Odebrecht pagou mais de R$ 630 milhões (US$ 173 milhões) em propinas e financiamentos ilegais de campanhas venezuelanas durante oito anos, de acordo com documentos e delações de Brasil e Venezuela.
Dessa forma, os valores são quase o dobro do estimado pelo Departamento de Justiça dos EUA, após o acordo com a Odebrecht, onde eram estimados o pagamento de US$ 98 milhões.
No entanto, as autoridades venezuelanas que conduziram as investigações acreditam que o montante pago pela construtora brasileira é superior ao que foi dito à Justiça dos EUA.
Os repasses se tornaram uma das bases para que a elite chavista se mantivesse no posto, mas também foram destinados a outros partidos.
De acordo com a investigação, mais de R$ 110 milhões (US$ 30 milhões) foram pagos na campanha presidencial de Nicolás Maduro, para a construtora ser favorecida em dezenas de contratos públicos entre 2006 e 2014.
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Investigação
Todas as informações adquiridas fazem parte da investigação da Procuradoria da Venezuela, sob o comando de Luisa Ortega Díaz. No entanto, após confrontar o governo de Maduro ela acabou fugindo para o exterior, ainda em 2017.
Além disso, Díaz e seus assessores acabaram levando parte dos dados ao escapar e a investigação foi abandonada pelos procuradores substitutos.
Os valores foram descobertos com base de uma compilação de documentos confiscados, extratos bancários e informações colhidas por meio de delações premiadas.
Foram ouvidos os ex-funcionários da Odebrecht:
- Euzenando Azevedo;
- Alessandro Gomez;
- Marcos Grillo;
- Hilberto Silva;
- Luis Eduardo da Rocha Soares;
- Fernando Miggliaccio;
- Outros.
Além disso, também foram ouvidos alguns funcionários do Bank Meinl, que foi o banco privado da Odebrecht para a realização de centenas de transações ilegais na América Latina.
De acordo com os documentos, foram utilizadas diversas empresas offshore em paraísos fiscais para receberem os valores. O inquérito ainda aponta a participação de políticos locais, regionais e nacionais, além dos chavistas.
Conforme os dados, cerca de US$ 35 milhões foram utilizados na campanha eleitoral de Maduro, em 2013, contra Henrique Capriles.
Além disso, foram transferidos US$ 29.331.107 divididos em 13 pagamentos. Nesse caso, os pagamentos aconteceram logo após as eleições venezuelanas de 2013, entre 23 de setembro de 2013 e 27 de maio de 2014.
Entretanto, desse valor, US$ 9,93 milhões foram transferidos pelo Bank Meinl, banco que matinha contas e realizava os pagamentos da Odebrecht. Entre essas contas está a Cresswell Overseas, uma offshore ligada a Odebrecht.
De acordo com o inquérito, o Coordenador da campanha presidencial de Maduro em 2013, Americo Alex Mata Garcia foi o intermediador entre Odebrecht e o presidente venezuelano.
Dessa forma, Garcia teria pedido e recebido pagamentos da Odebrecht em nome do governo da Venezuela.
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