Nubank (NUBR33): ‘Teto de juros’ no cartão pode afetar milhões de clientes, diz CEO
O CEO do Nubank (NUBR33), David Vélez, disse hoje que um eventual ‘teto’ para os juros do cartão de crédito ser estabelecido deve ser ‘muito prejudicial’ para o sistema financeiro e retirar a possibilidade de oferecer crédito para milhões de pessoas.
“Se isso acontecesse de forma arbitrária, no dia seguinte dezenas de milhões de pessoas perderiam seus cartões, porque a operação não seria mais rentável. Seria um choque para o sistema”, disse o presidente do Nubank em entrevista ao jornal Valor Econômico.
A administração do Nubank chegou a participar de uma reunião com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em conjunto com demais CEOs de bancos e representantes de entidades para discutir a medida.
Segundo Vélez, a preocupação com os juros altos é compreensível, mas a ala de medidas que o Banco Central adota é mais apropriada.
“Estamos ativamente, junto com outros bancos, tentando sugerir algumas outras opções. Mas, na minha avaliação, a solução é ter mais concorrência – algo que o Banco Central vem fazendo – e, por outro lado, é a questão macro. O juro alto vem diretamente do nível de inflação elevada, que agora está sendo controlada, mas que é algo que está fora do alcance das instituições financeiras“, comenta.
Conforme ressaltaram especialistas do Santander, um eventual teto de juros cortaria a receita total do Nubank em cerca de 17%.
Isso considerando a grande exposição do banco aos clientes pessoa física no cartão de crédito do Nubank.
Vélez, aliás, rebateu os argumentos do banco, destacando que a porcentagem de capital alocada no Brasil é adequada – diferentemente do trazido pelos analistas -, considerando que os impactos de cross-sell e os juros teriam um impacto substancial.
Entenda o teto do juros do cartão de crédito, ‘rebatido’ pelo CEO do Nubank
Ainda na semana passada o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com banqueiros e representantes de entidades do setor par discutir formas de reduzir o patamar atual dos juros do cartão de crédito rotativo.
Segundo Haddad, será criado um cronograma para balizar um estudo sobre o assunto, e a discussão deve envolver a autoridade reguladora – o Banco Central (BC).
“Vamos entregar um cronograma de apresentação de um estudo. Eu pedi celeridade, porque é uma preocupação do presidente Lula. Eles pediram para envolver o Banco Central, em virtude da regulação do produto”, disse Haddad, em Brasília.
“Hoje passamos uma hora estudando o modelo atual, para que haja uma compreensão dos problemas que todos enfrentam em relação a isso. São muitos interlocutores: tem a bandeira, a maquininha, o banco, a lojista. Há muitos atores nesse processo”, completou.
Haddad defendeu que o atual modelo de cobrança do crédito rotativo “prejudica muito a população de baixa renda”.
“Uma boa parte do que pessoal que está no Serasa hoje é por causa do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo. É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados”, disse.
A discussão envolveu “quatro ou cinco CEOs”, segundo o ministro. Entre eles estão o presidente do Bradesco (BBDC4), Octavio de Lazari, o presidente do Itaú (ITUB4), Milton Maluhy, o presidente do Santander (SANB11), Mario Leão, e a CGO do Nubank, Cristina Junqueira. Além disso, estavam presentes o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, e o presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), Rodrigo Maia.