A Organização Mundial de Comércio (OMC) projetou que a China cresceria 6,0% neste ano, após contração de 6,8% em 2020. O impulso seria dado pelas políticas fiscal e monetária criadas para se contrapor aos impactos da Covid-19. Os dados constam em relatório publicado antes de estourar a crise Evergrande.
No documento Revisão da Política de Comércio da China, a OMC destaca o papel chinês na economia global e as mudanças estruturais de longo prazo em andamento, com o setor de serviços representando agora cerca de 55% do PIB chinês.
Entretanto, as análises e projeções foram feitas antes de estourar o caso da empresa imobiliária Evergrande Group. Segunda maior incorporadora do país asiático, a companhia vive problemas sérios de caixa e ameaça um calote de US$ 3 bilhões a credores.
Especialistas apontam que o colapso da Evergrande será o maior desafio para o sistema financeiro da China. A crise envolve diferentes áreas importantes para a economia do país, como:
- desaceleração do setor imobiliário,
- regulamentação de empréstimos para incorporadoras,
- insegurança para o ambiente de crédito estrangeiro,
- demanda por matéria-prima para o setor de construção.
Além disso, os efeitos do calote da Evergrande poderiam ir além das fronteiras chinesas, alcançando outros mercados, visto o tamanho da companhia. Integrante do ranking Global 500, a Evergrande estava entre as 500 empresas com maiores receitas do mundo.
Análise da OMC sobre a China
De acordo com a OMC, a pandemia foi um forte choque para a economia chinesa, com os setores de serviços financeiros e tecnologia da informação como as exceções.
A partir de meados de 2020, a China começou uma recuperação, sustentada por investimento público e pelo comércio internacional. “Reações políticas rápidas no fiscal e monetário ajudaram a mitigar o impacto econômico da pandemia da Covid-19”, diz.
A estabilidade dos preços continua a ser o principal motivo da política monetária, para a organização. Eles destacam em relatório que o fluxo de investimento direto continuou a crescer entre 2016 e 2019, mas a um ritmo menor que em períodos anteriores.
Devido ao tamanho da crise Evergrande, é possível que a previsão de crescimento da OMC não se concretize. “Há três semanas não víamos nenhum risco iminente de ocorrência de um evento de crédito para a Evergrande. Desde então, houve uma série de contratempos que nos levaram a acreditar que um evento de crédito parece inevitável”, disse a instituição financeira UBS.
Apesar dos credores e títulos de dívida em outros países, uma parte significativa dos principais bancos citados no site da Evergrande são estatais, de desenvolvimento, apólice, entre outros. Analistas já apontam para a possibilidade do PIB da China sofrer com o efeito do Evergrande em outros mercados, para além do imobiliário.
Com informações de Estadão Conteúdo.
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