O resultado do quarto trimestre da Oi (OIBR3) está previsto para ser divulgado na próxima quarta-feira (27). Entretanto, a grande maioria do mercado não parece animada para o que vem pela frente nos números da tele.
Em recuperação judicial, a OIBR3 está sendo observada com cautela. Após os resultados do terceiro trimestre (3T23) terem ficado abaixo das expectativas de receita líquida e Ebitda negativo (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), analistas aguardam uma continuidade dos desafios operacionais e financeiros.
“A recente prorrogação do período de suspensão de ações da Oi (OIBR3) pela Justiça ressalta as dificuldades enfrentadas pela empresa em sua reestruturação,” conta Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos.
“Minha análise coincide com a preocupação expressa por gestores: os resultados do último trimestre provavelmente não serão animadores”, afirma Murad.
Expectativas para Oi (OIBR3) no 4T23
O consumo de caixa, o Ebitda e a receita, podem dar insights sobre a capacidade da empresa de reverter seu quadro financeiro, explica Murad.
O especialista ainda aponta que o mercado pode esperar resultados semelhantes ou até piores do que os trimestres anteriores.
“A incerteza sobre o futuro da Oi é evidente, refletida na volatilidade das suas ações, que registram uma queda significativa nos últimos 12 meses. Apesar de um viés positivo no ano, as recentes negociações em torno da recuperação judicial têm pressionado os preços das ações”,
“Mais do mesmo”, recapitula Genial
Segundo os analistas da Genial Investimentos, Antonio Cozman, Felipe Mattar e Iago Souza, o resultado da Oi no 3T23 veio abaixo das expectativas da casa, “sem indícios de melhora.”
A research renovou sua recomendação de “venda” para os papéis, colocando o preço-alvo em R$ 0,60 – a cotação atual está em torno de R$ 0,73.
No 3T23, a empresa de telecomunicações apresentou:
- Receita líquida total da Nova Oi de R$2,1 bilhões, 1,3% menor em relação ao trimestre anterior (2T23) e uma queda de 12,6% no ano;
- EBITDA negativo de R$330 milhões, queda na comparação anual de -297,5% e na trimestral de -348,6%;
- Prejuízo líquido de -R$2,8bilhões, uma queda de -12,7% a/a e um aumento de +235,2% em relação ao trimestre anterior;
- Dívida líquida de R$22,7 bilhões, um aumento de +23,9% no ano e +7,1% ante o 2T23.
Recuperação judicial ainda pressiona números da Oi
Enquanto o plano de recuperação judicial da Oi está em andamento, os resultados devem aparecer com o peso da situação da companhia, opina João Daronco, analista CNPI da Suno Research. “Devemos ver resultados ainda pressionados, principalmente por causa da competição no segmento de fibra que tem se acirrado”, explica ele.
Para o analista, à medida que a companhia consiga se impor no “seu mercado de atuação, retomando resultado e market share, podemos esperar o prosseguimento e concretização da RJ, mas ainda é um cenário desafiador.”
Na mesma linha de pensamento, Murad defende que ainda haverá “uma série de negociações contínuas entre a tele e seus credores, para alcançar um acordo de reestruturação viável.”
Segundo Murad, isso pode envolver a revisão e a renegociação dos termos das dívidas, bem como a busca por fontes adicionais de financiamento. Além disso, a empresa provavelmente buscará implementar medidas internas para melhorar sua eficiência operacional e reduzir custos.
Grupamento de ações pode ajudar a OIBR3?
Daronco lembra que o grupamento de ações, anunciado recentemente, ocorre como uma estratégia da Oi para evitar que o papel se mantenha como penny stock (ações de preço inferior a R$ 1,00).
“O grupamento de ações é benéfico para a companhia, pois pode aumentar a atratividade das ações para investidores, especialmente institucionais, e melhorar a percepção do mercado sobre a estabilidade financeira da empresa”, diz Murad.
No entanto, o especialista reforça que este movimento de “maquiagem das ações” não resolve os demais problemas da empresa e que o sucesso da RJ vai depender de “uma reestruturação eficaz e sustentável.”
Sobre a cotação das ações da OIBR3, Murad aponta que um acordo bem-sucedido e favorável com os credores poderia impulsionar as ações, demonstrando confiança na viabilidade futura da empresa.
No entanto, falhas nas negociações ou a necessidade de medidas drásticas, como venda de ativos importantes, poderiam exercer pressão negativa sobre os preços da Oi no mercado hoje.