As ações do Nubank (NUBR33) caem 20% nos último cinco pregões, chegando perto de renovar a mínima histórica desde o IPO e logo após a divulgação do balanço financeiro e do fim do período de lock-up dos papéis.
O fim do período de lock-up das ações do Nubank se deu na terça-feira (17), e dada a queda de 67% nos papéis desde a estreia na bolsa, já havia especulações de que isso poderia ampliar ainda mais as baixas nos papéis na NYSE. Da mesma forma, os BDRs do Nubank caíram 23% na semana e 72% desde o IPO do banco digital.
O lockup, vale lembrar, foi adiantado pela fintech, já que a previsão é de que esse bloqueio deveria acabar somente em meados do último trimestre. A regra proíbe os investidores de negociar as suas ações sob custódia.
Agora, acionistas, diretores e membros do conselho de administração estão livres para se desfazer dos papéis do Nubank – e essa pressão do ‘lado vendido’ (sell side) pode pressionar o preço ainda mais.
Vale frisar que os clientes que receberam o “pedacinho” do Nubank no programa NuSócios são os únicos que ficam de fora dessa regra, estando restritos até o mês de dezembro.
Ações do Nubank em queda fazem BTG rever tese
Com as ações do Nubank caindo cerca de 60% desde que foi dada a recomendação de venda, os analistas do BTG Pactual Digital decidiram ‘voltar ao neutro’, mirando um preço-alvo de R$ 3,20 – levemente acima da cotação atual, de R$ 3.
Mas as ações da fintech negociadas na B3, as BDRs, fecharam nesta sexta (20) em forte queda de 10,88%, a R$ 3,11. Em Nova York desabam 12%, para US$ 3,81.
O BTG insiste, no entanto, na reavaliação mesmo com a queda dos papéis. Essa mudança de postura, diz o banco, vem em meio a um valuation mais atrativo. Ocorre em meio à pressão do período de lock-up e com dúvidas sobre inadimplência e crescimento, que vêm derrubando as ações. Os analistas chegaram a essa conclusão ao examinar os números do resultado financeiro do Nubank referente ao 1T22.
Na avaliação do BTG, o Nubank reportou resultados muito fortes no trimestre, mostrando um crescimento impressionante em praticamente todos as partes.
“Sua carteira de crédito total cresceu 34% t/t, com empréstimos pessoais crescendo 44%. A receita média por cliente (ARPAC) surpreendeu positivamente, levando as receitas totais a superar a nossa estimativa e o consenso em 16%”, analisam.
Ainda assim, no dia seguinte ao balanço, vale lembrar que as ações subiram na abertura mas fecharam o pregão em baixa de 6%, com os investidores vendo “o copo meio vazio”. O que pesou foi a potencial deterioração do ciclo de crédito no Brasil, principalmente para empréstimos sem garantias e consumidor de baixa renda.
A casa diz ser “grande fã da história” da fintech e acredita que o banco está muito bem posicionado para possivelmente se tornar a fintech líder da América Latina nos próximos 5 a 10 anos.
“Mas o valuation parecia muito “errado” para nós, particularmente em um ambiente em que estamos vendo sinais crescentes de deterioração da qualidade da carteira de crédito. Como o Nubank se parece muito mais com um banco do que com uma empresa de software, nós o rebaixamos para venda em 10 de fevereiro”, explicam os analistas.
“Desde então, a ação caiu (-58%), e agora é negociada a 4,6x P/VP 2022 (vs. 11,6x em 10 de fevereiro). Embora ainda indiscutivelmente caro, o Nubank agora tem um valor de mercado de US$ 19,9 bilhões, o que parece mais razoável, ficando abaixo do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3)”, acrescentam.
Os analistas ainda veem um custo de aquisição do cliente (CAC) relativamente baixo, o que configura vantagem competitiva: “Como resultado, o Nubank ainda pode ser lucrativo apesar de um ticket muito baixo”.