Nubank (ROXO34): crescimento de receita surpreende desde o IPO, diz Itaú BBA
O Itaú BBA reiterou seu otimismo pelo Nubank (ROXO34, ex-NUBR33) e ainda elevou o preço-alvo das ações de US$ 9,50 para US$ 9,70, com recomendação “outperform”, equivalente a compra. O banco destacou positivamente o crescimento de receita e ROE apresentados no segundo trimestre, ainda que a venda de ações por parte do CEO tenha repercutido de forma negativa no mercado.
Segundo o Itaú BBA, a notícia divulgada na última quarta-feira (16) de que o CEO da companhia, David Vélez, vendeu 25 milhões de ações, logo após a publicação de um balanço do segundo trimestre considerado sólido, não foi muito bem recebida pelo mercado. Entretanto, na opinião do banco, “prazo, execução e entrega de resultados devem resolver essas questões”.
“Como registrado em formulário enviado à SEC, a CVM americana, David Vélez, fundador e CEO do Nubank, vendeu, através da Rua California Ltd, 25 milhões de ações de classe A, o que representa menos de 3% dos papéis que ele detém do Nubank e 0,5% do capital total”, disse a fintech à época.
“A venda é totalmente motivada por fins de planejamento patrimonial e para dar suporte às atividades filantrópicas de Vélez”, complementa o texto. Dono de cerca de 21% do Nubank e parte do bloco de controle do neobanco, Vélez se comprometeu a doar em vida a maior parte de sua fortuna para projetos sociais.
Venda de ações ocorreu em timing errado, diz Itaú BBA
“Observando que a venda foi por uma causa nobre, consideramos que a reação negativa do mercado foi decorrente do timing da venda. A indústria está, atualmente, no meio de uma importante discussão sobre as regulamentações de cartões de crédito“, pontuou o Itaú no relatório.
Neste dia, inclusive, as ações do Nubank listadas na Bolsa de Valores de Nova York, a NYSE, chegaram a cair 6,5%.
“É natural que os executivos vendam e não queremos julgar sua motivação, mas sentimos um impacto no sentimento da minoria. A validação de tempo e ganhos deve gradualmente garantir que isso passe. Supondo que tudo corra bem, fundamentos fortes devem ditar o comportamento das ações mais uma vez, e este momento será um ponto de entrada para um horizonte de médio prazo”, acrescentou.
Crescimento de receita do Nubank vem nos surpreendendo desde o IPO, diz Itaú
Mesmo ainda tendo uma base de capital “subutilizada” e uma “parte ainda ruim” do ciclo de inadimplência do varejo no Brasil, o Itaú destacou positivamente o retorno do Nubank (ROE, em inglês), que chegou a 19% no segundo trimestre.
“O crescimento de sua receita vem nos surpreendendo desde o IPO. A eficiência de custos também foi uma surpresa. Vemos continuidade nessas tendências para ROEs de quase 20% no segundo semestre de 2023 e ainda mais em 2024, quando o custo do risco finalmente diminui”, apontou o banco, que também espera um crescimento de 35% na carteira de empréstimos em 2024.
O Itaú projeta, ainda, um lucro líquido para o Nubank de US$ 2,1 bilhões em 2024, para um ROE de 33%.
Itaú: discussão sobre cartão de crédito rotativo continua relevante para o Nubank
No fim do ano passado, um projeto de lei (2.685/22), apresentado pelo deputado Elmar Nascimento (União Brasil) propôs limitar as taxas de juros cobradas sobre o saldo do cartão de crédito rotativo.
Vale ressaltar que essa tributação é cobrada no primeiro mês de vencimento da fatura do cartão de crédito do consumidor, antes de ir para uma opção de parcelamento mais longo que deve ter uma taxa menor, de acordo com a regulamentação.
O projeto propunha que a taxa de juros não ultrapassasse os 8% ao mês estipulados para linhas com perfis semelhantes, como o cheque especial. “Os bancos cobram em média 14% ao dia hoje nas linhas de cartão de crédito rotativo, e as taxas tendem a se mover de acordo com os ciclos de inadimplência“, lembra o Itaú.
De acordo com o banco, no caso do Nubank, vários fatores estão envolvidos na equação do cartão de crédito, como expectativa de utilização, inadimplência, taxas de rotativo, dentre outros.
“A inadimplência precisaria ser reduzida por meio da imposição de maiores barreiras de crédito, tornando isso mais difícil de alcançar sem prejudicar os volumes. Limitar parcelas sem juros também foi discutido, mas parece ser impopular. Ainda não sabemos o resultado final, mas provavelmente será uma combinação desses fatores que poderá diluir o impacto econômico ao longo da cadeia”, informou.
Nubank reverte prejuízo e tem lucro de US$ 224,9 mi no 2T23, acima das estimativas
O Nubank divulgou na terça passada que obteve lucro líquido de US$ 224,9 milhões no segundo trimestre de 2023, revertendo prejuízo de US$ 29,9 milhões no mesmo intervalo do ano passado, considerando o resultado da holding, que inclui também as operações no México e Colômbia.
O lucro ajustado do Nubank somou US$ 262,7 milhões, bem acima do resultado ajustado de US$ 17 milhões de um ano antes. O retorno do banco digital (ROE, em inglês) foi de 19% no segundo trimestre.
O resultado do lucro do Nubank no 2T23 superou média das estimativas dos analistas consultados pelo Broadcast (US$ 170,4 milhões). A expectativa da XP era de US$ 191 milhões de lucro para o resultado do Nubank no 2T23.
“O segundo trimestre do Nubank teve um sucesso operacional significativo”, disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o fundador e presidente do Nubank, David Vélez. O resultado foi impulsionado pelo aumento dos clientes e também pelas pessoas usando mais produtos do banco digital.
Entre abril e junho, foram adicionados 4,6 milhões de clientes. Ao final de julho, ou seja, após o segundo trimestre, a fintech ultrapassou a marca de 85 milhões de clientes globalmente e 80 milhões no Brasil. Segundo Vélez, são 1,5 milhão de novos clientes a cada mês, em média.
Com mais clientes e novos produtos, o Nubank registrou receitas de US$ 1,9 bilhão no segundo trimestre, um novo recorde histórico, o que representa um aumento de 60% em relação ao segundo trimestre de 2022, em base neutra de câmbio.
A receita média mensal por cliente ativo (ARPAC, na sigla em inglês), indicador monitorado de perto em bancos digitais, atingiu US$ 9,30, superando pela primeira vez a marca de US$ 9,00 e também acima da previsão dos analistas. O crescimento do Nubank nesse indicador foi de 18% em 12 meses.
Nubank: foco está no ROE, diz Vélez
Em grupos mais maduros dentro do Nubank, o indicador já está em US$ 24 e nas safras dos clientes com três produtos está em US$ 35. Mas em grandes bancos supera US$ 40, o que evidencia o potencial de crescimento do ARPAC, ressalta o diretor financeiro do Nubank, Guilherme Lago. O executivo observa que não só os clientes estão usando novos produtos financeiros da fintech, mas também usando mais os mesmos produtos. “Esperamos que o ARPAC continue crescendo sim.”
Ao mesmo tempo, o custo médio por cliente ficou estável novamente, em US$ 0,80. O índice de eficiência da fintech, que reflete a alavancagem operacional, atingiu 35,4%, um dos melhores números da América Latina. A margem bruta aumentou em 42%.
Com a operação no Brasil mais madura, Vélez disse que o foco agora será o ROE da holding e não da operação brasileira. “É o jeito certo de olhar nossa operação”, disse ele. Operações do Nubank no México e Colômbia ainda precisam de muito investimento, ressaltou ele.
Com informações de Estadão Conteúdo