Número de mulheres investidoras dobra em relação ao fim de 2019
A B3 (B3SA3) anunciou na última sexta-feira (2) que o total de investidores pessoas físicas na bolsa de valores de São Paulo bateu a marca de 3 milhões pela primeira vez na história e o volume de mulheres investidoras que negociam no mercado de capitais brasileiro mais do que dobrou na base anual.
De acordo com dados divulgados pela B3, os homens, com de 2,29 milhões de CPFs, ainda constituem a maioria do investidores na bolsa, com 73,83%. Não obstante, as mulheres chegaram ao patamar de 779 mil em setembro, pouco mais de 25% do total, e o dobro de nível registrado ao final do ano passado.
De acordo com a analista CNPI da SUNO Research, Gabriela Mosmann, é mais um reflexo do movimento que vem levando cada vez mais investidores à bolsa de valores. A especialista salientou o um conjunto de fatores, que incluem tanto a taxa básica de juros (Selic) na mínima histórica de 2% ao ano quanto “a divulgação da educação financeira”.
A internet vem auxiliando as pessoas na procura de conteúdos sobres educação financeira, com o objetivo de entender o o que é o investimento na bolsa e que é algo acessível para todo mundo, afirmou a analista.
Em questão de cinco anos, de 2015 a 2019, a presença de CPFs do sexo feminino na B3 aumentou quase três vezes mais, saindo de 138 mil em dezembro de 2014 para 388 mil no fim de 2019. Com a pandemia do novo coronavírus, ao final de fevereiro, foram registradas as aberturas de 181.181 contas de mulheres na bolsa, resultado 39% superior ao número total de investidoras. Já ao final do semente, em junho, o número de mulheres no mercado de capitais chegou a 648.165 pessoas (24,2% do total).
“Com a ampliação da educação financeira, é natural que uma parcela que acabava investindo muito menos, e era muito menos consciente sobre sua realidade financeira, acaba indo [para a bolsa]”, salientou Mosmann. “A mulher está cada vez mais consciente sobre sua liberdade individual, buscando trabalho, desenvolvimento, educação, e também, agora, investimentos”, complementou a analista.
Mulheres investidoras nos números
Segundos dados da B3, o maior número de mulheres investidoras ainda pertence à faixa etária entre 26 anos a 35 anos, com 257.284 pessoas físicas. Em seguida, aparecem as mulheres de 36 a 45 (191.931 cadastradas); de 46 a 55 (99.909 CPFs); de 16 a 25 anos (88.067 mulheres); de 56 a 65 (78.337 investidoras); de 66 a 75 (58.506 pessoas físicas do sexo feminino); e as mulheres de até 15 anos (5.344).
Já em termos de valor, as mulheres detém cerca de 21% dos investimentos no mercado de capitais, o equivalente a R$ 79,35 bilhões. O patamar, ao contrário da variáveis anteriores, não vem apresentando saltos, à medida que o número de investidores na bolsa também cresceu nos últimos meses.
Faixa etária | Contas | Valor (R$ bilhões) | % | ||||
Homens | Mulheres | Total | Homens | Mulheres | Total | ||
Até 15 anos | 6.810 | 5.344 | 12.154 | 0,25 | 0,21 | 0,45 | 0,12% |
De 16 a 25 anos | 311.116 | 88.067 | 399.183 | 3,03 | 1,07 | 4,10 | 1,10% |
De 26 a 35 anos | 776.630 | 257.284 | 1.033.914 | 24,97 | 6,53 | 31,50 | 8,42% |
De 36 a 45 anos | 615.946 | 191.931 | 807.877 | 53,65 | 11,58 | 65,23 | 17,43% |
De 46 a 55 anos | 269.982 | 99.909 | 369.891 | 54,03 | 14,17 | 68,20 | 18,23% |
De 56 a 65 anos | 174.488 | 78.337 | 252.825 | 62,72 | 17,48 | 80,21 | 21,44% |
Maior de 66 anos | 131.425 | 58.506 | 189.931 | 96,17 | 28,30 | 124,47 | 33,27% |
TOTAL | 2.286.397 | 779.378 | 3.065.775 | 294,81 | 79,35 | 374,16 |
No que tange à localidade, por fim, o maior volume de investidoras está concentrado no Estado de São Paulo, que abriga 312.882, dois quintos do total de mulheres no mercado. Em seguida, os maiores número de CPFs do sexo feminino estão registrados:
- no Rio de Janeiro (87.734);
- em Minas Gerais (74.584);
- no Rio Grande do Sul (40.092);
- no Paraná (45.170).
“A mulher sempre foi muito mais organizada, cuidadosa, com seu planejamento financeiro, com as decisões que toma. Toda decisão de uma mulher é muito mais pensada”, ressaltou Mosmann. Nesse sentido, é natural esperar que, cada vez mais, mulheres comecem a investir e tomem as rédeas de suas vidas financeiras.