O Nubank (ROXO34) está se aproximando de se tornar o banco mais valioso da América Latina, impulsionado por sua avaliação alta e pelo ciclo positivo no Brasil, informa o BTG Pactual. Apesar desse feito, o BTG ainda mantém recomendação neutra para a fintech – e o Itaú (ITUB4) se mantém como top pick no setor, segundo o BTG.
“Com um empate técnico em valor de mercado com o Itaú, o Nubank está caminhando para se tornar o banco mais valioso da América Latina. Isso é impulsionado por um forte desempenho no quarto trimestre, a percepção de que estamos em um ciclo de crédito local melhor, a potencial inclusão no MSCI no segundo semestre de 2024 e o entusiasmo com seu crescimento no México”, afirma o BTG.
Por enquanto, afirmam os analistas, a posição neutra para as ações do Nubank foi conferida pelo patamar atual de valuation da fintech: “Estamos mais confiantes no Itaú, após o recente desempenho trimestral, e classificamos as ações do Itaú como compra. Itaú e Banorte são nossas principais escolhas bancárias na América Latina”.
O Nubank encerrou 2023 com 93,9 milhões de clientes, sendo 87,9 milhões no Brasil. A empresa registrou US$ 43,3 bilhões em ativos, US$ 23,7 bilhões em depósitos e US$ 18,2 bilhões em empréstimos, incluindo US$ 14,5 bilhões em cartões de crédito. O lucro líquido do Nubank foi de US$ 1,03 bilhão, com um patrimônio líquido de US$ 6,4 bilhões. Neste contexto, o Nubank negocia a 9,1x o último valor patrimonial e a 30x o P/E com base na estimativa de lucro líquido de US$ 1,94 bilhão para 2024.
O Itaú possui mais de 65 milhões de clientes e encerrou 2023 com US$ 538 bilhões em ativos. A posição de financiamento foi de US$ 269 bilhões, incluindo US$ 190 bilhões em depósitos, e US$ 235 bilhões em empréstimos expandidos totais, incluindo US$ 27 bilhões em cartões de crédito. O lucro líquido do Itaú foi de US$ 7,1 bilhões, com ROE de 20,8% e ROA de 1,3%. O ITUB4 negocia a 1,8x o último valor patrimonial e a 8x o P/E.
De acordo com o BTG, essa não seria a primeira vez em que o Nubank conquistaria o título de banco mais valioso da América Latina. Na primeira semana após o IPO, ele ultrapassou o Itaú em valor de mercado. Adiante, o progresso tecnológico, as mudanças regulatórias e a entrada de novos concorrentes no setor financeiro impactaram significativamente o banco de varejo brasileiro, especialmente entre a população de baixa renda.
“De acordo com o BTG Pactual, o Bradesco (BBDC4) viu uma redução em sua capitalização de mercado, possivelmente influenciada pelo sucesso contínuo do Nubank, sua capacidade de manter resultados impressionantes e uma base considerável de relacionamentos bancários primários.
“Após a queda do Nubank e os fortes resultados do Itaú em 2022, a diferença de valor de mercado entre eles atingiu o pico de US$ 33,5 bilhões no início de 2023 (US$ 51,1 bilhões para ITUB4 vs. US$ 17,6 bilhões para o Nubank). Com todo o ruído sobre o limite das taxas de cartão de crédito rotativo, o valor de mercado do Nubank quase atingiu o fundo do poço em US$ 15,4 bilhões em 16 de junho de 2022. Em retrospecto, essa foi uma clara oportunidade de compra que perdemos”, afirma o BTG.
Nubank registra lucro de US$ 360 milhões no 4T23
O Nubank registrou lucro líquido de US$ 360,9 milhões no quatro trimestre de 2023 (4T23). Com isso, foi multiplicado por seis vezes o lucro do Nubank de US$ 58 milhões em igual etapa do ano anterior.
Além disso o resultado do Nubank ficou levemente acima das expectativas do consenso de mercado, que miravam US$ 356 milhões de lucro líquido.
Apesar disso, uma série de especialistas estimava um lucro acima de US$ 400 milhões e o mercado reservava grande otimismo para o balanço. Com isso, os papéis do banco despencam cerca de 8% nas negociações after hours da NYSE, onde a companhia é listada.
Olhando para o lucro líquido ajustado, o Nubank no 4T23 somou US$ 395,8 milhões, ante US$ 113,8 milhões registrados em igual etapa do ano anterior – ou seja, alta de cerca de 250%.
Já a receita do Nubank ficou em US$ 2,4 bilhões, representando alta de 57% na base anual. O número também ficou acima das expectativas do mercado, que estimava US$ 2,22 bilhões.
Com esses números, o lucro do Nubank em 2023 fechou em US$ 1,2 bilhão, ante US$ 204 milhões registrados no ano anterior.
“À medida que trabalhamos para ultrapassar a marca de 100 milhões de clientes em 2024, estamos investindo pesado em diversificar caminhos de crescimento para continuar a transformar potencial em lucro”, afirma no balanço o CEO e fundador do Nubank, David Vélez. A fintech fechou dezembro com 93,9 milhões de clientes, em comparação com 54 milhões há um ano.
Itaú ou Bradesco? Safra elege seu favorito
Os analistas do Safra mantêm visão positiva sobre os bancos, considerando a expectativa de maior lucratividade em 2024 nas operações de varejo. O relatório foi publicado após o Banco Central divulgar os dados de crédito de fevereiro. Neste contexto, o Itaú é o top-pick do setor para o Safra.
“No setor, ainda preferimos o Itaú Unibanco (recentemente, aumentamos o preço-alvo do Itaú para R$ 41), devido ao seu momento positivo de ganhos e maior distribuição de dividendos (rendimento de 8,8% para 2024)”, afirma o banco.
Em relatório divulgado em março, o Safra já tinha deixado claro sua preferência por ITUB4. Na visão da equipe do Safra, o Itaú superou seus pares não apenas no crescimento dos resultados, mas também na capacidade de oferecer qualidade e consistência superiores.
Os especialistas chamam atenção para o fato de que o banco conseguiu sustentar um ROE acima de 20%, descolando de concorrentes como Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) .
“A eficiência de custos também é fundamental para a expansão do ROE. Vemos espaço para aumento adicional na eficiência de custos no Itaú à medida que a transformação digital continua, com eficiências também decorrentes do uso de dados e IA, juntamente com a otimização da rede de distribuição”, seguem os especialistas.
No entanto, o Safra ainda vê o Bradesco com um bom valuation, enquanto a B3 (B3SA3) aparece como principal escolha no setor financeiro como um todo.
Nubank cresce 10x que grandes bancos em crédito
Em relatório após analisar dados dos bancos brasileiros, especialistas do Safra apontaram que o Nubank segue apresentando maior crescimento do crédito em relação aos incumbentes – os chamados “bancões” – expandindo 3,7% mês a mês, ante uma queda de 0,3% dos grandes bancos na mesma base comparativa.
No outro lado, especialistas apontam aumento dos empréstimos com classificação E-H para o Nubank e o Banco Inter (INBR32), com ROXO34 chegando a 8,9% e o Inter em 8%. Os números representam crescimentos de 20bps e 15bps na base mensal, respectivamente.