O anúncio do investimento de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,51 bilhões) da Berkshire Hathaway (BERK34), holding do megainvestidor Warren Buffett, no Nubank surpreendeu o mercado nesta terça-feira (8). Normalmente avessa a empresas que queimam caixa e sem grandes vantagens competitivas, a Berkshire aposta agora na fintech do cartão roxo, que deve aproveitar para realizar um IPO (oferta pública inicial de ações, em inglês) logo e, principalmente, expandir a operação para além do Brasil.
Para isso, segundo especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, o Nubank deve não só contar com os US$ 500 milhões da Berkshire, mas também com o auxílio dos gestores da companhia norte-americana para abrir as portas dessa expansão internacional.
“O investimento do Buffet também traz um branding para o Nubank. No Brasil, eles já entenderam o mercado e, para mim, a questão clara é sobre como fazer a expansão global, até porque o Buffet não iria investir em uma empresa que só iria olhar o Brasil”, disse o professor de MBA da Faculdade Unisinos, Fabrizio Gueratto, financista do Canal 1Bilhão.
“Ele entra em coisas globais, então o foco é uma aceleração da expansão internacional, com a Burkshire ajudando mais do que só com apenas dinheiro, mas também com pontes no mercado”, completou Gueratto.
Para João Arthur Almeida, sócio da Slice Investimentos e gestor do Jaú, clube de investimentos, o aporte milionário mostra os novos planos do Nubank, mas também o início de uma mudança de pensamento na Berkshire.
“O Nubank tem planos muito audaciosos. Eles não querem se limitar ao Brasil, nem ficar apenas em serviços financeiros, mas sim serem uma empresa de tecnologia”, disse.
“A princípio, esse investimento iria contra a filosofia inicial da Berkshire, que são negócios lucrativos e que têm grandes vantagens competitivas, mas é um sinal de evolução da empresa, em um sinal bem possível que tenha sido feito por novos gestores, que também já tinham comprado Snowflake, Stone e Amazon, por exemplo”, conta.
De acordo com o Nubank, o aporte da Berkshire Hathaway é acompanhado por outros investimentos que atingem US$ 250 milhões, com a participação de diversos investidores estrangeiros e locais, como Verde Asset e Absoluto Partners.
Os investimentos de US$ 750 milhões sustentam a posição de maior fintech da América Latina e uma das maiores do mundo, com 40 milhões de usuários entre Brasil, Colômbia e México. Nos últimos seis meses, a avaliação do Nubank subiu mais de 20% em dólares, chamando atenção de Warren Buffett, que não deixou de levar uma fatia da empresa sediada em São Paulo.
IPO e valuation do Nubank são expectativas
Já ventilado em outros tempos, o IPO do Nubank também ficaria mais próximo após a entrada da empresa de Warren Buffet, como uma forma de gerar liquidez a investidores iniciais da empresa.
Ao todo, o Nubank já captou um total de US$ 2,3 bilhões desde o início, de 21 investidores diferentes. Também já realizou três aquisições, entre elas a Easynvest, corretora de tem aproximadamente US$ 5 bilhões em ativos e 1,6 milhão de clientes.
“O Nubank vai fazer realmente um IPO pois, geralmente, os investidores querem eventos de liquidez. Acho que o caminho mais natural é fazer IPO nos EUA até porque o investidor brasileiro não sabe investir em uma empresa que dá prejuízo, o que para investidor de startup é comum”, disse Gueratto.
Mas, para além do IPO, a questão do valuation do Nubank também chama a atenção. Ao câmbio de R$ 5, o novo aporte avalia a fintech em cerca de R$ 150 bilhões -acima do que vale o BTG Pactual (BPAC11) ou a XP, por exemplo.
Segundo Almeida, o valuation atual da empresa precifica um cenário otimista no futuro, onde o Nubank conseguirá expandir sua operação a outros países, captando e gerando receita com a base de clientes.
“Esse valuation precifica um cenário otimista, com o Nubank crescendo e monetizando a base de clientes. Se esse preço é caro ou não, só o futuro vai dizer, é muito cedo dizer se é caro ou barato”, disse.