As ações do Nubank (NUBR33) caem 65% desde sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), realizada em 9 de dezembro de 2021 na bolsa de valores norte-americana New York Stock Exchange (NYSE). A operação, que era uma das mais esperadas para o mercado brasileiro, já fez com que a fintech perdesse R$ 130,75 bilhões em valor de mercado, segundo dados da Polo Capital, conforme reportado pelo jornal Valor Econômico.
Diversos fatores corroboraram para que não apenas o Nubank, mas diversas outras fintechs do setor sofressem perdas bilionárias nos últimos 12 meses. Entre eles, está a alta da taxa de juros pelo Copom, do Banco Central do Brasil. Com a elevação, o mercado de ações se torna um ambiente hostil para investidores mais conservadores.
Refletindo esse movimento negativo, as fintechs PagSeguro, Stone (STOC31), XP (XPBR31), Nubank, Banco Inter (INBR31), Banco Pan (BPAN4) e Méliuz (CASH3) já perderam, juntas, R$ 452 bilhões em valor de mercado no período de um ano. Para efeito de comparação, o principal índice acionário da B3, o Ibovespa, como um todo, perdeu R$ 1,026 trilhão em valor de mercado no mesmo intervalo.
Nubank, Banco Inter, Pan: inovar para desafiar bancões com confiança e simplicidade
Uma das promessas com o surgimento das fintechs é a simplicidade. Não há agências, filas ou taxas. Os clientes que desejarem abrir uma conta ou mesmo contratar um empréstimo podem apenas baixar o aplicativo da empresa e iniciar uma jornada financeira.
Recentemente, no entanto, o cenário macroeconômico impactou negativamente a performance dessas instituições, que tiveram de dificultar alguns processos em ordem de sobrevivência diante de um mercado desafiador. Nesse contexto, as empresas de tecnologia financeira precisaram encarar, nos últimos 12 meses, a perspectiva (e realidade) de juros mais altos, escalada da inflação e, consequentemente, taxas mais altas sobre o mercado de crédito.
Especialistas avaliam que o Nubank tem mostrado resiliência diante dessa piora das condições econômicas, com taxas ainda expressivas de expansão da carteira e inadimplência sob controle. A carteira de crédito do banco digital cresceu 30%, acima da média do mercado, no primeiro trimestre de 2021. Mas segundo analistas consultados pelo Valor Econômico, ou a fintech criou “um grande diferencial competitivo ou então haverá um problema lá na frente”.
Na contramão do Nubank, o banco Inter e Banco Pan adotaram uma postura mais conservadora, desacelerando na questão da concessão de crédito, impactados por questões globais e locais, sem grandes diferenciais competitivos.
Com isso, investidores aguardam ansiosamente a divulgação de números do Nubank para o segundo trimestre de 2022, prevista para 15 de agosto, após o fechamento do mercado.
Nubank não é o único: juntas, fintechs perdem R$ 452 bilhões
Segundo especialistas consultados pelo Valor Econômico, mesmo com a desvalorização de R$ 452 bilhões acumulada por sete fintechs desde julho de 2021, ainda não há a certeza absoluta para afirmar que os papéis dessas empresas já tenham ficado baratos. Os valores das ações de empresas de tecnologia financeira costumam levar em conta fortes projeções de crescimento.
O Banco Inter já recuou 90% desde sua máxima, em junho de 2021. A XP perdeu 61% desde o pico em setembro do ano passado. O PagSeguro cedeu 80% no intervalo de 12 meses. Além das perdas, as fintechs citadas têm em comum seus papéis listados na bolsa de valores dos Estados Unidos.
Para agosto, o mercado olha com atenção a divulgação dos balanços do segundo trimestre de 2022 dessas empresas. Os números devem dar um sinal mais claro sobre o efeito da taxa Selic nos negócios e o que esperar daqui para frente.
Confira, a seguir, o ranking das maiores perdas em valor de mercado pelas sete fintechs nos últimos 12 meses, de julho de 2021 a julho de 2022:
- Nubank: perda de R$ 130,758 bilhões (R$ 229,378 bilhões para R$ 98,620 bilhões);
- Stone: perda de R$ 92,348 bilhões (R$ 107,015 bilhões para R$ 14,667 bilhões);
- PagSeguro: perda de R$ 75,593 bilhões (R$ 94,696 bilhões para R$ 19,103 bilhões);
- XP: perda de R$ 66,270 bilhões (R$ 119,689 bilhões para R$ 53,419 bilhões);
- Inter: perda de R$ 60,524 bilhões (R$ 66,373 bilhões para R$ 5,849 bilhões);
- Banco Pan: perda de R$ 20,182 milhões (R$ 28,307 bilhões para R$ 8,125 bilhões);
- Méliuz: perda de R$ 7,272 bilhões (R$ 8,124 bilhões para R$ 852 milhões).