Com a nova recuperação judicial da Oi (OIBR3), os acionistas da companhia podem ser diluídos em até 80%, de acordo com o BTG Pactual (BPAC11). Em relatório publicado na segunda (6), os analistas detalharam os possíveis impactos do novo capítulo da novela jurídica protagonizada pela empresa de telecomunicações há anos.
Os analistas do BTG Carlos Sequeira, Osni Carfi e Guilherme Guttilla reforçaram que a companhia chegou a um acordo da reestruturação da dívida com os bondholders e os ECAs (Export Credit Agencies) — os bancos não estão incluídos neste cenário.
Nesta terça (7) as ações da Oi sobem 20% no intradia, cotadas a R$ 1,73.
“O objetivo é renegociar esses passivos, juntamente com suas dívidas bancárias, além de emitir um novo instrumento de dívida e um financiamento DIP para financiar as necessidades de caixa de curto prazo. A proposta de reestruturação e a nova dívida estão sujeitas à aprovação do novo processo de recuperação judicial da companhia”, destacaram os especialistas.
As dívidas da Oi com bonds, ECAs e bancos totalizam R$ 29 bilhões. “Esses débitos poderiam ser reduzidos de R$ 29 bilhões para R$ 14 bilhões, sendo que a queda de R$ 15 bilhões seria transformada em patrimônio pela emissão de mais ações, semelhante ao que foi feito na primeira RJ”, comentaram.
A diluição máxima proposta pela empresa é de 80%, o que significa que os atuais acionistas da Oi ficariam com uma participação de pelo menos 20%.
“Atualmente, a Oi possui 596 milhões de ações em circulação, podendo emitir até 2,4 bilhões de novas ações. Considerando que o valor de mercado da empresa é de atualmente R$ 800 milhões, os R$ 15 bilhões em dívidas se transformariam em R$ 640 milhões em patrimônio líquido (96% abaixo do valor da dívida)”, projetaram.
De acordo com o time do BTG, os acionistas teriam de comprar ações da Oi a mais de R$ 6 para evitar essa diluição. “Não acreditamos que algum acionista faria isso”, afirmaram.
Oi: Nova recuperação judicial
Menos de três meses após o término da recuperação judicial da Oi, a companhia voltou à Justiça e protocolou um novo pedido de RJ na última quarta (1º).
“O ajuizamento do pedido de recuperação judicial é um passo crítico na direção da reestruturação financeira e busca da sustentabilidade de longo prazo da companhia e de suas subsidiárias”, disse a companhia no comunicado publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A empresa de telecomunicações informou ao mercado que tem em mãos um potencial empréstimo DIP de US$ 275 milhões.
No financiamento DIP, as instituições que emprestam esse dinheiro “furam a fila” e passam na frente dos demais credores na hora dos pagamentos das dívidas.
A primeira recuperação judicial da empresa listada na Bolsa com o ticker OIBR3 começou em 2016 e terminou no final do ano passado. Assim, a empresa conseguiu reduzir as dívidas de R$ 90 bilhões, em valores atualizados, para R$ 33 bilhões.