O Nubank (NUBR33) divulgou os resultados do 3T22 nesta segunda-feira (14). A Nu Holdings, sua controladora, obteve lucro líquido de US$ 7,8 milhões, revertendo prejuízo líquido de US$ 34,4 milhões do 3T21.
Foi o primeiro resultado positivo da holding, que atingiu o chamado ‘break even’ – o equilíbrio entre receitas e despesas – desde a abertura de capital, graças ao aumento de clientes e o uso de mais serviços do banco digital pelos correntistas, que fizeram o neobanco registrar receita recorde de US$ 1,3 bilhão entre julho e setembro, um salto de 171% em um ano, embora tenha enfrentado aumento da inadimplência na carteira de crédito.
A operação brasileira do Nubank já havia dado lucro de US$ 13 milhões no segundo trimestre, mas a holding, que engloba todos os negócios, incluindo as subsidiárias no México e na Colômbia, ainda operava no vermelho.
“É o primeiro trimestre em nossa história que conseguimos mostrar lucro positivo em nossa holding”, disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, David Vélez, fundador e CEO do Nubank. “O banco mostrou um crescimento significativo, com uma boa mistura de expansão com rentabilidade e aumento das margens.” Para o executivo, a fintech consegue agora manter pela frente os resultados no azul, mas a meta é continuar investindo muito.
O resultado agradou o mercado. As ações do Nubank em Nova York estavam operando em forte alta de 15,4% a US$ 5,05, no after hours.
O lucro do Nubank, refletiu, segundo relatório sobre o resultado do 3T22, “o crescimento contínuo do número de clientes ativos e o aumento do engajamento de clientes, com impacto na expansão da receita, com o aumento da margem bruta e a maior diluição de custos, alavancando nossa plataforma de baixo custo.”
Em termos ajustados, o Nubank teve lucro líquido de US$ 63,1 milhões, contra prejuízo de US$ 1,2 milhão no igual período do ano anterior.
No 3T22, o banco digital apurou 70,4 milhões de clientes, alta de 46% ante o 3T21.
A receita líquida do Nubank somou US$ 1,306 bilhão, com alta de 172% sobre mesma etapa de 2021. Enquanto isso, o lucro bruto atingiu o recorde de US$ 427 milhões, um aumento de 91% em comparação com o 3T21.
A margem bruta, por outro lado, caiu 14 pontos percentuais em comparação com o 3T21, para 33%.
Base de clientes chegou ao total de 70,4 mi no Brasil, México e Colômbia
Separado por produtos e serviços do Nubank, a fintech chegou a 32 milhões de cartões de crédito, 50 milhões de contas correntes e 5 milhões de empréstimos pessoais. O NuInvest, voltado para investimentos, chegou a 6 milhões de clientes ativos, enquanto a NuCripto registrou a marca de 1,3 milhão de clientes ativos desde seu lançamento em julho. Na pessoa jurídica, o total chegou a 2,3 milhões.
Capitalizado desde que abriu o capital no final de 2021, o Nubank segue com excesso de liquidez. Em 30 de setembro, a companhia tinha uma carteira com juros de US$ 3,5 bilhões, enquanto os depósitos totais eram quatro vezes esse valor em US$ 14 bilhões. Assim, o capital ajustado que representa quatro vezes o capital mínimo exigido pela regulamentação nos países em que opera.
A base de clientes avançou 5,1 milhões de pessoas e chegou ao total de 70,4 milhões no Brasil, México e Colômbia. Foi um crescimento de 46% na comparação anual. O mercado brasileiro concentra a grande maioria desse público, com 66,9 milhões. “O número de clientes continua se acelerando”, disse Vélez. O índice de ativação, ou seja, de clientes que usam efetivamente algum serviço do Nubank ficou em 82%, de acordo com o balanço.
A receita média por cliente ativo (ARPAC na sigla em inglês) aumentou para US$ 7,9, um crescimento de 61% na comparação anual e descontando o efeito do câmbio.
Segundo Vélez, a melhora reflete o aumento da base de clientes e o engajamento das pessoas em usar mais os produtos do banco. O Nu, como o executivo chama o banco, se tornou o banco principal para mais de 55% dos clientes que estão há mais de um ano na casa. O custo médio mensal de atendimento por cliente ativo permaneceu em US$ 0,80.
Segundo o Nubank, o aumento da ARPAC foi “impulsionado principalmente pelo amadurecimento das safras de clientes do Nu e pelo lançamento de novos produtos e recursos, além de um crescimento saudável do volume de transações, uma expansão robusta do portfólio sujeito a ganho de juros do Nu e um crescimento do volume de compras e das taxas de intercâmbio relacionadas”.
A Receita de Juros e Ganhos (Perdas) sobre Instrumentos Financeiros foi de US$ 987,3 milhões no 3T22, um aumento de 235% em relação ao 3T21.
A carteira de crédito cresceu 83%, para US$ 9,7 bilhões. O Nubank fechou setembro com ativos totais de US$ 26 bilhões e patrimônio líquido de US$ 4,8 bilhões.
A taxa de inadimplência de empréstimos de 15 a 90 dias do Nu aumentou 50 bps (pontos base) trimestre a trimestre, atingindo 4,2%.
Além disso, a inadimplência de mais de 90 dias aumentou de 4,1%4 para 4,7%.
Em 30 de setembro de 2022, o Nubank contabilizava um portfólio sujeito a ganho de juros de US$ 3,5 bilhões, enquanto os depósitos totais eram quatro vezes maiores, atingindo US$ 14,0 bilhões. O índice de empréstimos/depósitos era de 25%.
O custo dos serviços financeiros e transacionais prestados aumentou 242%, ou 242% FXN, comparado com o 3T21, atingindo US$ 879,9 milhões no 3T22. Segundo o Nubank, esse custo representou 67% da receita no 3T22, contra 53% no 3T21.
As despesas operacionais do Nubank totalizaram US$ 421,9 milhões no 3T22, um crescimento de 72% ante o 3T21, mas recuaram para 32% da receita total, contra 51% no 3T21.
“À medida que expandimos nossa carteira de crédito, buscamos otimizar o uso da nossa grande base de depósitos de baixo custo e expandir nossa margem de juros líquida (NIM, na sigla em inglês)”, disse o Nubank. A NIM atingiu 11,1%, contra 7,7% no 3T21.
Cotação do Nubank
As BDRs do Nubank fecharam a segunda-feira (14) em queda de 2,78%, cotadas a R$ 3,84.
Com informações do Estadão Conteúdo