Oi (OIBR3) será menor e vê futuro na fibra após leilão

Após o leilão dos ativos de telefonia móvel da Oi (OIBR3) ser arrematado por um consórcio formado por Claro, Tim (TIMS3) e Telefônica (VIVT4), por R$ 16,5 bilhões, analistas do mercado já vislumbram o futuro da operadora como uma companhia que não terá o mesmo tamanho de outrora, mas que deverá focar no mercado de fibra ótica para sobreviver no mercado.

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De acordo com Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, a Oi não possuía condições estruturais para atuar nas duas frentes. Por isso, os recursos levantados no leilão devem ser destinados às dívidas, deixando a companhia mais leve para atuar no setor de fibra, considerado o futuro por analistas do setor.

“A Oi está apostando na fibra, que é também um filet mignon [para além da telefonia móvel]. Ela vai ter de encolher, reduzir seus custos e passar a ser uma empresa de serviços fixos baseados em fibra. Este é o plano dela”, disse.

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Atualmente, a rede de fibra da Oi possui cerca de dois milhões de clientes ante 700 mil clientes no ano passado. Um crescimento exponencial, ainda mais se comparado com os 100 mil clientes de dois anos atrás.

A companhia alcançou 9,2 milhões de casas passadas por fibra ótica em dezembro, com 134 cidades sendo atendidas. “O desempenho foi bem acima do esperado quando a gente desenhou o projeto, é um motivo de bastante orgulho para a Oi”, disse o vice-presidente de clientes da Oi, Bernardo Winik.
O produto da companhia já é líder de mercado em 13 capitais brasileiras.

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A receita média por usuário, ele apontou que esta passou de R$ 85 para R$ 88 em um ano, com receitas ao fim do terceiro trimestre de R$ 402,3 milhões no segmento de fibra ótica. Já o plano de expansão do segmento de fibra ótica da Oi prevê alcançar quatro milhões de clientes no ano que vem, com 228 cidades atendidas e aproximadamente 15 milhões de casas passadas.

Mesmo com a alta e com o potencial de crescimento, segundo Tude, a empresa não será mais do tamanho que foi. De qualquer forma, poderá ser menor e ter rentabilidade, coisa que não vinha acontecendo e que culminou no pedido de recuperação judicial da empresa, em 2016.

“Ela não vai ser mais do tamanho que foi. Vai ser uma empresa menor, mas que pode ter sucesso. Ela não tem hoje recursos para atuar no móvel e na fibra”, afirmou.

A Oi deverá leiloar, por R$ 6,5 bilhões (mínimo em dinheiro), uma parte da companhia de fibra InfraCo, mais assunção de R$ 2,4 bilhões de dívida com a empresa. Assim, a expectativa é de que a companhia deverá manter uma participação minoritária no business.

A análise do executivo da Teleco vai ao encontro do pensamento do mercado. Para Mario Mariante, analista-chefe da Planner Corretora, a manutenção de uma participação relevante na companhia de fibra pode dar fôlego à empresa.

“A expectativa é que a empresa terá atividades reduzidas, uma empresa menor, mas sai de uma condição adversa. Investimento é em tecnologia é maior do que em investimento de malha. Com o fixo reduzindo de tamanho,  é focar em pacotes de tecnologia, de banda larga, etc”, disse.

Negócio com Oi deverá demorar anos

Apesar de o rumo da Oi estar trilhado, ainda há um longo caminho pela frente. O primeiro passo é obter a aprovação do negócio pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

“É bom lembrar que a Oi só deve concretizar a venda no final do ano que vem, tempo para conseguir as autorizações do CADE/Anatel. Ou seja, estamos falando de 2022, quando a operadora perderá cerca de 45% de sua receita”, disse Tude.

Até lá, o mercado ainda deve observar as movimentações oficiais da companhia de telefonia

“O mercado vai digerir esse novo formato, que deve sair depois do leilão, mas é uma proposta para resgatar a empresa de onde estava impossível de sair em um setor que precisa de pesados investimentos”, disse Mariante.

As ações da Oi (OIBR3) fecharam em queda de -6,78%, cotadas a R$ 2,20.

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Vinicius Pereira

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