O Nubank (ROXO34) entrou pela terceira vez em uma lista da revista Time sobre as 100 empresas mais influentes do mundo. A fintech consta na categoria Titãs, junto com Intel, Amazon, Airbus, BYD, TikTok e Disney, entre outras empresas, e é a única da América Latina neste grupo.
A publicação afirma que, ao mirar no público que não tinha conta em banco e fazia transações e poupança em dinheiro vivo, o Nu se tornou a primeira fintech fora da Ásia a chegar a 100 milhões de clientes. A marca foi atingida neste ano, sendo que 92 milhões destes clientes estão no Brasil.
A Time destaca o lucro do Nubank no ano passado, de US$ 1 bilhão. De acordo com a revista, foi um marco para qualquer banco digital do Ocidente.
“No ano passado, o Nubank adicionou 19,3 milhões de clientes além de 40 novos produtos, inclusive uma série de soluções antifraude como o Modo Rua, que permite aos usuários limitarem as transações que podem fazer quando não estão conectados a uma rede Wi-Fi segura e predefinida”, diz a publicação.
“Desde o lançamento do Nubank, há mais de uma década, nossa tese era que as empresas de tecnologia poderiam revolucionar o setor de serviços financeiros, promovendo a concorrência, a inovação e a eficiência para expandir o acesso e capacitar as pessoas a recuperarem o controle sobre seu dinheiro“, afirma o cofundador e CEO do Nubank, David Vélez, em nota divulgada pela fintech.
Nesta semana, o Nubank retomou o posto de banco mais valioso da América Latina após dois anos e três meses, ao ultrapassar a avaliação de mercado do Itaú Unibanco, que em ativos é a maior instituição financeira da região e do Hemisfério Sul. O Nu vale R$ 297,1 bilhões, enquanto o Itaú vale R$ 286,8 bilhões.
Nubank já vale o mesmo que o Itaú ?
Nos últimos dias, o Nubank ultrapassou o Itaú em Capitalização de Mercado (market cap) – o que surpreendeu: uma fintech relativamente ‘nova’ desbancando o maior banco privado do Brasil. A XP analisou essa notícia em relatório. Os analistas explicaram o que impulsionou esse movimento, além do sobe e desce das ações.
O movimento é fruto da valorização de 40% nas ações do Nubank no acumulado de 2024, ao passo que os papéis ITUB4 somam uma desvalorização de cerca de 2% na mesma janela.
Analistas da XP destacam que esse movimento de valorização intensa nos papéis do banco digital se dá por alguns fatores:
- Novas geografias, com investimento em países como México e Colômbia
- Estratégia de crescimento acelerado
- Novas verticais
- Efeito ‘intangível’ (dado que o banco cresceu muito e alguns investidores “estão sendo benevolentes em relação ao valuation”)
“A capitalização de mercado reflete o preço das ações e não necessariamente o valor das empresas. Embora concordemos que a tese de crescimento e alavancagem operacional do Nubank tenha se provado, o banco negocia a múltiplos bastante elevados quando comparamos com outros bancos. Já para o Itaú vemos o banco negociando em linha com os pares, mas com algum desconto em relação à média histórica”, observa a XP, sobre o cenário atual.
Os especialistas apontam que nos últimos trimestres pode-se observar a qualidade do crédito da fintech apresentando algum grau de deterioração. Já para o Itaú o pior momento da inadimplência parece ter ficado para trás.
“Reconhecemos que o Nubank tenha sido capaz de passar de forma tranquila pelo conturbado momento recente do ciclo de crédito. Isso impactou severamente alguns bancos brasileiros. Entretanto, vemos o banco com um maior apetite a risco nos últimos trimestres, o que deveria levar a um aumento das provisões nos próximos trimestres”, diz a casa.
“Em relação ao Itaú, o seu portfólio diversificado combinado a uma política de concessão de crédito, na nossa visão, bastante humilde (com o banco reconhecendo onde tem diferenciais na concessão), permitiu que o banco navegasse de forma saudável durante o período crítico do ciclo de crédito. Com isso esperamos que o banco mantenha um nível estável de provisões nos próximos trimestres”, completa.
‘Histórico centenário do Itaú é relevante ao compará-lo com Nubank’
Em termos de histórico, a XP ressalta que o Itaú tem 100 anos de história e é visto “como um banco já consolidado e reconhecido pela sua eficiência operacional e boa alocação de capital”.
“Portanto, quando comparamos o banco incumbente com a fintech estimamos que uma parte muito maior do seu valor esteja em um horizonte previsível. Já para a fintech, estimamos que parte substancial do seu valor esteja na perpetuidade. E vemos o Itaú com um carrego mais positivo nos próximos anos dado que o banco elevou a parcela do lucro a ser distribuída aos seus acionistas (payout)”, acrescenta a XP.
Já olhando para o Nubank, os analistas apontam que é notável que a fintech tem sido capaz de manter uma vantagem considerável em termos de custo de servir (CTS), com o seu custo médio por cliente ativo (<US$ 1) sendo mais de 80% menor que a média dos bancos incumbentes.
“Entretanto, vemos o Itaú como o banco mais avançado em termos de transformação cultural e digital. Ou seja, embora vejamos como difícil que um banco incumbente seja capaz de operar com um custo de servir semelhante ao que opera uma fintech, acreditamos que no longo prazo o custo de servir ‘destes dois mundos’ tendam a convergir”, observa a casa.
“Os bancos incumbentes serão capazes de reduzir suas estruturas físicas, enquanto as fintechs, para ampliar sua oferta de produtos e serviços, terão de ampliar sua equipe”, conclui, sobre o comparativo entre Nubank e Itaú.
Com Estadão Conteúdo