Número de edtechs cresce 44% em dois anos, revela estudo da Deloitte e Abstartups
O número de edtechs cresceu 44% no Brasil em 2022, alcançando a marca de 813 empreendimentos. É o que revela o estudo “Mapeamento Edtech 2022: Investigação sobre as tecnologias educacionais no Brasil”, elaborado pela Deloitte e pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups), com apoio da AWS EdStart.
O levantamento mostra que, somente no período da pandemia, o crescimento desse segmento de startups foi de 22%. O número demonstra um desenvolvimento rápido desses novos negócios, muito pelo seu potencial e pela atração de investimentos.
“As diversas soluções tecnológicas oferecidas para o mercado têm tido um papel importante para a transformação do setor educacional brasileiro. Não é à toa que entre os anos de 2020 e 2022 as edtechs apresentaram um crescimento exponencial dentro do ecossistema de startups”, comenta Luiz Othero, diretor executivo da Abstartups.
Entre as mapeadas, 40% dessas edtechs receberam aporte de investidores. Desse percentual, 69% tiveram sua última captação entre 2021 e 2022. No entanto, somente 11% dessas empresas afirmaram que estão em busca de investimento, mas ainda não conseguiram.
Soluções e campo de atuação
Conforme mostra o estudo, cerca de 70% das edtechs são voltadas para soluções direcionadas para empresas (B2B) e 42% têm o modelo de negócio baseado em SaaS (software as a service). Já 22% atuam com venda direta, 17% com clube de assinatura recorrente e 6% com marketplace.
Os segmentos de atuação das startups focadas em educação mais comuns são o ensino básico (40%), os cursos livres (40%) e a educação corporativa (38%), seguidos do ensino superior, (23%), infantil (19%), idiomas (16%) e de cursos preparatórios (12%). Mais da metade dessas startups ofertam plataformas (52%) ao mercado. Também oferecem conteúdos (29%), ferramentas (17%) e hardware (2%).
O mapeamento detalha ainda que mais da metade das edtechs do País estão concentradas na região Sudeste (55%), sendo que 38% só no estado de São Paulo. As regiões Sul (19%) e Nordeste (17%) aparecem de forma representativa, enquanto Norte (4%) e Centro-Oeste (5%) foram mapeadas apenas 11 e 13 startups do tipo, respectivamente.
Layoffs e processos seletivos
As edtiechs não ficaram imunes aos layoffs recentes no setor de tecnologia. No último ano, mais da metade dessas empresas (57%) abriram processos seletivos para contratação de pessoal. Por outro lado, 82% realizaram desligamento de 1 a 5 colaboradores.
Vale destacar que 68% das edtechs possuem até 10 funcionários.
O levantamento mostra que o principal motivo para a demissão em edtechs foi a incompatibilidade cultural e/ou de valores (47%), seguido de reestruturação do time (35%), mudanças imprevistas de colaboradores (9%) e necessidade financeira de corte de gastos (8%).
Metade das edtechs tiveram aumento nas receitas
Em 2021, em meio aos reflexos da pandemia sobre a economia, 50% das startups entrevistadas tiveram crescimento no faturamento, sendo que 24% tiveram aumento de 50% ou mais nas receitas. Já 23% das edtechs permaneceram com o mesmo faturamento e 16% tiveram queda na receita.
Segundo o levantamento, 92% das edtechs possuem relacionamento com o ecossistema de inovação, e a grande maioria já se relacionou com hubs de inovação (73%) e com a academia (67%). Atualmente, 29% dessas startups fazem parte de algum programa de aceleração.
A forma mais comum de relacionamento entre empresas de educação e pesquisa é o apoio ou investimento (30%) nessas startups. A realização de parcerias para desenvolvimento de novos produtos e serviços (26%) é outra forma de relacionamento importante.
As soluções front ends/atendimento ao cliente (22%) também são bastante exploradas nas edtechs e trazem oportunidades para as edtechs. Já o fornecimento de soluções back end/processos internos (9%) ainda é pouco explorado.