Oi (OIBR3): administrador da recuperação judicial quer mais R$ 21,8 mi em honorários, diz jornal
Administrador da recuperação judicial da Oi (OIBR3), o escritório Arnoldo Wald pediu na Justiça “honorários complementares” no total de R$ 21,8 milhões, informou o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
O processo de recuperação judicial da Oi, que começou em 2016, está perto do fim — deve se encerrar em agosto. A dívida da Oi beira os R$ 65 bilhões. O administrador já recebeu R$ 70 milhões em honorários, segundo a coluna de Jardim.
O relatório final sobre o processo de recuperação judicial da Oi foi entregue na noite em 27 de junho pelo Wald Advogados à 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O escritório concluiu que 35 mil credores com créditos de até R$ 50 mil foram excluídos da lista, pois já tiveram suas dívidas quitadas.
No relatório da Oi, o escritório aponta que foram aplicadas 37,2 mil sentenças, algo nunca visto em casos de recuperação judicial. “Apesar do trabalho incansável, a média mensal de 1.074 incidentes distribuídos desde o início da fase judicial de habilitação e impugnação de crédito não permitiu que todos ainda fossem encerrados, permanecendo em tramitação 27.158 incidentes processuais.”
Além disso, o administrador judicial informou que foram 31,2 mil acordos de pagamento adiantado de créditos desses credores menores, além de mais de 4,6 mil em Portugal. No total, a Oi pagou R$ 640 milhões a credores concursais.
Para os credores parceiros, a companhia pagou o montante total de R$ 2,4 bilhões. A dívida da Oi de R$ 3,3 bilhões do BNDES foi paga após a conclusão da venda da Oi Móvel. Por sua vez, a dívida com a Anatel, ficou em R$ 9,1 bilhões, mas considerando a quitação de parte do valor, no final ficaram R$ 7,3 bilhões.
O escritório ainda informou em seu relatório que o processo da Oi se trata da maior recuperação judicial da América Latina.
Fim do processo de recuperação judicial da Oi deve acontecer nas próximas semanas
O fim do processo de recuperação judicial da Oi (OIBR3) deve acontecer em breve.
Ao todo são 60 mil credores e mais de 30 mil incidentes julgados, mas a advogada Adriana Conrado Zamponi, sócia do escritório Wald, estima que haja em torno de 55 mil credores no momento, pois os que já foram pagos saíram da lista.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, a advogada explicou que a saída da recuperação judicial não significa que a empresa liquidou todas as suas dívidas. “Significa que foi aprovado o plano de recuperação judicial e que a empresa está apta a seguir sem fiscalização.”
Com isso, o juiz avalia que a empresa vai cumprir o plano de pagamento de credores.
“Quando o plano de recuperação é aceito, o juiz não tem ingerência na viabilidade econômica da companhia. Se a empresa não cumprir, cabe ao credor ir à Justiça reclamar”, explicou a advogada ao veículo.
Entenda a recuperação judicial da Oi
O maior processo de recuperação judicial já ocorrido no Brasil iniciou em 2016, quando a Oi tinha dívidas no valor de R$ 65,4 bilhões. Em 2020, a Justiça aprovou a divisão dos ativos da companhia em cinco Unidades Produtivas Isoladas (UPIs), vendidas neste ano.
As 5 UPIs foram:
- UPI TVCo
- UPI Torres – A venda foi realizada para a Highline por um valor de R$ 1,06 bilhão
- UPI Data Center – Vendida para a Titan no valor de R$ 325 milhões
- UPI Ativos Móveis -Vendida para o consórcio (TIM, Vivo e Claro) por R$ 16,5 bilhões
- UPI InfraCo – Vendida aos fundos do BTG Pactual por R$ 12,9 bilhões
Em junho de 2021 a dívida bruta da Oi era de R$ 29,1 bilhões e o total a ser arrecadado pela empresa na alienação das Unidades Produtivas Isoladas (UPIs) totaliza cerca de R$ 30,8 bilhões.
A operadora conseguiu um desconto de 54,9% em suas dívidas com a Anatel. Com isso, o total da dívida da Oi passou de R$ 20,2 bilhões para R$ 9,11 bilhões. Mas, considerando os depósitos judiciais já efetuados pela operadora nos últimos anos, a Anatel deve receber agora o montante de R$ 7,33 bilhões.
Apesar do descontão, o mercado avaliou o desfecho da Oi pior do que o esperado. Pela legislação revisada, utilizada pelo BTG Pactual para fazer as estimativas, o desconto na dívida poderia chegar a 70% “Embora reduzir um passivo de R$ 20,2 bilhões para R$ 7,3 bilhões não possa ser considerado um mau negócio, é pior do que nós (e o mercado, acreditamos) esperávamos”, diz o relatório do banco de investimentos.
Oi: lucro de R$ 1,782 bilhão no 1T22
A Oi fechou o primeiro trimestre de 2022 (1T22) com lucro líquido de R$ 1,782 bilhão, segundo balanço publicado nesta quarta-feira (29) durante a madrugada. Com esse número, a companhia reverte o prejuízo de R$ 3,038 bilhões que foi registrado no mesmo período em 2021.
No balanço da Oi, a operadora justifica o lucro bilionário com o resultado financeiro líquido positivo de R$ 1,87 bilhão e uma despesa de imposto de renda e contribuição social no valor de R$ 363 milhões.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização, o Ebitda da Oi, saltou 9,9% no primeiro trimestre deste ano, totalizando R$ 1,252 bilhão. A margem Ebitda foi de 28,4% nos três primeiros meses de 2022, alta de 2,8 p.p. na comparação com o mesmo período no ano passado.
Por sua vez, a receita líquida operacional ficou estável, com registro de R$ 4,41 bilhões – cifra quase igual aos R$ 4,45 bilhões registrados em igual período no ano anterior.
No comparativo anual, o resultado financeiro mostra um crescimento de 54% na receita gerada com operações de fibra e cerca de 43% residência a mais com serviços da companhia.
Em meio aos imbróglios da recuperação judicial e da venda de ativos, a gestão da companhia aponta um crescimento de 65% na receita gerada com operações fora do segmento de telecomunicações.
A dívida bruta consolidada da Oi registrou um saldo de R$ 33,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano, representando uma redução de 6,9% ou R$ 2,4 bilhões em relação ao registrado no quarto trimestre do ano passado.
“A redução no trimestre é decorrente, principalmente da valorização do Real versus Dólar de 15,1%, somada á amortização dos juros do “Bond” qualificado e do “Bond” sênior no valor de R$ 645 milhões.”
Já no comparativo anual, por sua vez, houve um aumento do endividamento de 18,5% ou R$ 5,2 bilhões. Segundo a operadora, essa alta é em razão da desvalorização do Real versus Dólar de 3,0% e também consequência dos desembolsos realizados no período, como:
- debênture privada da 2ª emissão no valor de R$ 2 bilhões (da Oi móvel)
- “Bond” sênior no valor de US$ 880 milhões (da Oi móvel)
- debênture privada na V.tal no valor de R$ 2,5 bilhões
“Há que se ressaltar que, grande parte dos recursos provenientes do “Bond” sênior foram utilizados para o pré-pagamento da debênture privada 1ª emissão da Oi Móvel, em julho de 2021, compensado, em parte a elevação no período.”
Com isso, a dívida líquida da Oi totalizou R$ 31,4 bilhões no período, montante 3,5% menor em comparação com o quarto trimestre de 2021, mas 24,8% superior em relação ao primeiro trimestre de 2021.
“A piora do cenário macro, juntamente com maiores churn involuntário [métrica que indica o quanto sua empresa perdeu de clientes], levou à fraqueza. Esperamos que as adições líquidas melhorem ligeiramente nos próximos trimestres”, informou o relatório do BTG Pactual.
Oresultado da Oi era muito aguardado pelo mercado após a companhia adiar a sua publicação duas vezes, o que acompanhou a deterioração das ações
A companhia também contabiliza a venda de ativos, como a a venda da unidade de fibra ótica, a, V.tal, para o BTG Pactual (BPAC11). Em meio a esse cenário, a empresa pediu prazos mais folgados para elaborar seu Formulário de Informações Trimestrais (ITR) a fim de “garantir a divulgação de informações precisas, consistentes e completas aos acionistas e ao mercado”.
A Oi citou a ‘complexidade dos trabalhos de segregação dos ativos das três SPEs que integram a UPI Ativos Móveis’.