Período turbulento na Oi (OIBR3): após o 2T23, há sinais de melhora para a tele? Analistas respondem

A Oi (OIBR3) divulgou no último dia 10 seu resultado no segundo semestre do ano. A tele apurou um prejuízo de R$ 845 milhões. No mesmo período de 2022 (2T22), o prejuízo da empresa tinha sido de R$ 497 milhões – que aumentou, portanto, 70% no 2T23.

A Genial Investimento observou os números do balanço da Oi para entender as perdas da empresa. Os números indicam que o período turbulento da companhia, em sua segunda recuperação judicial, está longe de passar.

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“A empresa novamente apresentou um resultado fraco no 2T23 e continua com poucos sinais de melhoria para o futuro. A companhia se encontra numa situação complexa em sua segunda RJ, com queima de caixa e um endividamento exorbitante”, dizem os analistas Antonio Cozman, Felipe Mattar e Iago Souza, da Genial.

A Genial mantém recomendação de venda das ações, e reduziram o preço-alvo de R$ 1,00 para R$ 0,90.

No fechamento da Bolsa, na sexta, as ações da Oi fecharam em queda de 2%, cotadas a R$ 0,98. Os papéis caíram 82% em 12 meses e recuam 3,92% em agosto.

Cotação OIBR3

Gráfico gerado em: 13/08/2023
6 Meses

Dizem os analistas da Genial sobre os números da Oi no 2T23: “A receita líquida total caiu 2,8% ante o último trimestre e 11,2% na comparação anual, chegando a R$ 2,4 bi e terminando o trimestre 3,2% abaixo das nossas expectativas.”

E completam: “O aumento da receita de serviços core (Oi Fibra e Oi Soluções, que atingiram R$ 1,1 bi e R$ 705 mi, respectivamente) foi superado significantemente pela queda na receita de serviços legados (que atingiu R$ 250 mi e apresentou queda de R$253 mi na comparação anual), o que explica a desaceleração da receita total neste trimestre.”

O Ebitda de rotina da Oi (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) teve queda de 43,2% t/t e 65,7% a/a e ficou em R$ 133 mi, “abaixo das nossas expectativas”. O relatório da Genial sobre a Oi explica: “Esse desempenho foi reforçado principalmente pelo crescimento dos custos relacionados ao aluguel da rede que suporta a operação de fibra, incorridos pela venda da UPI InfraCo.”

Outro fator impactante “veio da manutenção da operação legada e teve efeito adverso na receita da Oi, que já desacelerava e vinha abaixo do esperado. Itens não-rotina totalizaram R$ 91 mi e refletem a transição das SPEs móveis para as compradoras da base móvel – Claro, Tim (TIMS3) e Telefônica Brasil (VIVT3).”

Os analistas da Genial notaram que o prejuízo da Oi de R$ 845 mi representou uma melhora sequencial de 33,3% e piora de 163,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. “Esse desempenho se deu especialmente pela venda de sua base móvel e ineficiência no gerenciamento das operações restantes”, dizem.

A Genial destaca ainda três pontos de preocupação com o desempenho da Oi, que incluem:

  • Queima de caixa operacional de R$134 mi. “A empresa gerou um caixa operacional de R$ 134 mi no 2T23 (+416,9 t/t;-79,3% a/a), porém com a captação do DIP a empresa terminou com um caixa de R$2,6bi (-49,3% a/a).”
  • Endividamento continua subindo. “Dívida líquida aumentou 1,2% t/t e 31,5% a/a em decorrência do recebimento da primeira tranche do DIP Loan (U$$200 mi), atingindo R$ 21,2 bi.”
  • Custos e Despesas caíram, mas continuam em patamar alto. “Houve uma queda de 0,3% t/t e 2,1% a/a nos custos e despesas, que atingiram R$2,3 bi e representam uma melhora no manejo de custos operacionais vindos principalmente de políticas de gastos mais conservadoras além de um alívio significante proveniente da alienação da operação móvel da companhia. A linha ficou 5,3% acima das nossas expectativas.”

Oi: prejuízo caiu, mas na comparação trimestral

No primeiro trimestre deste ano, o prejuízo da Oi tinha sido de R$ 1,267 bilhão. O prejuízo teve uma redução de 33,4% no 2T23, quando comparado ao trimestre imediatamente anterior.

receita líquida consolidada da Oi foi de R$ 2,434 bilhões, considerando apenas as operações no Brasil. Esse valor corresponde a uma baixa de 11,2% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.

Conforme explicado no relatório de resultados da Oi, essa queda se deu com a “comparação assimétrica entre os períodos, visto que os resultados da InfraCo foram consolidados até a alienação desta UPI em 9 de junho de 2022”.

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Dívida líquida e mais resultados da Oi

O Ebtida de rotina, levando em conta apenas as operações brasileiras, terminou o segundo trimestre em R$ 129 milhões, menor que o registrado no 2T22.

Esse valor foi “impactado pela venda da UPI InfraCo a partir de junho de 2022 refletindo o crescimento dos custos de aluguel de rede que suportam o crescimento da operação de fibra”, explicou o balanço da Oi.

Além disso, esse resultado também teve o impacto das despesas crescentes para a manutenção da operação legada. Nesse caso, as receitas mostram uma desaceleração mais rápida que os custos, em razão das limitações de medidas de eficiência por conta das obrigações regulatórias.

resultado financeiro líquido da Oi mostrou um prejuízo de R$ 565 milhões no segundo trimestre de 2023.

Um dos destaques citados no relatório da Oi no 2T23 foi a primeira tranche do financiamento DIP, que foi recebida em junho de 2023. Os juros líquidos tiveram baixa com a diminuição do endividamento da Oi, em razão dos pré-pagamentos feitos no 2T22, depois de concluídas as vendas de ativos.

dívida bruta chegou a R$ 23,7 bilhões no 2T23, com um crescimento anual de 12,3%, em meio ao recebimento da primeira tranche do financiamento DIP, no montante de US$ 200 milhões. Essa dívida também teve um impacto positivo decorrente da variação cambial.

Por fim, a dívida líquida da Oi chegou a R$ 21,198 bilhões no segundo trimestre de 2023, com aumento de 31,5% frente aos R$ 16,123 bilhões do 2T22.

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Marco Antônio Lopes

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