Ofertas de ações podem movimentar R$ 70 bilhões em abril, diz BofA

Mesmo em meio ao momento mais intenso da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil e o risco político alto, o Bank of America (BofA) enxerga boas perspectivas para o mercado de capitais no Brasil — com ofertas de ações podendo atingir R$ 70 bilhões em abril.

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“Tivemos o melhor início de ano de ofertas da história”, afirmou Hans Lin, do investment banking do BofA, em entrevista ao jornal Valor Econômico. Até o dia 10 de março, 2021 já tinha registrado cerca de R$ 40 bilhões em ofertas públicas iniciais de ações (IPO) ou subsequentes (follow-on) no Brasil.

Para ele, parte das ofertas pode não sair do papel em função da recente volatilidade no mercado, mas o grosso das transações deve se tornar realidade, o que chama atenção dos investidores estrangeiros. Hoje, 46 empresas estão na fila da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para abrir capital.

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Lin destaca companhias dos setores bancário, tecnologia e saúde como grandes alvos dos recursos que devem ir à Bolsa. O segmento de agronegócio também tem chamado atenção do mercado, diz o executivo. Caso as expectativas da instituição sejam alcançadas, as ofertas podem atingir R$ 150 bilhões até o fim do ano, superando 2020.

Pé atrás com ações no Brasil e Estados Unidos continua

Embora o momento seja propício para ofertas no Brasil, um receio com o cenário fiscal e político permanece rondando os investidores e empresários, diz Lin. No início do mês passado, o presidente Jair Bolsonaro demitiu o CEO da Petrobras (PETR4).

A interferência política na empresa levantou um sinal de alerta aos investidores, uma vez que Roberto Castello Branco vinha fazendo um bom trabalho no processo de desinvestimentos e redução de endividamento da petroleira, na visão do mercado.

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“Nas últimas semanas, tivemos alta volatilidade do mercado, não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos, com o aumento das taxas dos Treasuries [títulos do Teosuro norte-americano] de dez anos”, disse. Mesmo assim, contudo, Lin enxerga as empresas seguindo seus planos em direção à Bolsa.

O mercado de fusões e aquisições também parece ter iniciado o ano de forma aquecida, mas a forte volatilidade no câmbio deixou os empresários mais ariscos.

“Vimos grandes operações acontecendo, como Hapvida (HAPV3) e Intermédica (GNDI3), mais recente, e a venda dos ativos móveis da Oi (OIBR3). O mercado está pronto para apoiar consolidações e esse movimento vai ocorrer daqui para frente”, disse.

Embora o risco político, fiscal e sanitário tenham acentuado as incertezas sobre o País, o executivo do BofA entende que o mercado de ações e M&As brasileiro está mais amadurecido. “Sem dúvida, é um cenário muito diferente de 10 a 15 anos atrás. Vamos continuar vendo empresas mais estruturadas acessando o mercado de capitais.”

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Jader Lazarini

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