pandemia”, ressaltou.
O chefe do programa de emergências da organização, Mike Ryan, declarou que o vírus é simples, brutal e cruel. “É brutal na sua simplicidade, brutal em sua crueldade, mas não tem um cérebro”, disse. “Nós temos os cérebros… podemos ser mais espertos que algo que não tem cérebro, mas não estamos fazendo um grande trabalho até agora”.
O executivo ainda afirmou que o País neste momento registra entre 50 mil e 60 mil casos por dia. “O Brasil está mantendo um nível muito alto da epidemia, a curva está um pouco achatada, mas não está caindo, e o sistema está muito pressionado”.
“Nessa situação, a hidroxicloroquina não é uma solução nem uma bala de prata”, salientou, enfatizando que o medicamento contra a malária que o presidente da República, Jair Bolsonaro, tem encorajado aos brasileiros não é um caminho viável contra o coronavírus.
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