Nubank (NUBR33) é o mais impactado por novas regras do BC e deve precisar de R$ 1,8 bilhão
O Nubank (NUBR33), que sofreu na NYSE após o novo regramento do Banco Central (BC) ser oficializado, deve precisar de um volume de nada mais nada menos do que R$ 1,8 bilhão para atender o novo regramento da autoridade monetária.
Ao endurecer as regras para fintechs, a decisão do Banco Central fez as ações do Nubank chegarem às mínimas desde o IPO – indo para atuais US$ 5,67 em queda de 4,22% nesta terça (15).
Segundo o BC, as fintechs devem ser mais reguladas conforme aumentam de tamanho – normativa que já era demandada pelos ‘bancões’ grandes rivais do Nubank, há tempos. Ou seja, o cenário de baixa regulamentação generalizada nos bancos digitais, oficialmente, está encerrado.
Esse panorama não só penalizou a companhia na NYSE, como também deve demandar uma cifra bilionária para ‘contornar’ a situação, segundo o Goldman Sachs.
“Ao nosso ver, o aspecto mais relevante do novo regulamento são os requisitos de capital para transações com cartão de crédito para conglomerados liderados por empresas de pagamentos, que estarão sujeitos às regras de Basileia (observando as diretrizes de crédito RWA).”
“Destacamos também a criação de novas regras RWA para serviços de pagamento (RWAsp) e a implementação de regras de dedução de capital para instituições de pagamento”, analisa o banco de investimento.
O Nubank, que possui uma cifra de US$ 5,2 bilhões (R$ 26 bilhões no câmbio atual) em financiamentos por cartão de crédito, deve ser o player mais afetado.
Para o Goldman Sachs: “Dentro de nossa cobertura, esperamos que as regras afetem principalmente Nubank, dada sua considerável exposição a cartões de crédito de emissão. Empresas de pagamento Stone, PagSeguro e Mercado Livre provavelmente terão impactos menores devido aos requisitos das transações de aquisição terem permanecido em 2% dos volumes transacionados”.
Apesar do prognóstico negativo, a casa ainda frisa que “é muito cedo para quantificar os impactos”, mas é inerente que os bancos mais emissores de cartões de crédito sejam mais afetados.
No início da cobertura do papel pelo banco, já foi citado que tratava-se de um risco iminente, dado que a autoridade monetária havia feito consulta em novembro de 2020, servindo como base para a regulação, feita posteriormente.
“Segundo a empresa, o pior cenário regulatório seria levar a um impacto de US$ 360 milhões [R$ 1,8 bilhão] em requisitos de capital adicionais, que em nossa opinião é muito gerenciável em comparação com os US$ 13 bilhões da empresa em caixa e títulos”, frisa o Goldman Sachs.
Na contramão do Nubank, adquirentes devem sangrar menos com novas regras
Apesar do impacto negativo para a companhia, o Goldman Sachs prevê um impacto menor para outras fintechs – especialmente as empresas de pagamento.
“Isso ocorrerá uma vez que os requisitos de capital para operações de adquirência permaneceram em 2% dos volumes transacionados. PagSeguro poderia ter algum impacto menor de sua crescente operação de emissão de cartões, enquanto a Stone
poderia ter peculiaridades dadas suas estruturas FIDC”, diz o banco.
Como citado, o Mercado livre (MELI34) também deve ter um impacto menor, considerando a carteira de crédito de US$ 300 milhões.
Do mesmo modo, a Cielo (CIEL3) deve ter algumas questões acerca da emissão de cartões da Cateno (como dedução de ágio do capital, por exemplo).
Já o Banco Inter (BIDI11), um dos concorrentes do Nubank, deve ter que fazer a transição para novas regras do BC nas atividades de pagamento, mas não deve ter impacto na emissão de cartões de crédito, segundo o Goldman Sachs. Os analistas apontam que o índice de capital de 44% é “muito alto”, e os bancos de grande capitalização de um modo geral (incluindo BTG Pactual) não devem ser afetados.