A Oaktree, gestora liderada por Howard Marks, buscou (e afirma que conseguiu) ativos com bons fundamentos a com preços descontados durante a pandemia causada pela crise do coronavírus (covid-19) e, por isso, foi às compras nos mercados emergentes. A afirmação foi de Wayne Dahl, chefe de risco da gestora, nesta quarta-feira (26) do durante o evento TAG Summit 2020.
“Um dos desafios enfrentados pelos países emergentes era não ter capacidade de controlar política monetária e fiscal da mesma forma que os países desenvolvidos. O BC americano ampliou o balanço patrimonial e as economias emergentes não têm essa oportunidade. Por isso, houve fluxo de saída significativos, o que deu para comprar ativos bons, com bons fundamentos, com preços descontados”, disse Dahl.
Já em relação aos EUA, Dahl afirma que boas oportunidades estão no mercado de imóveis. “Com a Covid, os escritórios, lojas e hotéis fechados, teve impacto significativo sobre os ativos e, com nossa equipe, focamos nessa área”, disse.
“Algumas oportunidades como tecnologia e saúde foram feitos por meio de ativos conversíveis. O investimento em títulos conversíveis dá acesso único a mais empresas, voltadas para crescimento. Nos EUA, esses mercados representam 60%, mas não são empresas tradicionais, são as menores, envolvidas em pesquisa, tecnologia médica, biociências, que estão na linha de frente para a covid”, disse Dahl.
Em relação a volatilidade dos mercados dado as disputas políticas, principalmente nos EUA, Wayne Dahl afirma que o movimento será apenas de curto prazo, mesmo que os Democratas vençam as eleições.
“A eleição provavelmente impactou as respostas a crise e coisas que estavam de fora da política foram politizadas, com o uso de máscara. É preciso entender que haverá apoio continuo monetário e fiscal, em ambos os casos, mas ativos mais líquidos podem reagir negativamente com uma vitória democrata, dada as promessas de aumento de tributos, mas serão desafios de curto prazo”, afirmou.
Investidor tem que ficar de olho fora do Brasil, dizem gestores
Para os gestores que participaram o evento TAG Summit 2020, o investidor brasileiro precisa ficar atento às oportunidades de investimento no exterior.
Segundo Fernando Cortez, da Schroder Investment Management Brasil, a ida dos brasileiros ao exterior abre oportunidades não encontradas por aqui, como ter acesso ao setor de tecnologia, por exemplo.
“Esse setor no Brasil ainda é muito pequeno e a ida do brasileiro a Bolsa dos EUA abre essa possibilidade. Além disso, a ida também traz diversificação, já que o investidor vai jogar a correlação do portfólio para baixo e isso é eficiência de portfólio”, disse.
Para Cortez, o setor de tecnologia deve continuar a oferecer as melhores oportunidades aos investidores. “O setor de tecnologia gera grande possibilidade de gerar alfa, já que você tem pequenas empresas que podem apresentar grandes resultados”, afirmou.
“Se compararmos de 2005 para cá, tecnologia e setor financeiro, no setor de tecnologia apenas a Microsoft continua. Enquanto no setor financeiro, quatro dos cinco nomes permanecem os mesmos. Então, é uma disrupção muito grande e cheio de oportunidades, tanto na compra, quanto na venda”, disse o gestor da Schroder Investment Management Brasil.
Já para George Kerr, do Compass Group, o investidor brasileiro também deve olhar para empresas chinesas, dado o crescimento das companhias no market share mundial.
Vinicius Pereira foi repórter de economia da Folha de S.Paulo, stringer do jornal no Canadá e colaborador de VEJA. Já escreveu também para BBC Brasil, The Intercept Brasil e UOL. Tem MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pela FIA/B3.