Com a venda dos ativos por meio de leilões, a Oi (OIBR3; OIBR4) tem sido destaque no mercado acionário. A operadora que está em recuperação judicial chamou a atenção de grandes empresas do ramo de telefonia móvel e tem gerado ao mercado uma expectativa sobre o futuro da companhia. Afinal, com tantas movimentações, quais são as perspectivas futuras para os papéis da Oi em 2021?
Para responder essa pergunta nós do SUNO Notícias conversamos com os mesmos especialistas da matéria “Vale a pena investir na Oi” que na época, antes dos leilões, apontaram que sim valeria a pena, sobre quais são as perspectivas para a tele no ano que vem.
Todos os especialistas apontaram que 2021 pode ser um ano promissor para operadora devido ao seu processo de reestruturação, no qual a empresa está desmembrando seu negócio com o objetivo de redirecionar seu foco em fibra ótica.
Perspectivas para o ano de 2021
Antes de falarmos do futuro, vale destacar que a Oi teve um ano intenso em 2020. No período de um ano, as ações da tele apresentaram forte recuperação em seus papéis.
Para base de comparação, o papel ordinário da companhia (OIBR3) em 10 de dezembro de 2019 era cotado a R$ 0,94. Já nesta mesma data em 2020, a ação encerrou negociada a R$ 2,43. Isso porque a empresa está em processo de reestruturação.
Rodrigo Weinberg, analista da SUNO Research, diz que em um passado não tão distante, era difícil enxergar perspectivas positivas em 2021. Isso porque pairavam dúvidas sobre a venda dos ativos, pagamentos de dívidas e o cumprimento das metas.
No entanto, ao analisar o decorrer do ano de 2020, as perspectivas estão “cada vez mais claras”.
“Se tivessem me perguntado 6 ou 12 meses atrás eu responderia que as perspectivas são de bastante dificuldade, tendo em vista que a companhia tinha muitas incertezas no seu futuro próximo. Mas a Oi tem cumprido os seus guidances, tem conseguido enxugar a estrutura vendendo ativos e pagando os seus credores. A Oi está conseguindo cumprir com o seu plano estratégico”.
O ano novo para Oi pode ser de fato um ano totalmente novo. A operadora passou por várias notícias positivas, como a aprovação da nova recuperação judicial, a aprovação da lei de falências e os leilões de seus ativos.
Em junho de 2016, a Oi entrou com pedido de recuperação judicial com a finalidade de negociar a dívida que estava em R$ 65,4 bilhões, e de uma proteção judicial contra a falência.
Operadora mudou sua proposta de recuperação
Em agosto deste ano, a operadora modificou sua proposta de quatro anos atrás. O plano atual prevê a venda de redes móveis, torres, data centers e parte da rede de fibra ótica. O recurso será usado para fazer o pagamento antecipado de dívidas, com cortes dos valores na faixa de 50% a 55%.
“2021 se inicia como um ano diferente porque a empresa já começa a ficar bem estruturada financeiramente, e agora vai passar a focar em seus ativos de fibra ótica, que será o seu principal e mais rentável negócio”, disse o analista da corretora Guide, Henrique Esteter.
No mês passado, a Advocacia-Geral da União (AGU) forneceu um desconto de quase 50% no valor de R$ 14,3 bilhões que a operadora devia à União. Agora a tele deverá pagar apenas R$ 7,2 bilhões à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Leilões da Oi aumentam a expectativa do mercado
Já para o final deste ano, como parte das movimentações da operadora, tivemos os acontecimentos mais aguardados do mercado: os leilões.
Em 26 de dezembro a Highline foi declarada vencedora no leilão das torres de telefonia móvel da Oi. A oferta vinculante foi de R$ 1,067 bilhão. Já a Piemonte levou a unidade produtiva isolada (UPI) de data centers da operadora pelo valor de R$ 325 milhões.
Parte do otimismo do mercado com os papéis da Oi está na venda desses ativos, a transação depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), “o que deve ocorrer”, segundo o analista Esteter.
A venda de torres e data centers vai de linha com seu plano estratégico, dessa forma, a tele sinaliza ao mercado que está cumprindo com o que se propôs a fazer.
“A companhia conseguiu enxugar a sua estrutura e levantar caixa em um momento bem difícil. A Oi possui diversos credores e é essencial a venda destes ativos para prosseguir o plano de recuperação judicial”, apontou Weinberg.
Leilão de telefonia móvel foi o maior
Ocorreu também no dia 14 de dezembro, o leilão de telefonia móvel da operadora que foi arrematado pelo consórcio formado pela Vivo (VIVT3), Tim (TIMS3) e Claro. A expectativa do mercado é que o consórcio pague R$ 16,5 bilhões pelos ativos da operadora.
Além de levantar caixa com os respectivos leilões, a companhia tem direcionado o seu investimento em seu principal negócio: a fibra ótica.
“Com a venda dos ativos móveis a Oi passará a ser uma empresa focada na infraestrutura com foco na sua rede de fibra ótica, base para a sustentação das exigências tecnológicas do setor”, apontou o analista chefe da Planner Corretora, Mario Mariante.
Esse segmento é tão importante para tele, que expressa também o crescimento da companhia. “Há dois anos atrás a Oi tinha 100 mil clientes, ano passado o número era de 700 mil. Hoje a rede de fibra ótica da Oi possui cerca de 2 milhões de clientes. Crescimento exponencial”, analisou o especialista da SUNO.
Foco na Fibra Ótica em 2021
Portanto, com base nesse ativo tão importante, os investidores estão ansiosos pelo próximo capítulo da recuperação judicial. que se trata da venda de parte da InfraCo, empresa de fibra ótica da Oi.
Diferente de como aconteceu em outros leilões, nos quais a empresa se desfez de 100% dos ativos, a Oi vai manter uma fatia minoritária na InfraCo.
De acordo com o plano de reestruturação, a operadora venderá 51% das ações ordinárias, ou seja ficará com 49%. O comprador terá de pagar o preço mínimo de R$ 6,5 bilhões, assumir dívidas de R$ 2,4 bilhões e investir R$ 5 bilhões na companhia.
Em 22 de janeiro de 2021, a operadora receberá as ofertas pelo ativo que conta com 400 mil quilômetros de fibras óticas no País.
Fibra atrai vários interessados
Segundo o site NeoFeed, entre os interessados, está a Highline, um fundo gerido pelo BTG Pactual (BPAC11) e a empresa de energia Enel, que controla a Ufinet, empresa de telecomunicações.
“O ponto principal da Oi é a fibra ótica. No leilão de fibra ótica é importante saber qual o percentual será vendido, para quem será vendido e entender quem irá fazer essa parceria na Infraco”, disse Esteter.
Em 2021, o foco dos investidores deve ser em assuntos que envolvam a rede de fibra. Mas Weinberg aponta também para outros temas que devem ficar no radar dos que acompanham a tele.
“Para os investidores de Oi eu diria que eles precisam acompanhar principalmente o tema de fibra ótica e algumas métricas da Oi, por exemplo o número de casas conectadas e casas passadas, observar se este número se comporta como o previsto pela companhia, se ele está acima ou abaixo e o porquê disso”.
“O futuro da Oi está nesta direção e a companhia depende do desenvolvimento de um rede de clientes para isto”, completou o analista da SUNO.
Quais os riscos e oportunidades?
Apesar de tudo parecer lindo para a operadora no ano que vem, os seus papéis também correm riscos. O primeiro risco é a dependência de aprovação pelas agências reguladoras para que seja concluído o negócio referente aos leilões da Oi Móvel.
Caso o Cade e a Anatel barrem este negócio, a operadora terá problemas de prosseguimento do seu plano de recuperação judicial e problemas para pagar os credores.
Além disso, o analista da SUNO alerta também para outro tipo de risco: o operacional. Na análise de Weinberg, é um risco a expansão da rede de fibra não sair como planejada, devido ao aumento de concorrência, dificuldade de conversão ou qualquer outro motivo.
“As receitas oriundas da rede de cobre vêm caindo. Caso não haja uma compensação com a rede de fibra, a companhia poderá queimar muito mais caixa do que estava planejado”, apontou o especialista.
Aprovação das agências reguladoreas no radar
Os riscos e as oportunidades caminham lado a lado quando se trata de Oi. Os especialistas apontaram que se houver a aprovação das agências reguladoras, os papéis tendem a subir.
“Caso a companhia continue agindo e cumprindo o seu plano estratégico, cumprindo guindance de casas passadas e conectadas, mostrando evolução na sua rede de fibra, acredito que estas são as principais oportunidades que a Oi deve ter em seu futuro”, analisou Weinberg.
“Temos uma boa perspectiva, o pior da companhia já ficou para trás. Agora é um futuro interessante, no papel está bonito, mas vamos acompanhar o dia-a-dia, o operacional e os números conforme forem divulgados, vamos ver se serão condizentes com a expectativa que a própria Oi criou no mercado”, concluiu Esteter.