O Nubank (NUBR33) divulgará seu resultado trimestral no fim da primeira quinzena de agosto e, para a divulgação do resultado financeiro, analistas esperam uma nova leva de prejuízo.
O Itaú BBA estima R$ 176 milhões de prejuízo na linha final do resultado do Nubank do 3t22, considerando um aumento de 140 pontos-base em NPLs (taxas de crédito inadimplentes) consolidadas, a 6,8%.
“Os investidores provavelmente ficarão desapontados com a alta contínua em NPLs no terceiro trimestre de 2022 (tanto em 15 e 90 dias e acima de 90 dias), apesar do recente tom esperançoso adotado pela administração”, dizem os analistas da casa.
O risco de crédito já era citado em pareceres passados do banco. Mesmo com encontros positivos com o time de executivos da empresa, o BBA destaca que a qualidade dos ativos de crédito deve levar o Nubank a sangrar mais com o ciclo atual.
Além disso, a exposição a uma grande fatia de correntistas de baixa renda aumenta o risco consideravelmente. A tese é semelhante à do Bradesco (BBDC4) que é o ‘menos querido’ dos bancões por conta das concessões de crédito às pequenas e médias empresas (PMEs), o que aumenta o risco de inadimplência.
“Também notamos diversos dias de interrupções nos sistemas/aplicativo do Nubank no Brasil desde o início do quarto trimestre de 2022, o que também devem machucar as estimativas para o fim de ano e o NPS”, acrescenta o BBA.
Da mesma forma, o BTG Pactual (BPAC11) segue neutro no caso. Os analistas, ainda nos últimos dias, se encontraram com o CEO do Nubank, David Vélez. Apesar da mesma sensação de otimismo que os analistas do BBA, a recomendação seguiu neutra para os papéis.
“Estamos aprendendo cada vez mais sobre o Nu, e essas reuniões definitivamente fazem a diferença. Nosso viés também continua melhorando, mas, por enquanto, permanecemos neutros”, disseram.
Contudo, a tese dos analistas inclui o fato de que o Nubank fornece poucos custos ao correntista. Segundo o BTG. Em um ambiente de competição acirrada, essa é ‘a chave para o sucesso de longo prazo‘.
“Combinado com custos mais baixos devido a menos agências, isso deve aumentar o valor de mercado do setor financeiro local, o que significa que o pool (acordo temporário entre empresas) de lucros do setor bancário crescerá, beneficiando o Nubank”, pontuam os especialistas.
Em seu parecer, a área de análise do banco aponta alguns pilares para o crescimento do Nubank
- CAC: Nubank cresce de forma viral via boca a boca com base em seu alto NPS;
- CTS: embora tenha 70 milhões de clientes, o Nubank tem ~10% do quadro de funcionários de incumbentes;
- CoR: como usa muita IA e ciência de dados, do ponto de vista de subscrição, vê muitas oportunidades para oferecer mais crédito a custos muito mais baixos;
- CoF: Nubank tem muito mais financiamento do que precisa (4x), e teve que “rejeitar” vários clientes nos primeiros dias para evitar seleção adversa negativa.
O preço-alvo da casa é de US$ 4 por ação do banco, ainda abaixo dos US$ 4,40 atuais.
As projeções para o acumulado de 2022 incluem um prejuízo de US$ 106 milhões e receitas de R$ 4,98 bilhões, somando um prejuízo por ação de US$ 0,02.
Desempenho das ações do Nubank
As ações do Nubank listadas na NYSE somam queda de 17% somente nos últimos 30 dias, em um cenário de pessimismo para empresas de crescimento em Wall Street.
Desde o IPO – quando o Nubank entrou na bolsa com valuation superior ao de bancos gigantes como o Itaú (ITUB4) e o Banco do Brasil (BBAS3) – os papéis da fintech caem mais de 62%.