Ícone do site Suno Notícias

Novo nome para CEO da Vale (VALE3) é bom? Veja a opinião de Tiago Reis

Paulo Rogério Caffarelli, ex-CEO da Cielo e ex-diretor do Banco do Brasil, é cotado para presidir a Vale - Foto: Divulgação

Paulo Rogério Caffarelli, ex-CEO da Cielo e ex-diretor do Banco do Brasil, é cotado para presidir a Vale - Foto: Divulgação

Nesta segunda (26) o mercado passou a lidar com um novo nome cotado para ser CEO da Vale (VALE3): Paulo Caffarelli, ex-CEO da Cielo (CIEL3) e ex-diretor do Banco do Brasil (BBAS3) e da CSN (CSNA3). O nome passou a ser ventilado como uma indicação do Governo Federal, que exerce sua influência no Conselho de Administração da mineradora por meio da Previ, fundo de previdência dos funcionários do BB.

Tiago Reis, fundador e chairman da Suno, destaca que o que estamos vivendo no momento é uma articulação de um nome de CEO da Vale que “agrade gregos e troianos”.

“Agora temos um nome de um executivo, alguém que já tem uma carreira em empresas – que às vezes tiveram bons resultados, às vezes tiveram resultados não tão bons, mas ao menos é alguém que veio do mundo corporativo e agrada muito mais do que outros nome que foram cogitados no passado”, analisa.

Reis acrescenta que não necessariamente essa proximidade com o mundo corporativo deve ser suficiente para fazer o nome de Paulo Caffarelli passar pelo crivo do conselho da mineradora, mas ainda assim é um nome muito mais palatável do que propostos no passado – como o de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda de gestões petistas, que foi cotado para assumir a Vale em janeiro.

O atual CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, tem seu mandato até o fim de maio, e há uma possibilidade de ele ser reconduzido ao cargo.

Ao ser indagado sobre sua predileção entre Bartolomeo e Caffarelli, Reis destacou que vale a frase de que “em time que está ganhando não se mexe”.

“O Bartolomeo fez um excelente trabalho em várias frentes, melhorou muito a questão da segurança da Vale. Isso podemos notar, não tem mais eventos e, mesmo que tivéssemos eventos que ocorreram no passado, as comunidades foram tiradas do entorno. A Vale é uma empresa muito mais segura hoje do que foi no passado”, comenta.

“Isso, até por conta da pressão da sociedade civil e do governo, que realmente é uma tragédia e não deveria acontecer em uma empresa séria como a Vale”, completa.

Bartolomeo tem mérito por ‘focar no que importa’ na Vale

Além disso, Reis destaca que Bartolomeo tem um grande mérito em termos de alocação de capital.

“Se olharmos para o histórico da vale, em momentos que o preço do minério estava muito elevado, a gestão tomou muita coragem e fez investimentos que não se mostraram lucrativos ao longo do tempo. O Bartolomeo tem focado no minério e em fazer o spin-off das atividades que não são relacionadas ao minério, separando isso na Vale Base Metals, que será uma companhia separada”, aponta.

“Com isso, o Capex e os investimentos dessas unidades que precisam de investimento para aquecer – cobalto, níquel, cobre – contarão com capital de terceiros. Eles estão trazendo sócios. E a unidade negócio que gera muito caixa, que é a unidade de metais ferrosos e pelotas, vai gerar muito caixa e contribuir com dividendos e recompras”, conclui.

Com isso, Tiago Reis sinaliza que esse caminho deve levar a Vale a ser uma grande pagadora de dividendos em detrimento de “fazer loucuras como investir em mineração na África ou em minérios que não são o core business“.

O governo tem força no Conselho de Administração

Ao comentar sobre a influência do Governo Federal, Tiago explica que a pressão que pode ser exercida é bem limitada, dado que a VALE3 é uma corporation – ou seja, uma companhia com seu controle diluído e com nenhum acionista individual com mais de 10% do capital social.

“O governo tem um interesse e os principais acionistas da empresa tem outro. O governo não é um acionista relevante na Vale, o que ele tem é uma influência na Previ, fundo dos funcionários do BB, que é o principal acionista da Vale, porém não tem controle. A Vale tem seu controle pulverizado”, explica.

Atualmente a Previ detém 8,7% do capital social da Vale, com duas cadeiras no Conselho de Administração.

Ou seja, para conseguir emplacar seu nome como novo presidente da Vale, a Previ precisaria convencer os demais acionistas – que representam mais de 90% do capital social da empresa.

Quando, em janeiro, a pressão foi para nomear CEO o ex-ministro da Fazenda de gestões petistas, os demais acionistas não aprovaram.

“Para que um nome vá em frente, nenhum acionista conseguirá emplacar o nome sozinho. É um trabalho de composição É quase como passar uma reforma”, explica, sobre a dinâmica de aprovação do novo nome para CEO da Vale.

Sair da versão mobile