Em relatório sobre a migração dos BDRs do Nubank (NUBR33), os analistas do Itaú BBA classificaram como negativa a decisão da gestão.
A recomendação é de ‘underperform’ – equivalente à ‘venda’ – para as ações do Nubank listadas na NYSE, com preço-alvo de US$ 3,50 ante uma cotação atual de US$ 5,18.
“Não vemos uma vantagem tangível nem os benefícios da mudança. Julgamos isso como negativo para os acionistas minoritários locais e para os princípios de governança”, diz o BBA no seu parecer.
Com a decisão, vale lembrar os BDR do Nubank deixará de ser negociado na bolsa, podendo dar vazão a um BDR nível I (enquanto o atual é III) ou transferir a base acionária para os EUA – que, vale lembrar, não terá cash-out, dadas as normativas atuais.
A justificativa citada pelo Nubank foi de reduzir a “complexidade de relatórios” que o Nível 3 exige sob a regulamentação brasileira – como, por exemplo, a divulgação dos resultados trimestrais em Real.
“No entanto, os benefícios de custo de não ter que cumprir este requisito não foram quantificados pela empresa. Os reguladores locais terão que aprovar a mudança. Nós não acreditamos que isso dificultará a de preços pelos investidores, uma vez que a liquidez das ações está concentrada nos EUA. Investidores locais ainda poderão negociar no Brasil, mas talvez com menos liquidez”, diz o BBA.
Segundo os especialistas da casa, o prêmio traduzido no price-to-book do Nubank segue em patamar elevado, de 5x, e o banco dá ‘menos conforto’ aos acionistas no momento com essa decisão de governança.
“Na prática, acreditamos que a divulgação de dados da fintech pode ficar pobre e escassa, e ainda menos comparável com instituições financeiras locais” concluem os analistas.
Entenda a migração do Nubank
O Nubank pode se manter como BDR Nível I a depender da aprovação dos reguladores, assim fará parte das etapas necessárias para a descontinuidade do programa de BDRs Nível III, segundo o banco digital.
“A proposta para a Descontinuidade do Programa de BDRs Nível III tem como objetivo maximizar a eficiência e minimizar redundâncias consequentes de uma companhia aberta em mais de uma jurisdição”, disse a gestão em Fato Relevante.
Isso significa que, na prática, a fintech deixará de ser companhia aberta no Brasil e será uma empresa pública somente nos EUA.
O banco digital defendeu a decisão dizendo que a mesma não afeta o “compromisso de longo prazo do Nubank com o Brasil, tampouco com o mercado de capitais brasileiro”.