Depois de vários bancos globais divulgarem nesta segunda-feira (03) relatórios positivos sobre o Nubank (NUBR33), o Itaú BBA foi na contramão e se mostrou muito mais cético em relação ao banco digital.
O Itaú BBA deu recomendação de Underperform para a ação da Nu Holdings, negociada na NYSE, o que significa desempenho abaixo do mercado. Ao mesmo tempo, estipulou o preço-alvo do Nubank em US$ 8 em 2022, valor 18% abaixo da cotação atual de US$ 9,75.
Ontem, bancos como UBS, Morgan Stanley e Goldman Sachs foram muito mais otimistas e previram altas de 33% a 70% para o papel.
Em relatório assinado pelo analista Petro Leduc, o Itaú BBA afirma que o Nubank tem muitas conquistas e potencial para crescimento, mas o seu valuation não dá espaço para sustos. O BBA vê um desafio estrutural na monetização dos clientes no Brasil, e espera que a inadimplência seja um desafio para o banco digital neste momento.
“Acreditamos que isso deve provocar uma correção e reduzir a percepção do mercado sobre o potencial do banco”, afirma. O Banco Inter (BIDI4;BIDI11) é o preferido entre os banco digitais para o BBA.
Segundo o BBA, o crescimento rápido do Nubank já está “amplamente incorporado” ao preço das ações de hoje, mas o futuro não deve ser nada fácil. “A parte desafiadora do caminho está à frente. Procuraremos um ponto de entrada melhor.”
No documento, Leduc afirma que o Nubank tem muitos méritos. Entre eles está a construção de uma base de 48 milhões de clientes, entre os quais 35 milhões são ativos. “Além disso, a experiência que o banco oferece em cartões de crédito e contas gratuitas colocou o Nubank no dia a dia de muitos brasileiros.” O banco também atua no México e na Colômbia.
Daqui para frente, o caminho é mais desafiador para o Nubank
O Itaú BBA vê um futuro mais difícil para o banco. Primeiro, porque os clientes do Nubank pertencem, em sua maioria, à faixa de renda mais baixa no Brasil (56% ganham até três salários mínimos).
Segundo o analista, isso limita a monetização em relação ao que o preço das ações exige. “As receitas de serviço podem ajudar, mas a maior parte das receitas do setor bancário está na área de crédito de varejo em crescimento, onde cerca de 50% do volume do Brasil está concentrado nos clientes 10% mais ricos”, explica.
A expectativa é que o Nubank se foque em produtos como cartões de crédito e empréstimos pessoais, onde os bilhetes são menores e os prazos mais curtos, portanto, o financiamento de longo prazo não é necessário. Essa “torta de crédito” de R$ 560 bilhões pode ser extremamente lucrativa. No entanto, as taxas de inadimplência são mais voláteis nesses produtos, especialmente nos mercados de baixa renda, segundo o relatório.
Outro problema é a expectativa de que a inadimplência do cartão de crédito da indústria em geral se deteriore rapidamente em 2022 no segmento de baixa renda. “A crescente carteira de crédito pessoal (de R$ 1 bilhão em dezembro de 2020 para R $ 5 bilhões no 3T21) também precisa ser monitorada de perto. Uma parcela provavelmente foi originada por clientes de cartão de crédito para pagamento de suas contas e deve ser executada com cautela para não postergar e aumentar o risco de crédito.”
O Itaú BBA projeta um crescimento da carteira de crédito do Nubank para mais de R$ 200 bilhões, além de R$ 65 bilhões em receita e R$ 19 bilhões em receita líquida até 2026. O ROE, que mede rentabilidade, deve ser de 30%.