Nos últimos meses o Nubank (ROXO34) foi alçado ás manchetes por romper marcas relevantes e ultrapassar players centenários e históricos com quem compete. A mais recente – e uma das mais notáveis – foi o breve período em que seu valor de mercado superou o do Itaú (ITUB4), colocando a fintech como banco mais valioso de toda a América Latina.
Além disso, no ano passado o Nubank ultrapassou o Banco do Brasil (BBAS3) em termos de volume de clientes, superando mais de 90 milhões de correntistas (atualmente são mais de 100 milhões) -, o que é expressivo, dado que o roxinho mal tem uma década enquanto o CNPJ do BB é praticamente ‘1’.
O que ainda estimula debates é a rentabilidade da fintech, que recentemente foi impulsionado pela sua estratégia de rentabilizar sua base de clientes já muito robusta.
Olhando para o principal indicador que mensura isso, o Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês), é perceptível que o Nubank já está em patamares mais do que competitivos em relação aos conhecidos bancos incumbentes.
Nesse sentido, o Nubank é a instituição financeira mais rentável do Brasil no momento atual.
Conforme os dados do último resultado trimestral da companhia, referente ao primeiro trimestre de 2024 (1T24), o ROE do Nubank subiu de 23%, reportado no último trimestre, para 27%.
“A eficiência melhorou para um recorde de 32%. Embora não seja um desempenho exato acima das expectativas, foram observadas tendências operacionais sólidas para o que normalmente é o trimestre mais lento do ano”, disse o Itaú BBA à época da divulgação do resultado.
Se considerarmos apenas a operação do Brasil da fintech, a mais consolidada e mais rentável, é possível vislumbrar um ROE acima de 40%.
Quando se observa os números dos bancões brasileiros, vemos os mais rentáveis com ROE acima de 20%, ao passo que outros que passam por maus bocados e enxergam esse indicador pouco acima dos 10%.
No caso do Itaú, o ROE reportado no último resultado foi de 21,9%, representando uma alta de 0,7 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre imediatamente anterior e 1,2 p.p. em comparativo com igual etapa do ano anterior.
Já o Bradesco (BBDC4) tem sofrido mais com inadimplência do que seus pares e mostrado retrações intensas na sua rentabilidade, com ROE de 10,2% – abaixo dos níveis históricos.
Qual a ‘receita de bolo do Nubank’?
Ainda no mês de maio, em comemoração aos 100 milhões de clientes atingidos, o Nubank realizou um evento com seus fundadores e principais executivos.
Na ocasião, Dávid Vélez (CEO e fundador), Cristina Junqueira (CGO e co-fundadora) e Guilherme Lago (CFO) detalharam números que mostram uma ascensão relevante na rentabilidade do Nubank.
Em uma apresentação a jornalistas e clientes do banco, foi possível vislumbrar uma estabilidade no que a fintech chama de ‘custo para servir’ – em suma, quanto custa manter cada cliente.
Esse número passou trimestres a fio na casa dos US$ 0,80 e recentemente teve uma elevação – para US$ 0,90, fazendo com que cada cliente ‘custe’ menos de um dólar.
“O custo para servir segue monótono, e é para ser monótono mesmo”, disse o CFO.
Agora, olhando para a Receita Média Mensal por Cliente Ativo (ARPAC, na sigla em inglês), é notável uma ascensão relevante, com o indicador ficando abaixo dos US$ 6 em um passado breve e já ultrapassando os US$ 12 no momento atual.
Com isso, a fintech consegue rentabilizar sua base de clientes que já é encorpada sem necessariamente ter de aumentar o custo.
As falas dos executivos apontam todas para a mesma direção – foco obsessivo no cliente.
“Como dizia Charlie Munger, para ter sucesso você tem que ter uma ideia muito poderosa e focar nela por muito tempo. Nosso inimigo aqui não é o ‘bancão’, é a complexidade. Essa é nossa meta infinita, porque a complexidade só aumenta com o tempo”, disse o fundador, David Vélez.
Com cada vez mais produtos além do cartão de crédito – capital de giro, conta em dólar, seguros, passagens aéreas -, o banco consegue ser o protagonista da carteira dos seus clientes em níveis mais altos.
Resultado disso, o lucro do Nubank ultrapassou US$ 1 bilhão no ano de 2023, e a expectativa da fintech – e do sell-side inteiro – é de que essa última linha do balanço fique mais polpuda.
Isso pontualmente com a mesma estratégia.
“Nossa formula de onde vêm os lucros é bem simples: é só multiplicar nosso número de clientes ativos pelo ARPAC e subtrair o custo para servir. Já somos a instituição financeira mais rentável do Brasil”, disse o CFO durante o evento do Nubank.
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