Os analistas do Bradesco (BBDC4) esperam um aumento de inadimplência do Nubank (NUBR33) e mantém o rótulo ‘underperform’ – abaixo da média do mercado, equivalente a dizer que a ação tem um potencial não tão atrativo. O Itaú BBA tem a mesma opinião sobre o impacto desse indicador de crédito para a fintech.
A expectativa é de que ocorra uma deterioração do que é conhecido como crédito não produtivo (non‑performing loan, ou NPL, na sigla em inglês). Nesse cenário os analistas projetam um preço-alvo de US$ 3,30 para as ações do Nubank na NYSE.
A cotação atual dos papéis da Nu Holdings na Bolsa de Nova York é de US$ 4, representando queda de 40% nos últimos seis meses e 66% desde a estreia, no fim de 2021.
A tese do Bradesco é embasada nos dados do Banco Central (BC), que apontam uma escalada da inadimplência da indústria.
Esse cenário, segundo a análise do Bradesco a partir de dados da autoridade monetária, ainda devem demorar para se normalizar e retomar o mesmo nível do período pré-pandemia.
“O índice médio de inadimplência de 90 dias para empréstimos pessoais (excluindo folha de pagamento) e cartões de crédito em fevereiro de 2022 estava 140 pontos-base abaixo do registrado em dezembro de 2019”, afirma o analista Gustavo Schroden, do Bradesco.
Da mesma forma, o especialista destaca que os dados do resultado financeiro do primeiro trimestre de 2022 mostraram uma “deterioração significativa” dos indicadores de inadimplência de 90 dias.
A projeção é de que a variação do saldo de créditos em atraso, referentes à inadimplência (ou NPL formation), seja de 2,4% no trimestre, ante 1,3% no 4T21.
O resultado do Nubank do 2T22 deve ser publicado no dia 15 de agosto, segundo as informações de Relação com Investidores (RI) da fintech.
BBA concorda com a tese de risco de crédito do Nubank
Também vendo um cenário complicado para o banco, o BBA manteve o rótulo de ‘underperform‘ para os papéis, projetando cotação de US$ 4,50.
A análise da casa leva em consideração as últimas novidades do banco digital.
“O Nubank começará a testar um novo conceito de investimento com clientes que pode reduzir substancialmente custos de financiamento de médio prazo. Um atrativo atualmente é que os novos depósitos a prazo (RDBs) deixam de render 100% do CDI, a menos que permaneçam por mais de 30 dias. Um pedaço considerável dos depósitos de Nu se transformam antes desse período, então tudo isso se tornaria financiamento gratuito”, analisa Pedro Leduc, CNPI.
Para o BBA, o principal risco a ser monitorado é se os depósitos a prazo e a satisfação do cliente terão um declínio como consequência do cenário atual.
Além disso, a estimativa é de que os impactos nos lucros de curto prazo serão limitados por essas funcionalidades.
Em uma análise em anterior, em junho, o banco destacou o risco de crédito.
“Apesar do preço atual das ações ser mais atrativo, recomendamos que os investidores fiquem longe. O momento dos ganhos provavelmente permanecerá negativo”, diz o Itaú BBA.
“Eles estão estão trazendo mais receita de juros, de fato, mas também criam um ambiente nebuloso sobre o risco de crédito de médio prazo, a nosso ver. Por isso acreditamos que os índices de inadimplência do Nubank cresceram rapidamente e que a empresa poderá em breve ter que desacelerar o crescimento da carteira de empréstimos”, concluem os analistas.