Após anos de investimento e dúvidas sobre sua própria viabilidade, as Olimpíadas de Tóquio chegarão ao fim no próximo domingo (8). Os jogos de 2020, que aconteceram em 2021 devido à pandemia, foram um dos mais caros da história, chegando a um custo total de aproximadamente US$ 20 bilhões.
A cada quatro anos, vemos os resultados de investimentos cada vez maiores dos países que querem deixar suas marcas na história das Olimpíadas. O próximo será daqui a três anos e já tem dono: Paris.
Essa será a terceira vez que a capital francesa sediará os jogos, já tendo organizado em 1900 e 1924. A edição de 2024 certamente será uma das mais icônicas da história, com o evento voltando ao continente europeu após 12 anos. A cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris está marcada para o dia 26 de julho, e muitos se perguntam como fazer para estar lá.
Um dos maiores sonhos dos amantes dos esportes ou então dos aficionados por viagens é assistir presencialmente as Olimpíadas. Isso, porém, demanda uma preparação financeira certeira e disciplinada.
“Se planejada, qualquer viagem se torna acessível. Quando há organização, é uma questão de tempo”, diz Beatriz Moraes, head de conteúdo e educadora financeira da Ativa Investimentos.
O Suno Notícias elencou os custos e dicas de como esse objetivo pode ser alcançado.
Possíveis cenários para as Olimpíadas de Paris
Antes de determinar onde investir, quanto guardar e quando começar a gastar os recursos para o atingimento do sonho, é necessário estimar qual é o orçamento para a viagem ou então quanto custará o planejamento.
Para entrar na França, brasileiros não precisam de visto para viagens de turismo de duração máxima de 90 dias. No pacote, o viajante deve fazer as contas para, no mínimo:
- Passagem aérea;
- Seguro viagem;
- Hospedagem;
- Alimentação;
- Transporte interno;
- Ingressos.
No que se refere à passagem aérea para Paris, é possível fazer voos diretos ou com escala, na classe econômica, entre São Paulo ou Rio de Janeiro e Paris. Os valores variam entre R$ 3.275 e R$ 5.033. Na classe executiva, os preços podem ficar entre R$ 8.000 a R$ 9.000.
Em relação ao seguro viagem, por sua vez, não tem muito para onde correr. Em função do tratado de Schengen, convenção entre países europeus, o item é obrigatório. Ele pode custar cerca de R$ 200 por uma viagem de sete dias, com assistência médica e reembolso de bagagem extraviada inclusos.
Sobre a hospedagem em Paris, as opções são múltiplas. É possível ficar longe do centro de Paris, ou então dormir às margens do Rio Sena.
Um pequeno flat localizado entre a Torre Eiffel e a avenida Champs-Élysées, por sete noites, custa cerca de R$ 3.579. Já um hotel de três estrelas, na mesma região, por 10 dias, fica em torno de R$ 10.000.
Quanto à alimentação, o site Quanto Custa Viajar prevê uma despesa padrão, para café da manhã, almoço e janta, de R$ 2.581,60. Para refeições mais requintadas, aproveitando a gastronomia francesa, por 10 dias, custaria aproximadamente R$ 5.000, quase o dobro.
O transporte público é tabelado, com pacotes de 10 passagens para ônibus e metrô custando a partir de R$ 104,23.
Ingressos para Olimpíadas de Paris
A parte dos ingressos é a mais incerta. Ainda não existem informações sobre o preço dos tickets de Paris em 2024, ainda mais porque não houve público na edição de Tóquio, então pode ocorrer alguma alteração no padrão dos próximos jogos.
Entretanto, antes da pandemia, os ingressos estavam sendo vendidos, e é possível utilizar aquelas cotações como parâmetro. O ingresso mais barato para a cerimônia de abertura custava R$ 420. Cada evento, seja de esporte individual ou coletivo, custava a partir de R$ 280.
Com base nisso, são estabelecidos dois cenários. O mais simples, padrão, e o mais caro, premium.
PADRÃO (7 DIAS) | |||
PASSAGEM AÉREA | R$ 4.150 | ||
SEGURO VIAGEM | R$ 200 | ||
HOSPEDAGEM | R$ 3.600 | ||
ALIMENTAÇÃO | R$ 2.582 | ||
TRANSPORTE (20 PASSAGENS) | R$ 208,46 | ||
INGRESSOS | R$ 1.260 | ||
TOTAL | R$ 12.000 |
PREMIUM (10 DIAS) | |||
PASSAGEM AÉREA | R$ 9.000 | ||
SEGURO VIAGEM | R$ 200 | ||
HOSPEDAGEM | R$ 10.000 | ||
ALIMENTAÇÃO | R$ 5.000 | ||
TRANSPORTE (20 PASSAGENS) | R$ 208,46 | ||
INGRESSOS | R$ 2.600 | ||
TOTAL | R$ 27.000 |
Vale ressaltar que os valores são por pessoa e o cálculo é aproximado, contando com uma margem de segurança. Ainda não existem passagens aéreas para julho de 2024, tampouco é possível fazer reservas para hospedagens por volta desta data. Além disso, os preços irão variar em função do evento.
A cotação do euro frente ao real também pode sofrer alterações até lá, ficando mais barato ou mesmo mais caro. O câmbio utilizado foi de R$ 6,16.
E depois, o que fazer?
A partir deste momento, o interessado deve pegar a calculadora e fazer suas contas.
Com o prazo para a viagem definido, a renda mensal em mãos e o conhecimento sobre suas despesas fixas e capacidade de poupança, basta colocar a mão na massa.
“Neste caso, como o período já está determinado [julho de 2024], o que a pessoa precisa fazer é correr contra o tempo, se o orçamento estiver muito apertado”, afirma Moraes. “É possível, também, procurar fazer uma renda extra ou enxugar os gastos para proporcionar o cumprimento do objetivo.”
A educador comenta, além disso, que existem viagens e viagens.
Ou seja, enquanto existem programas luxuosos, como é o caso da opção premium, também existem opções mais acessíveis, cortando os gastos de cada um dos itens da viagem para facilitar o atingimento da meta, como mostra o plano padrão.
“Isso casa com o estabelecimento de prioridades. Se é muito importante para você ir às Olimpíadas, talvez seja interessante cortar gastos, sobretudo de lazer, no presente, que não vão te fazer falta no dia a dia, para poder compensar com os Jogos de Paris.”
Quanto poupar e onde investir
O primeiro passo é identificar quanto custa a viagem no total e, consequentemente, quanto sai cada item. Tendo isso em mãos, já é possível concluir se a viagem é mais factível ou fora da realidade. Para ter certeza, contudo, somente fazer as contas.
Moraes comenta que a escolha dos investimentos para se preparar para uma viagem precisa levar em consideração dois pontos.
O primeiro se refere à liquidez. Ela não pode ser maior do que a data do evento, “se não você irá reter os recursos, sem ter acesso a eles — ou então os receberá com alguma variação não prevista”.
O segundo diz respeito ao perfil de investidor. “Não adianta colocar toda a poupança destinada para as Olimpíadas em ações, achando que o capital se multiplicará até 2024, se o perfil estiver mais próximo do conservador”, afirma.
Além do mais, investimentos em Bolsa de Valores são historicamente mais favoráveis no longo prazo. Um período de três anos ainda pode ser considerado de curto a médio prazo.
Dito isto, uma das opções para o investimento é um título do Tesouro Prefixado 2024. Hoje, o governo vende o papel com a rentabilidade anual pré-definida de 9,15%, com vencimento no dia 1º de julho de 2024.
Uma simulação no site do Tesouro Direto mostra que saindo do zero e investindo R$ 319,15 por mês, por 34 meses, é possível chegar no objetivo. O resultado bruto é de R$ 12.279,43, com R$ 234,90 de imposto de renda e R$ 41,99 de custódia da Bolsa, ficando R$ 12.000 líquidos.
Para o caso da opção mais cara, de R$ 27 mil, é necessário investir R$ 718,11 por mês.
Existem outras opções de investimento, mas elas devem seguir o perfil do investidor e ter suas características voltadas para investimentos de curto prazo, com alta liquidez. Vale lembrar que a opção aqui listada não caracteriza uma recomendação de investimento.
Com disciplina, o sonho da Olimpíadas se torna realidade
Com o sucesso esportivo dos Jogos de Tóquio, a despeito de todas as dificuldades sanitárias, assistir à edição de Paris se tornou o sonho de muitos. Mas, somente aqueles que seguirem à risca o planejamento traçado conseguirão.
Antes de tudo, é importante ter estabelecido qual é o custo máximo que o interessado pode arcar e que uma estratégia factível esteja ao alcance dele.
Daqui a três anos, é esperado que o mundo já volte à normalidade, e o público encha as arquibancadas novamente. As Olimpíadas de Paris certamente entrarão para a história, e estar lá — presencialmente — para acompanhar pode se tornar realidade, por mais que hoje pareça inalcançável.
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