O Nubank (NUBR33) divulga, nesta segunda-feira (14), seus resultados trimestrais referentes ao terceiro trimestre deste ano. O banco recentemente passou a marca de 64,8 milhões de clientes e ultrapassou o Santander (SANB11) no ranking brasileiro, mas segue com uma grande expectativa sobre o desempenho financeiro.
No último trimestre o Nubank teve US$ 1,2 bilhão em receitas e US$ 30 milhões de prejuízo, resultado abaixo do consenso Blomberg.
Os analistas do Itaú BBA esperam agora um resultado do Nubank no 3T22 com prejuízo de US$ 33 milhões, refletindo um aumento de 140 pontos-base em NPLs (taxas de crédito inadimplentes) consolidadas, a 6,8%.
Com recomendação de venda reiterada, a casa reitera que espera “consequências negativas para despesas de provisão e crescimento da carteira de crédito no curto e médio prazo”.
Além disso, os múltiplos atuais não foram considerados atrativos, dada a cotação acima de US$ 4 das ações do Nubank listadas na NYSE. Os analistas do BBA citam que o preço justo para os papéis é de US$ 3,50 em seu relatório.
A tese, aliás, leva em consideração um cenário relativamente conturbado para os bancos. Segundo os especialistas, bancos públicos podem voltar a ter protagonismo, dada a dinâmica do cenário fiscal e as projeções para o próximo mandato.
“Um efeito secundário do aperto fiscal poderia ser uma tributação mais alta para o sistema financeiro. Ainda há muitas peças em movimento, mas, por enquanto, o lado dos bancos e concessores de crédito de nossa cobertura provavelmente contará com camadas adicionais de incertezas. Essas nuvens se somam à nossa visão já cautelosa de ganhos com pior qualidade de crédito”, diz o BBA.
“Continuamos cautelosos com bancos e ações de crédito como um todo. Nós rebaixamos recentemente a recomendação de Bradesco (BBDC4) para marketperform [neutra] e do Santander Brasil (SANB11) e do Nubank como underperform [venda]”, conclui.
JPMorgan endossa pessimismo com Nubank
Vendo os números do setor bancário, o JPMorgan também recomendou venda para os papéis, especialmente após tomar conhecimento dos dados financeiros dos demais bancos brasileiros, como o Bradesco e o Banco do Brasil (BBAS3).
“A curva de inadimplência de cartões e de crédito quirografário do Banco do Brasil teve recorde de inclinação”, citam os analistas, em relatório.
A casa destaca que o Nubank tem uma exposição de crédito que o deixa em uma posição de risco maior no terceiro trimestre, aumentando as perspectivas negativas para os papéis NUBR33 e as ações listadas nos EUA.
O J.P. Morgan tem preço-alvo de US$ 4 a US$ 4,45 por ação.
A estimativa da casa é de que o Nubank deve entregar alavancagem operacional e alta de lucros somente após 2025.
Credit Suisse tem otimismo com ‘pontapé incial’
O Credit Suisse indicou a cobertura dos papéis do banco digital ainda na semana passada, e tem uma visão mais otimista para o resultado trimestral do Nubank e para a empresa de um modo geral.
Após ‘mergulharem profundamente’ nos números da companhia, os especialistas estimaram que a empresa deve entregar lucro líquido de US$ 437 milhões já no ano que vem, com retorno sobre capital (ROE) de 8,9%.
O preço-alvo do Credit Suisse, por sua vez, fica em US$ 6,50, representando um potencial de alta acima de 30%.
“Acreditamos em um patamar de CAGR [crescimento anualizado] de receita em 34% ao longo dos próximos três anos, puxados principalmente pelo ganho de participação no mercado de crédito doméstico, e ainda com baixa contribuição de outros locais onde o banco está presente”, destacam os analistas.
“Uma característica fundamental que diferencia o Nubank da maioria dos ‘neobancos’ globalmente é a capacidade de autofinanciar seu crescimento devido à grande base de depósitos de clientes de varejo. A regulamentação favorável (como a capacidade de ser um iniciador de pagamento; permissão para emitir certificados de depósito) e a adoção obrigatória do Pix para a maioria das instituições financeiras do Brasil levaram a um aumento significativo na transacionalidade de saque”, concluem.
Cotação de NUBR33
Os BDRs do Nubank sobem 1,3% no acumulado dos últimos 30 dias, a R$ 3,87. No acumulado de 2022, os papéis caem 58%.
Já as ações do Nubank listadas na NYSE somam alta de 6,4% nos últimos 30 dias, ante queda de 56% em 2022.