O leilão das torres e data center da Oi (OIBR3), que ocorreu nesta quinta-feira (26) vem sendo considerado por executivos da companhia como o primeiro passo real para o fim da recuperação judicial em que a empresa de telefonia se encontra desde de 2016.
Apesar de o valor não ter sido suficiente para deixar tais executivos da Oi animados, segundo apurou o SUNO Notícias, há um clima de otimismo na liderança da empresa de telefonia sobre os próximos passos.
Os ativos leiloados nesta quinta foram arrematados por cerca de R$ 1,3 bilhão pelas empresas Highline, que ficou com as torres de telefonia móvel, e Piemonte, que levou unidade produtiva isolada (UPI) de data centers.
De acordo com um executivo da Oi, o leilão dos ativos deve auxiliar o caixa da empresa e diminuir despesas em termos futuros, sendo considerado um primeiro passo importante.
“O leilão [ajuda na sobrevida da empresa], mas o [leilão] do ativo celular será mais necessário”, disse uma fonte com conhecimento do assunto. “Depois virá o de infra. Aí sim, a empresa equacionaria a recuperação judicial“, afirmou ao SUNO Notícias.
Para Henrique Esteter, analista Guide, o leilão desta quinta, apesar de ser o menos representativo entre as vendas, é o primeiro passo no processo de desinvestimentos da companhia, que deve ocorrer até o começo do ano que vem.
“A sinalização de que temos demanda é positiva, apesar de já termos projetado, foram valores condizentes com os ativos. A grande batalha serão os próximos seja por conta de uma demanda maior, como também pelo valor dos ativos que são mais expressivos”, disse.
A Oi entrou com o pedido de recuperação judicial no dia 20 de junho de 2016, à época com cerca R$ 65,4 bilhões em dívidas. Desde então, credores e acionistas aprovaram um plano de venda de ativos para que a empresa possa voltar a operar normalmente.
Mas, a possibilidade de comercializar tais ativos veio em outubro deste ano, com a homologação de um novo plano de recuperação judicial da empresa.
Com o novo plano, a tele pôde colocar em prática o novo plano, que prevê a venda de cerca de R$ 22 bilhões em ativos, como torres, data centers, redes móveis e metade do negócio de fibra.
O mercado, porém, já precifica que, com mais concorrência pelos próximos ativos, os leilões podem injetar algo próximo de R$ 26 bilhões na empresa, segundo o último balanço publicado pela empresa.
Oi espera novos players e maiores ofertas em próximo leilão
Além do leilão desta quinta, no dia 14 de dezembro irá ocorrer o leilão de ativos de telefonia móvel. Nele, as operadoras Claro, TIM Brasil e Telefônica oferecem uma proposta vinculante de R$ 16,53 bilhões.
Já para o de UPIs de infraestrutura de fibra óptica e de TV por satélite, a companhia de telefonia ainda não definiu a proposta base para o leilão, mas a deve girar em torno de R$ 6,5 bilhões em dinheiro mais R$ 2,4 bilhões em dívidas da Oi.
De qualquer forma, para esses dois próximos pregões, a Oi espera que outros players possam disputar o ativo, elevando as ofertas.
“O rito tem aprovação do juiz da recuperação. Acho que a atratividade de interessados seja a questão. Os demais ativos certamente serão mais atrativos”, disse o executivo.
No leilão desta quinta (26), apenas Highline e Piemonte fizeram ofertas pelos ativos da Oi. O Pátria Investimentos até chegou a se habilitar para a disputa, porém não apresentou proposta.
A Oi foi formada a partir da Telemar em 1998. Até 2010, a companhia passou a comprar concessionários menores pelo Brasil, quando era considerada a empresa que seria uma espécie de “supertele nacional”. No ano seguinte, a Portugal Telecom entrou no chamado grupo de controle da Oi. Em 2013, a Oi realizou uma fusão com a Portugal Telecom.
Mas, em 2016, com dívidas crescentes, a Oi teve de entrar em recuperação judicial. Desde então, credores e acionistas negociam uma maneira de a empresa voltar ao setor e ser competitiva novamente.