Este trimestre evidenciou um dado que chama atenção no mercado sobre ofertas de ações: as emissões globais somam US$ 115 bilhões — o que corresponde ao menor volume dos últimos 10 anos.
De acordo com a Dealogic, levantamento tema de reportagem do site Pipeline, do Valor Econômico, no segundo trimestre do ano anterior, o volume foi de US$ 369 bilhões. Além disso, os mercados da América do Norte e da Europa tiveram, juntos, o pior desempenho desde 2009, com US$ 47,3 bilhões em ECM (Equity Capital Market).
A plataforma Dealogic, segundo o Pipeline, avalia que cenário macro foi que mais influenciou o fraco desempenho do período, com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a alta volatilidade dos ativos e o aperto monetário dos Bancos Centrais na tentativa de conter a crescente inflação — questões que reduzem os atrativos para o investimento em renda variável.
No mesmo trimestre, o volume de IPOs despencou 73%, quando comparado com o mesmo período de 2021. De acordo com a Dealogic, o Oriente Médio protagonizou duas das três maiores ofertas, enquanto na China e nos EUA, por exemplo, não houve um IPO acima de US$ 1 bilhão.
Por outro lado, a atividade concentrou-se, majoritariamente, nos follow-ons, que corresponderam ao 62% da atividade, com US$ 71,6 bilhões impulsionados pelas companhias Contemporary Amperex, Dubai Electricity and Water Authority’s e Eletrobras (ELET3).
Nesse quesito, no Brasil, além da Eletrobras — cuja privatização tornou-se uma das maiores emissões de ofertas do país dos últimos anos —, empresas como PetroReconcavo (RECV3), CVC (CVCB3), Fras-le (FRAS3) e Eneva (ENEV3) conseguiram também materializar follows-on neste ano. Pelo cenário atual, dois IPOs que estavam planejados para ocorrerem no segundo trimestre foram cancelados: o da Corsan e o da BRK Ambiental.
IPOs: Desde 2017, 80% das ‘novatas’ tiveram queda nas ações
Oito a cada dez empresas que fizeram IPO (Oferta pública inicial de ações) desde 2017 encontram-se no vermelho, com ações em queda. O número foi revelado em levantamento da Economatica e divulgado pelo Estadão.
Segundo os dados, nos últimos cinco anos foram cerca de 80 companhias que fizeram IPO e tornaram-se empresas públicas e litadas na bolsa de valores brasileira, a B3 (B3SA3).
Além disso, vale lembrar que a ‘onda de IPOs‘ arrefeceu neste ano, com um mercado razoavelmente mais turbulento que fez com que, até então, nenhuma empresa abrisse seu capital.
Considerando somente as estreias na bolsa de 2021, são 9 de 45 empresas que estão em patamar favorável, com alguma alta nos papéis – sendo a maior parte de commodities, por conta de fatores externos como a Guerra na Ucrânia, que ocasionou alta no petróleo.
Outro levantamento, do Estadão, mostra que algumas companhias tiveram uma desvalorização tão grande que valem menos do que o que foi captado no IPO.
Os exemplos são a C&A (CEAB3), que cai 83% desde sua listagem, ou a D-1000 (DMVF3), que cai 68%. No caso da varejista, o valuation é de R$ 903 milhões, segundo dados do Status Invest, ante R$ 200 milhões de valor de mercado da empresa de farmácia, que captou R$ 400 milhões em sua oferta inicial de ações.
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