O Nubank (NUBR33) sofreu revés do mercado e observou uma queda de mais de 20% em suas ações em dois meses desde a abertura de seu capital (IPO). Porém, os donos do banco têm dormido tranquilos com esse barulho porque já previam uma grande volatilidade no curto prazo e eles estão focados no longo prazo, segundo entrevista concedida pelo banco.
“Já vínhamos falando aos investidores durante o IPO que esperassem volatilidade, o Brasil é volátil e a América Latina também”, disse o fundador e presidente do Nubank à agência de notícias Reuters, David Vélez.
No IPO do Nubank, a fintech conquistou o título de sexta companhia mais valiosa da América Latina, chegando a ultrapassar o Itaú (ITUB4) em valor de mercado. Mas com a queda acumulada desde 9 de dezembro, o valor de mercado do roxinho está em US$ 31 bilhões, ante US$ 52 bilhões, e fora da lista das dez maiores empresas da América Latina.
O Nubank foi precificado a US$ 41,47 bilhões no IPO, ou seja, perdeu US$ 10,37 bilhões no meio tempo, acumulando uma queda de 25%.
Veléz aponta ainda que a alta de juros nos Estados Unidos e no Brasil deve afetar ainda mais as ações do Nubank no curto prazo, mas não interromperá a trajetória de longo prazo de crescimento. Isso porque, em sua opinião, os consumidores continuarão a procurar por serviços financeiros melhores e mais baratos.
Foco no longo prazo
Além disso, o banco digital enxerga na desaceleração da economia brasileira uma oportunidade para ganhar participação de mercado.
Apesar do ambiente de risco mais alto, o fundador acredita que a fintech conseguirá manter seus índices abaixo das médias por conta do uso de inteligência artificial para conceder crédito. Para se ter uma base de comparação, a taxa de inadimplência de 90 dias do Nubank nos cartões de crédito é de 3,3%, ante uma média de 4,8%.
“A perspectiva de maior risco pode até gerar uma oportunidade para um crescimento mais rápido do Nubank.”
Com o IPO, em que captou US$ 2,6 bilhões, o banco digital não depende mais de financiamento dos mercados e ainda tem recursos para oferecer melhores taxas aos clientes. “A gente pode ter a oportunidade de acelerar e ganhar mais mercado, e deixar as taxas de juros baixas para tornar nossos produtos mais competitivos.”
E é essa a aposta do Nubank no longo prazo: expansão da carteira de crédito.
De acordo com relatório do Morgan Stanley, cada cliente do roxinho gera uma receita de menos de R$ 200, enquanto que, um correntista do Itaú gera cerca de R$ 1,2 mil. Portanto, para os especialistas do mercado o crédito é essencial para levar a fintech à rentabilidade.
Com isso, o banco tem estudado entrar no mercado de empréstimos consignados, além de avaliar expandir a carteira de empréstimos com garantia de imóveis e carros. A fintech pode considerar até uma parceria com bancos tradicionais para oferecer crédito imobiliário. “Ficaríamos muito felizes de fazer uma parceria com qualquer um dos grandes bancos.”
Além de expandir crédito, outra aposta do Nubank para o longo prazo será vender mais produtos de investimentos por meio de sua plataforma Nu Invest.
Última cotação do Nubank
Na última sessão, quarta-feira (2), os BDRs do Nubank (NUBR33), encerraram o pregão com queda de 6,51%, negociados a R$ 6,18.