Nubank atinge valuation de R$ 151 bilhões em meio a ‘novo desenvolvimento’
O Nubank acaba de receber duas extensões de sua rodada de investimentos série G, iniciada em janeiro com a captação de US$ 400 milhões. Os aportes partiram da Berkshire Hathaway (BERK34), de US$ 500 milhões, e de uma série de investidores estrangeiros e locais, como Absoluto Partners e Verde, na ordem de US$ 250 milhões.
Totalizando US$ 1,1 bilhão, essa série passa a ser a maior rodada de investimento já realizada por uma companhia de tecnologia privada da América Latina. O montante é mais da metade do que o Nubank captou ao longo de seus oitos anos de existência, que totaliza US$ 2 bilhões. “O banco digital entra em um novo momento de desenvolvimento, mais amadurecido”, diz a empresa em comunicado.
O valuation da empresa, com os novos investimentos, atinge US$ 30 bilhões (cerca de R$ 151,61 bilhões na cotação atual). A fintech agora vale quase 1,5 vez o Banco do Brasil (BBAS3), que tem um valor de mercado de R$ 104 bilhões, e cola na XP e BTG Pactual (BPAC11).
O banco tem aberto 45 mil contas por dia, ampliando sua base de mais de 40 milhões de clientes. No início deste ano, a empresa passou o Santander (SANB11) em número de correntistas no Brasil, passando a fazer parte das maiores instituições bancárias do País.
“A nova rodada é fruto do crescimento hiper-acelerado e sustentável do Nubank”, diz a fintech, “o maior banco digital do mundo em número de clientes”.
Mato para cortar em novas frentes de negócio
Com o seu crescimento consolidado e constante, o Nubank passou a procurar ampliar a visão de negócio e agora aposta nos mercados de investimentos e seguros.
Na última semana, a fintech encerrou os trâmites jurídicos para a compra da Easynvest, corretora que tem US$ 5 bilhões em ativos e 1,6 milhão de clientes, utilizada para dar força à visão de “democratização do acesso a investimentos no Brasil“.
Recentemente a fintech também anunciou o início dos testes de sua primeira experiência com investimentos próprios em seu aplicativo, com três fundos multimercado. O processo é guiado pelo banco de forma 100% digital para a definição de perfil, valor do aporte, monitoramento e pedido de resgate.
Do outro lado, as operações com seguros de vida, que começam pelo preço de R$ 9, alcançaram mil contratos em três meses.
Com o mercado endereçável em Brasil, Colômbia e México, países que representam 60% do Produto Interno Bruto (PIB) e da população da América Latina, a visão do Nubank é que ainda há muito o que ser feito na região.
“São três economias que possuem as mesmas características no setor financeiro: altíssima concentração do mercado na mão de poucos atores, elevadas taxas cobradas dos clientes e baixa qualidade no atendimento”, diz a empresa em nota.
“Criado justamente com a missão de combater as complexidades no setor e empoderar as pessoas a tomarem de volta o controle de seu dinheiro, o Nubank se baseia em serviços totalmente digitais e na alta tecnologia para reduzir ineficiências.”
Crescimento em detrimento ao lucro
O Nubank tem escolhido crescer de forma veloz antes de reportar lucros neste momento. Na mesma base comparativa, enquanto a fintech teve um prejuízo de R$ 230 milhões ao longo de 2020, o Banco do Brasil apresentou um lucro líquido de R$ 13,9 bilhões no período.
Os pontos positivos dos números operacionais do ano passado ficaram por conta do próprio prejuízo, que foi 26% menor em comparação ao ano anterior, e as receitas de intermediação financeira, que cresceram 79% para R$ 5 bilhões. Quando questionada, a empresa tem a resposta na ponta da língua.
“Mas por que o Nubank continua dando prejuízo? Já explicamos, mas é sempre bom reforçar: o prejuízo é uma decisão de negócio”, comentou Guilherme Lago, CFO da fintech, em nota divulgada em março.
“Escolhemos, agora, seguir investindo a margem que geramos em times, serviços e produtos, em vez de já realizar lucro. Podemos gerar lucro a qualquer hora, mas, neste estágio da nossa empresa, queremos seguir crescendo junto com os nossos clientes.”
Ao passo que as receitas cresceram, o montante de depósitos, transações com cartão de crédito e empréstimos também subiram. O índice de inadimplência foi na direção contrária, caindo para 3,7%.
IPO no radar
Em abril, a Reuters relatou que a fintech estava preparando uma listagem de suas ações no mercado norte-americano. A agência de notícias disse que a abertura de capital pode ocorrer ainda em 2021 e será uma das maiores de uma empresa da América do Sul na história.
David Vélez, CEO da empresa, afirma que a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) não está nos planos do Nubank por enquanto, embora “iremos publicá-la em algum momento”. Hoje, o objetivo da companhia, segundo o executivo, é continuar expandindo os negócios nos três países em que já opera.
Para isso, o Nubank tem montado um dream team, trazendo autoridade global para dentro de casa. Recentemente chegaram Matt Swann, ex-Amazon e Booking, como diretor de tecnologia, e Arturo Nuñez, ex-Apple e Nike, como diretor de marketing.