Nubank (NUBR33) salta 19,5% com avaliação positiva sobre o 2T22; mas um ponto preocupa analistas

Após a divulgação do balanço do segundo trimestre de 2022 (2T22), as ações do Nubank (NUBR33) na Bolsa de Valores de Nova York fecharam com salto de 19,54%, a US$ 4,71, com resultados acima do esperado pelo mercado. Alguns pontos do resultado da fintech chama atenção de investidores — caso do índice de inadimplência.

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De acordo com o UBS-BB, o lucro líquido ajustado do trimestre veio em linha com as expectativas e o balanço do Nubank trouxe surpresas positivas.

O grande destaque negativo foi o índice de inadimplência de 90 dias, que cresceu no segundo trimestre, e portanto foi considerada mais fraca do que o esperado pelo mercado. O índice poderia ter vindo maior, caso não houvesse a estratégia do Nubank de diminuir a oferta de crédito.

“Observamos que a administração afirmou que a empresa reduziu seu crescimento de empréstimos pessoais devido às incertezas macro de curto prazo. Apesar do crescimento muito bom da receita, vemos alguns investidores manifestaram preocupação com o aumento do crédito vencido há 90 dias”, diz o relatório do UBS-BB.

Os principais destaques na visão dos analistas foram:

  • Crescimento de 10% na base de clientes do 1T22 para o 2T22, com taxa de atividade em 80%;
  • Aumento significativo do ARPAC do Nubank (Receita Média Mensal por Cliente Ativo) de 16%, para US$ 7,8;
  • Empréstimos totais cresceram 3% no trimestre, apoiado pelo cartão de crédito (aumento de 5% no trimestre). enquanto os empréstimos pessoais diminuíram 3% no trimestre;
  • A receita de juros cresceu 38%, enquanto as taxas de serviço cresceram 18%; e
  • No top line, o volume de compras cresceu 18% no 2T22, com uma queda na tarifa de intercâmbio de 10bps na comparação trimestral, para 1,1%.

Já a respeito da qualidade dos ativos, o índice de inadimplência aumentou 60 bps no trimestre para 4,1%, “mas teria aumentado 120 bps no trimestre se o Nu tivesse
manteve sua antiga metodologia de baixa”, ressalta o relatório.

Os analistas ainda apontam que, durante a teleconferência com os executivos do Nubank, a maioria das perguntas se concentrou no empréstimo pessoal e tendências de crescimento e qualidade de ativos. “A administração acredita que a inadimplência antecipada indica que o índice de inadimplência de 90 dias deve ser mais estável daqui para frente, enquanto em empréstimos pessoais, o crescimento está desacelerando, mas continuará acima do mercado”, diz o UBS-BB.

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O UBS-BB recomenda compra das ações do Nubank, ao preço-alvo de US$ 8 por ação. “As ações do Nubank foram desvalorizadas nos últimos meses, movimento em grande parte causado por uma combinação de preocupações crescentes com a qualidade dos ativos e a desvalorização das empresas de tecnologia”, afirmam os analistas.

Inadimplência do Nubank é grande ponto de atenção, diz Itaú BBA

O Itaú BBA, por outro lado, não se empolgou com os pontos positivos do balanço da fintech do 2T22. Mesmo com uma perda menor do que o previsto: analistas do Itaú BBA esperavam prejuízo líquido de R$ 429 milhões, contra os R$ 145 milhões vistos no trimestre (US$ 29,9 mi).

“Isso, no entanto, não significa uma reação positiva, ao nosso ver. Observamos sinais relevantes de deterioração da qualidade de crédito e desafios para crescer os empréstimos pessoais”, pontua o relatório.

Para os analistas, com o índice de inadimplência de mais de 90 dias vindo acima do esperado, é possível ressaltar que as despesas de provisão teriam sido maiores: “Em geral, [houve] boas receitas e eficiência, mas o risco de crédito está aumentando mais rapidamente do que o esperado, a nosso ver. Isso tem implicações de monetização de clientes de médio prazo”, ressaltam.

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O Itaú BBA classifica Nubank como underperform, ao preço-alvo de US$ 4 por ação.

Por fim, o BTG Pactual (BPAC11) acredita que houve um crescimento expressivo para o Nubank no 2T22, em “praticamente em todos os indicadores da operação: número de clientes, níveis de ativação e engajamento, ARPAC, TPV, depósitos”.

Com a alta acentuada das ações em Nova York e do BDR, a reação do mercado “parece claramente positiva”. Mas, diz o BTG, “nossa “leitura é um mista”.

O banco de investimentos ressalta que a análise estava próxima do topo do guidance, e os números vieram um pouco abaixo das estimativas deles. De novo, a deterioração do índice de inadimplência veio acima do esperado.

O BTG tem recomendação de compra neutra, ao preço-alvo de US$ 4 por ação.

“Como Nubank é negociado com ROE ainda próximo de zero, sinalizamos que estamos naturalmente sendo mais ‘críticos’ aqui sobre a qualidade dos números do que estaríamos com pares como Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), que negociam a múltiplos baratos”, diz o texto. “Mas, no geral, acreditamos que é justo dizer que a imagem no segundo trimestre ainda parece boa.”

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Victória Anhesini

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