Odebrecht mantinha “bunker da propina” na Faria Lima, em São Paulo

A empreiteira Odebrecht mantinha uma espécie de “bunker da propina” na Avenida Faria Lima, em São Paulo. O prédio no polo empresarial paulista servia para guardar notas de dinheiro usadas para pagar políticos.

Mais de R$ 15 milhões foram retirados do endereço e levados para a sede da Odebrecht. Os valores eram depois transferidos para intermediários de políticos, segundo divulgou o “Estadão”.

Um documento da transportadora Transnacional, obtido pelo jornal, mostra mais de 180 entregas programadas pela Odebrecht. Os pagamentos conversam com planilha divulgada pela própria empreiteira com 57 codinomes de beneficiários da propina. Os dados da planilha conseguida pelo jornal estão em sigilo pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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Os valores retirados do bunker em São Paulo chegavam até a R$ 1,2 milhão. E quem entregava o dinheiro era alguém que atendia por Walter. De acordo com o Ministério Público Federal, a sala na Faria Lima foi alugada por doleiros que estão presos desde 2017 pela Lava Jato.

Os doleiros Cláudio Fernando Barboza, o “Tony”, e Vinícius Claret, “Juca Bala”, delataram que o lugar servia para armazenar dinheiro do doleiro chinês Wu Yu Sheng. A origem dos valores eram comerciantes na região da 25 de março e o objetivo eram as propinas e caixa 2 pagos pela Odebrecht.

O doleiro chinês, identificado pelo codinome de “Dragão” está foragido em Miami (EUA). Tony e Juca Bala delataram que o esquema com Wu Yu Sheng começou em 2010. O total movimentado teria sido de R$ 210 milhões até 2016.

O valores das propinas chegavam a R$ 1 milhão por dia. Os documentos conseguidos pelo “Estadão” também mostram outros endereços que serviriam como “bunkers” e que teriam outros entregadores.

Acordo com o Cade

Após deflagração da Operação Lava Jato em 2014, a Odebrecht tem fechado diversos acordos de delação e colaboração com a Justiça. O objetivo é ajudar no descobrimento de esquemas de corrupção em troca de redução de multas e penas.

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Um dos acordos foi fechado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Pelo combinado, a empreiteira vai denunciar ao Cade esquemas de cartéis em aeroportos. 

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Em troca, a Odebrecht ficará isenta de pagar multas por condenações nos conselhos. A empreiteira citou ao menos 19 empresas que supostamente combinavam o resultado de licitações de obras em aeroportos do País.

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Beatriz Oliveira

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