O futuro da energia solar no Brasil: o que esperar?

A transição energética para fontes renováveis – como a energia solar – se tornou tema incontornável, debatido desde campanhas presidenciais até por grandes corporações. Um dos motivos é a crise de abastecimento de petróleo e gás que expôs a dependência do abastecimento de alguns países como fragilidade na economia global.

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Outro ponto é a crise climática, causada principalmente pela exploração de fontes energéticas mais poluentes como petróleo e gás. 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o tempo está se esgotando para evitar os piores impactos da crise climática, mas isso pode ser evitado: “Devemos acabar com a poluição por combustíveis fósseis e acelerar a transição para energia renovável antes de destruir a nossa única casa”, declarou. 

E a energia solar, no Brasil, tem um grande papel nessa transição. Para o CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar), Rodrigo Sauaia, o Brasil é uma nação solar por natureza, com condições privilegiadas para se consolidar como uma liderança mundial ainda maior no setor. 

“A energia solar fotovoltaica terá função cada vez mais estratégica para atingir as metas de desenvolvimento econômico, social e ambiental do Brasil e dos demais países. Irá ajudar fortemente na recuperação das economias globais, sendo a fonte renovável que mais gera empregos no planeta”, comenta.

Para o membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), Maurício Salles, a energia solar é a que tem maior potencial de crescimento entre as renováveis nos próximos anos, no Brasil. 

Custo de energias renováveis vem caindo no mundo 

De acordo com estudo global da Deloitte, o custo de energias renováveis caiu dramaticamente nos últimos 10 anos.

Tanto o equipamento quanto os custos gerais de projeto diminuíram à medida que as indústrias eólica e solar têm amadurecido e escalonado, com o preço do típico módulo solar fotovoltaico (PV) caindo 77% e custos de turbinas eólicas caindo 58% na última década. 

Ainda segundo o relatório, chamado “Transição energética: da disruptura ao crescimento”, nos últimos dois anos, energias renováveis combinadas com baterias de grande escala tornaram-se economicamente viáveis, e os projetos de energia solar e armazenamento superaram as propostas de usinas movidas a gás natural para ganhar contratos de fornecimento de energia em certos estados dos EUA.

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Energia Solar como motor na geração de empregos no Brasil

Já no Brasil, a energia solar também é motor de geração de empregos. O país subiu uma posição no ranking mundial dos países que mais geraram empregos no mundo em energia solar fotovoltaica no ano de 2021, segundo relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). 

Agora na sexta colocação, o Brasil figura à frente de líderes históricos do setor, como a Alemanha, Austrália e o Reino Unido. Para o CEO da ABSolar, Rodrigo Sauaia, a tendência é seguir crescendo.

“Aqui no Brasil, em 2022, a energia solar seguirá crescendo a passos largos e deverá praticamente dobrar sua potência operacional instalada, gerando ainda mais emprego, renda e economia para os consumidores”, avaliou. 

Segundo o relatório da IRENA, o setor de energia renovável gerou 12,7 milhões empregos no mundo em 2021, com a participação majoritária da fonte solar fotovoltaica, responsável por mais de 4,2 milhões de postos de trabalho, representando um terço do total.

O presidente do Conselho de Administração da ABSolar, Ronaldo Koloszuk, ressalta ainda que o crescimento da energia solar traz empregos de qualidade em todas as regiões do Brasil, reduzindo a conta de luz e garantindo renda para a população.

“Neste momento em que o mundo todo discute transição energética, as empresas adotam políticas de ESG e os cidadãos buscam mais sustentabilidade, é fundamental estimular o avanço da energia solar, limpa, competitiva e líder na geração de empregos renováveis no mundo”, diz.

Crescimento da energia solar no Brasil em números 

De janeiro ao início de outubro deste ano, a energia solar cresceu 52,2%, saltando de 13,8 GW para 21,1 GW.

O número registra uma nova marca histórica de potência instalada da fonte solar fotovoltaica, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Esse total equivale a 10,5% da matriz elétrica do País, segundo a ABSolar. 

De acordo com a entidade, a energia solar já trouxe ao Brasil cerca de R$ 108,6 bilhões em novos investimentos, mais de R$ 28,7 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 630 mil empregos acumulados desde 2012. Além disso, também evitou a emissão de 29,9 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.

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Mariana Rodrigues

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