A Enel apresentou uma proposta para a compra da rede de fibra óptica da Oi (OIBR3). Segundo informações da revista “Exame”, a companhia italiana pretende pagar R$ 11,5 bilhões pela operação da tele brasileira.
A empresa, que atua na distribuição de energia em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Goiás, terá forte concorrência. A Highline, que fez uma oferta operação móvel da Oi, também teria interesse na rede de fibra da companhia.
O BTG Pactual (BPAC11), na qualidade de representante de um de seus fundos de private equity, também realizou uma proposta por 51% da rede de fibra da companhia. Ademais, na última quarta-feira, a agência de notícias “Bloomberg” informou que a Brookfield Asset Management e o Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB) estudam uma oferta pela rede.
A tele brasileira pretende vender até 51% de sua rede de fibra — chamada de Infra Co. –, o que ajudaria em seu processo de recuperação judicial, instaurado em 2016. O preço mínimo para a alienação da rede é justamente o ofertado pela Enel, R$ 11,5 bilhões. Do total, o valor seria dividido em R$ 6,5 bilhões por 51% das ações ordinárias da companhia de fibra, acrescida de uma capitalização de R$ 5 bilhões de reais no negócio — quase metade dessa parte seria utilizada para pagar dívidas da Oi junto a credores.
De acordo com a “Exame”, a Enel entende que existe uma grande sinergia entre a rede elétrica e de telecomunicações em função do direito de passagem que as distribuidoras de energia já detêm sobre os postes, fazendo com que a transmissão para as residências dos clientes fosse facilitada.
O grupo italiano criou uma vertente internacional que opera neste ramo, a Enel X, a qual a atuação na América Latina é feita através da Ufinet.
No País, a operação foi iniciada com a compra da Netell, detentora de redes em São Paulo e regiões próximas, em julho de 2019. No fim do ano passado, mesmo após o negócio, em evento realizado pela Anatel, um representante da Ufinet disse que estudava a construção de uma rede em São Paulo.
Além disso, a companhia italiana já possui uma das redes de fibra óptica da Itália, a OpenFyber, considerada uma “rede neutra“. A aquisição da rede da Oi também poderia estimular o modelo de negócio no Brasil.
Interessados na Oi Fibra
Os interessados na rede de fibra da Oi entregaram suas ofertas à companhia no fim do mês passado. A tele brasileira já disse a cada um dos interessados quem foram os selecionados para a próxima fase. Nela, os concorrentes poderão acessar documentos da empresa e, então, registrar uma oferta vinculante (com garantia de compra).
A Telefônica, controladora da Vivo (VIVT4), e a TIM Brasil (TIMP3) estão adotando medidas similares para seus ativos. As companhias podem vender parte das suas redes de infraestrutura no atacado para concorrentes locais menores.
Segundo a revista, até o momento a Oi foi a única que colocou à venda o controle da operação. O interessado precisa adquirir no mínimo 51% do capital votante –- o equivalente a ao menos 25,5% do capital total do negócio. A proporção pode variar de oferta para oferta.
A Telefônica está oferecendo metade do negócio e manterá a gestão do negócio. A companhia está comercializando ao mercado apenas a rede fora de São Paulo, sua área original de concessão, por entender ser mais seguro. A TIM, por sua vez, ainda não definiu o modelo do negócio, mas já está em conversas com interessados.
Entre as três, a rede da Oi é consideravelmente maior: opera no Brasil inteiro, não limitando as regiões em que oferece a infraestrutura. Todavia, parte da rede — sobretudo a dos cabos — não será vendida, mas estabelecido um contrato de uso que funciona quase como propriedade.