Oi (OIBR3): Por que as ações subiram tanto nos últimos dias? Genial responde
Entre sexta (14) e esta terça-feira (18), as ações da Oi (OIBR3) valorizaram 26%, registrando saldo positivo de 7,89% no ano. Segundo o analista Gabriel Tinem, da Genial Investimentos, parte desses ganhos são reflexo de alguns rumores e especulações do mercado financeiro.
Em relatório publicado na terça-feira, o analista cita que o primeiro rumor foi em relação a uma possível adesão de novos interessados na compra dos ativos móveis da Oi, o que acirraria a disputa tanto pelas faixas de frequência da companhia quanto pela base de clientes.
Também especulava-se no mercado sobre uma reunião na terça dos responsáveis jurídicos da TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3), Claro e Oi com Alexandre Cordeiro Macedo, presidente do Cade.
A venda da Oi Móvel é o próximo passo da companhia para a saída da recuperação judicial (RJ) e por isso seria vista com tanto interesse pelo mercado. Além disso, a situação de caixa da companhia começa a se complicar em 2022, visto que o aumento dos custos com a inflação e o dólar alto pressionam a empresa.
Ao fim do terceiro trimestre, a companhia estava com R$ 4,13 bilhões em caixa, queda de 27,3% na comparação com o mesmo período de 2020. A dívida líquida, por sua vez, totalizava R$ 29,89 bilhões, um número 16,4% maior na comparação trimestral.
Em busca da saída da recuperação judicial
No aditamento do processo de recuperação judicial da Oi, houve a separação dos ativos da companhia em 5 conjuntos, as chamadas UPIs (Unidades Produtivas Isoladas), explica Tinem.
Das 5 UPIs, duas já foram totalmente vendidas (UPI Torres e UPI Data Center), uma ainda está em procura de interessados (UPI TVCo), outra recebeu o aval positivo do Cade em dezembro de 2021 (UPI InfraCo) e a Oi Móvel (UPI Ativos móveis) que está sob análise do Cade.
“A venda da Oi Móvel representaria para a companhia cerca de R$ 16,5 bilhões, o que em conjunto com a venda da InfraCo (R$ 12,9 b) seriam mais do que suficientes para que a empresa arcasse com suas dívidas e encaminhasse o processo de saída da recuperação judicial prevista para ocorrer em março de 2022”, afirma o analista.
Porém, o processo está travado por conta da recomendação de aprovação da Superintendência do Cade, que foi dada com adoção de certos “remédios”, medidas negociadas entre as empresas para mitigar riscos concorrenciais, que ainda estão sendo analisados. A autarquia tem até o final de fevereiro para concluir o processo.
Remédio para destravar Oi Móvel
A Oi móvel possui 16,36% do mercado de serviços móveis brasileiros. Com sua saída do segmento, esse percentual será dividido entre as compradoras dos seus ativos: Tim, Vivo e Claro. Isso significa que os serviços móveis no Brasil ficariam concentrados nessas três empresas, visto que, juntas, elas somam o montante de 98% da base de clientes do País. Concorrentes menores se viram ameaçados com a situação.
Em novembro de 2021, o Tribunal do Cade recomendou que o negócio fosse aprovado, mas com a adoção de “remédios”, são eles:
- adoção de contratos de RAN sharing: compartilhamento de recursos entre duas empresas
- aluguel de espectro: empresas menores poderiam oferecer serviços móveis a partir desses espectros alugados em municípios com menos de 100 mil habitantes,
- operadoras de rede móvel virtual: em que uma operadora compra o direito de utilizar parte da infraestrutura oferecida por uma ou mais operadoras móveis que possuem torres e antenas para acessar às redes móveis em atacado aos demais players; e
- além de Acordo de Roaming nacional.
Oi na Bolsa
A Genial tem uma recomendação de manter para as ações ordinárias da Oi, com preço-alvo de R$ 1,20 – correspondente a 58% de valorização com base no fechamento de segunda (R$ 0,76).
Nesta quarta, por volta das 12h (horário de Brasília), as ações da Oi apresentavam queda de 5,75%, para R$ 0,82. Já os papéis preferenciais da Oi (OIBR4) caíam 5,41% no mesmo horário, para R$ 1,40.